O câncer colorretal é também conhecido como câncer de intestino, justamente porque origina-se no intestino grosso (também chamado de colón) e no reto, região final do trato digestivo. Em entrevista à Sagres, a médica endoscopista Daniela Milhomem chama a atenção para a importância de se informar sobre a prevenção a essa neoplasia, que atinge igualmente homens e mulheres.

“É um dos cânceres que tem aumentado em incidência de forma mais evidente nos últimos anos. Hoje, para se ter uma ideia, ele já ocupa o segundo lugar em neoplasias tanto para homens quanto para mulheres. Só perde para o câncer de próstata e de mama, e é o terceiro em mortalidade aqui no Brasil”, afirma.

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É justamente este um dos objetivos da campanha Março Azul-Marinho, o de conscientizar a população sobre a prevenção, os sintomas e o tratamento para este tipo de câncer.

De acordo com Daniela Milhomem, projeções de organismos internacionais apontam que o número de casos de câncer colorretal não diminuirá nas próximas duas décadas. Para se chegar a essa conclusão, foram avaliados fatores como crescimento da população, pirâmides etárias brasileira e mundial e hábitos de vida.

“A gente não tem previsão de que a incidência do câncer colorretal vai diminuir até meados de 2040. A população está mais obesa, os hábitos alimentares nem sempre são os mais saudáveis. A nossa dieta tem sido cada vez mais pobre em frutas, verduras, cálcio e rica em alimentos com mais conservantes e muita carne vermelha”, analisa.

Prevenção


A médica endoscopista Daniela Milhomem (Foto: Sagres Online)

A boa notícia é que este é um tipo de câncer que pode ser realmente prevenido, por meio de exames simples como de fezes ou por meio da colonoscopia, em que o paciente é sedado e um tubo com uma câmera na ponta é guiado até o reto, produzindo imagens de alta qualidade ao longo do caminho. 

“É possível detectar as lesões pré-malignas que vão virar câncer e consegue tratar elas com anos de antecedência”, afirma. “Há o teste de sangue oculto nas fezes, que é um exame de fezes, que vai pesquisar sangue microscópico, aquele sangramento discreto que não é visível. Os testes de sangue oculto de hoje em dia são de boa qualidade, que detectam a hemoglobina humana e têm uma acurácia muito maior do que os testes do passado”, complementa.

A colonoscopia identifica a existência dos chamados pólipos, que podem sofrer transformação para malignidade.

“Nos Estados Unidos a maior parte das prevenções é feita pela colonoscopia. O paciente com 45 anos ou com sintomas de alerta pode ser submetido à colonoscopia. É um exame endoscópico que vai examinar o intestino grosso todo e vai pesquisar lesões pré-malignas, que são os pólipos. Se por acaso, durante a colonoscopia, o paciente tiver um pólipo, esse pólipo na maioria das vezes já é tratado e removido ali e corre cerca de 10 a 15 anos à frente do câncer. É um exame feito com extrema segurança desde que feito nas mãos de um especialista”, assegura.

Acompanhamento médico

Conforme Daniela Milhomem, homens e  mulheres a partir de 45 anos devem perguntar para o médico sobre a prevenção do câncer colorretal. Quem já teve casos de câncer de intestino na família deve ficar atento e, se possível, buscar examinar antes mesmo dessa faixa etária.

“Fazer os exames de prevenção detectam a lesão pré-maligna que não dá sintoma, e isso evita o câncer. O câncer colorretal em fases precoces não costumam dar sintoma nenhum, é uma doença silenciosa”, alerta.

De acordo com a médica, caso um paciente com câncer colorretal apresente sintomas como sangramento retal, dor, cólica, perda de peso, mudança de padrão no funcionamento das fezes ou distenção abdominal, o estágio da doença pode estar avançado. 

“E a gente sabe que tratar uma doença avançada é muito difícil. Correr atrás de um problema grave como um câncer avançado é muito difícil. É muito mais fácil correr na frente, que é tentar prevenir”, conclui.

Hábitos saudáveis

Atividades físicas regulares, dieta rica em frutas e vegetais, fibras e níveis adequados de vitamina D estão entre os fatores que ajudam a prevenir o câncer de intestino.

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