Este domingo (18/4) é o 108º dia de 2021. Três meses completos e um caminhando para o fim. Fala-se em pandemia desde o ano passado, mas nunca se viu tantas despedidas em tão pouco tempo. 2021 já registra 6.871 vidas interrompidas em Goiás. O número supera o total registrado do ano de 2020, quando a Covid-19 levou 6.805 pessoas.

Leia também: Mortes na primeira quinzena de abril superam mesmo período do mês mais letal da pandemia em Goiás

São, no total, 13.676 mães, pais, filhos, avós, tios, amigos. “Meu irmãozinho Manajazz como carinhosamente o chamávamos. Já sentimos saudade meu irmão”, comentou Marcus Graciano em uma rede social após a morte do músico Manassés Aragão. O trompetista, compositor, arranjador e professor faleceu hoje, 18 de abril, data em que completou 40 anos de idade. O talento está eternizado:

A primeira morte em Goiás foi registrada no dia 26 de março do ano passado. A técnica de enfermagem Maria Lopes, de Luziânia, tinha 66 anos. Até o dia 31 de dezembro de 2020, 6.805 famílias perderam entes queridos. Após apenas 108 dias de 2021, esse índice já foi superado, com a soma de 6.871 óbitos. Os dados são da Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO).

O painel, atualizado em tempo real pela secretaria, aponta que 57% das mortes são de homens. A faixa etária que concentra mais óbitos é entre 70 a 79 anos seguida por idosos com idades entre 60 e 69 anos. Em Goiás, atualmente, a cada 100 mil habitantes, 194 morrem em decorrência da doença.

CIDADE MAIS LETAL

Em número absoluto, Goiânia é a cidade mais letal do estado, com 4.167 óbitos registrados até este domingo (18). Na sequência vem Aparecida de Goiânia (1.076) e Anápolis (1.014). Os dados dessas duas cidades são deste domingo e estão disponíveis no painel de cada prefeitura.

Em números proporcionais à população, o município de Anhanguera, o menor do estado, é o mais letal. A taxa de mortalidade da cidade é de 522 por cada 100 mil habitantes. Anhanguera tem 1.126 habitantes segundo o IBGE, por isso uma taxa tão alta. Até hoje, o município confirmou 6 mortes por Covid-19.

Ainda em números proporcionais, 114 cidades goianas tem taxa de mortalidade acima de 160 por cada 100 mil habitantes. Sete municípios do estado não registraram mortes por Covid desde o início da pandemia. São eles: Cachoeira de Goiás, Amaralina, Nova Roma, Guarani de Goiás, Sítio D’Abadia, Mambaí e Teresina de Goiás.

SEGUNDA ONDA

A segunda onda veio com força, com recordes, e mudança de perfil dos internados. Segundo um levantamento do Observatório Covid-19 da Fiocruz, nos primeiros meses de 2021, a média de idade dos pacientes internados diminuiu progressivamente no Brasil. Em Goiás, a situação é semelhante. Um levantamento do Hospital de Campanha de Goiás mostrou que pessoas com idades entre 35 a 40 anos representaram 17% das mortes em fevereiro de 2021, taxa maior do que em abril de 2020 (5%).

Em entrevista à Sagres, o infectologista Boaventura Brás de Queiróz, apontou outro grande problema nessa segunda onda: a rápida evolução dos pacientes, situação ocasionada com o surgimento de novas variantes na segunda onda de Covid. “A evolução desses pacientes para um estado grave com a necessidade de ir pra UTI era em torno de 10 a 15 dias. Hoje, temos assistido isso mais precocemente. No sétimo ou oitavo dia, no máximo, esses pacientes já estão exigindo internações”, relatou.

Segundo o último boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) os dados mais recentes da evolução de Covid-19 no Brasil apontou para o aumento dos casos da doença entre os mais jovens: 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos. O avanço foi verificado pelos pesquisadores nos dados semanais divulgados pelo ministério desde o começo do ano até o dia 13 de março. O aumento de casos foi de, respectivamente, 565,08% (30 a 39 anos), 626% (40 a 49 anos) e 525,93% (50 a 59 anos).

CENÁRIO PREOCUPANTE

Dados do Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz mostram que a pandemia deve permanecer em níveis preocupantes ao longo do mês de abril. Na Semana Epidemiológica 14 (4 a 10 de abril), a tendência de alta de transmissão da Covid-19 se manteve no país, com valores recordes no número de óbitos (uma média de 3.020 mortos por dia) e aumento de novos casos (cerca de 70.200 casos diários). A análise aponta também que a sobrecarga dos hospitais continuou em níveis críticos. 

A alta proporção de testes com resultados positivos revela que, durante esse período, o vírus permanece em circulação intensa em todo o país. Segundo os pesquisadores do Observatório, o quadro epidemiológico observado pode representar a desaceleração da pandemia, com a formação de um novo patamar, como o ocorrido em meados de 2020, porém com números muito mais elevados de casos graves e óbitos. 

Na semana passada, o epidemiologista da Organização Mundial da Saúde (OMS), Bruce Aylward, afirmou que o colapso sanitário e hospitalar provocado pelo surto de Covid no Brasil é um “inferno furioso”. A entidade voltou a cobrar o país medidas sérias para conter a disseminação do vírus. “Situação é muito, muito preocupante”, resumiu o cientista.

VACINAÇÃO

Como única alternativa para frear a disseminação da Covid, a vacinação ainda caminha devagar. Goiás aplicou até agora 720.283 primeiras doses das vacinas contra a Covid-19 em todo o Estado. Em relação à segunda dose, foram vacinadas 231.245 pessoas.

Em reunião na última sexta-feira (14), o governador Ronaldo Caiado solicitou à secretária-geral adjunta da Organização das Nações Unidas (ONU), Amina Mohammed, que a entidade trabalhe ativamente para que o Brasil e demais países sejam autorizados a produzir, mediante o pagamento de royalties, o IFA (ingrediente farmacêutico ativo) das vacinas contra a Covid-19.

Cada cidade goiana imuniza uma faixa etária diferente neste momento. Você pode conferir os cronogramas de vacinação aqui no nosso portal.