Não é novidade para ninguém que o Figueirense vive uma crise sem fim. Com salários atrasados e promessas que não foram cumpridas pela diretoria, o time catarinense passa por um período de instabilidade fora das quatro linhas e entrará em campo nesta terça-feira (30) contra o Vitória no Estádio Orlando Scarpelli sem ter treinado e com os atletas tendo abdicado a concentração.

Para piorar, nesta segunda-feira (29) o técnico Hemerson Maria pediu demissão e não comandará mais o Furacão. Emocionado, o ex-treinador do Vila Nova explicou sua atitude.

Hemerson Maria pediu demissão do Figueirense (Foto: Flickr/Figueirense)

“Quero deixar claro que não é a questão financeira que está pegando nesta decisão e sim a falta de respeito com a instituição. Não há uma sintonia mais entre eu, o presidente e as pessoas que comandam e quanto isso acontece, não tem pra onde ir e caminhar. É uma decisão difícil porque além da questão profissional, tem a paixão por esse clube onde passei mais de 20 anos da minha vida”, desabafou.

Vale lembrar que o Figueirense é um clube-empresa, dirigido pela Elephant, e o presidente Claudio Honigman é o responsável pelo futebol da instituição. Segundo Hemerson, o dirigente não honrou com os compromissos feitos no início da temporada.

“O que determinou foi a falta de respeito com que nós estamos sendo tratados. É a primeira vez que estou pedindo demissão de um clube, das outras vezes eu sempre fui liberado ou o contrato foi desfeito por conta de resultado. Eu sempre cumpri meus compromissos porque gosto do trabalho com início, meio e fim”.

Por conta do atraso nos salários, o elenco ameaçou não entrar em campo contra o Vitória e, assim, provocar um WO. Com a situação, os torcedores iniciaram uma campanha para arrecadar dinheiro e entregar à Hemerson Maria, então treinador do clube após a partida. Respaldado pelo carinho da torcida, ele se desculpou.

“Quero pedir desculpas ao torcedor e às pessoas que sempre nos apoiaram. A gente torce para que o Figueirense muito em breve retome o caminho da credibilidade e de um clube de respeito. Fica aqui meu agradecimento aos atletas, aos funcionários e ao torcedor”, disse.

Catarinense, ele deixa o Figueirense na 10º colocação da Série B. Desde o seu retorno, comandou o Furacão em 34 partidas com 14 vitórias, 14 empates e seis derrotas. Hemerson Maria que nunca escondeu sua torcida pelo Figueira.

“Por duas vezes eu me separei do Figueirense. A primeira como ex-atleta, depois como treinador das categorias de base e a gente sempre voltou a se reencontrar. Talvez mais à frente a gente possa prestar serviço novamente porque além da questão profissional, tem o orgulho. Tenho certeza que meu pai e os amigos mais próximos ficaram orgulhosos porque não faltou comprometimento, não faltou respeito e nem seriedade. Mas a gente tem um limite e daqui a pouco eu não iria conseguir produzir da maneira que eu gostaria”, destacou o treinador.