Entenda o que é o La Niña, fenômeno que deve substituir o El Niño no Brasil no segundo semestre 

O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN) divulgou, no último dia 6, uma nota técnica onde afirma que é muito provável o desenvolvimento de um fenômeno La Niña no segundo semestre de 2024 – o fenômeno deve substituir o atual El Niño, que ocorre com intensidade moderada e se encontra em fase de rápido enfraquecimento.  

A nota traz um detalhamento dos impactos que o fenômeno pode gerar em diversas áreas como na variação de temperatura e precipitações e os desdobramentos na produção agrícola, bacias hidrográficas, nos potenciais desastres em cidades e no efeito para a saúde humana. 

O CEMADEN informou que os resultados poderão variar quando o fenômeno efetivamente estiver iniciado e com isso o Centro permanecerá acompanhando constantemente as previsões disponibilizadas pelos principais centros mundiais. 

O que é o La Niña? 

Como se fosse o oposto do El Niño, que aquece as águas do Pacífico, o La Niña é o resfriamento da porção equatorial central deste oceano, especialmente na região central e no centro-leste deste oceano, incluindo a região costeira do Equador e do Peru. O impacto, no entanto, é o mesmo: em escala global. Um episódio de La Niña pode durar meses ou até mesmo anos, o que potencializa seus efeitos, em razão da sua longa permanência. 

No Brasil, por exemplo, o La Niña pode modular os padrões regionais do clima, aumentando as chances de chuvas acima da média nas Regiões Nordeste e Norte do país e propiciando chuvas escassas na Região Sul. 

O La Niña faz parte de um ciclo natural mais amplo, conhecido como El Niño-Oscilação Sul, e que inclui estados de aquecimento (El Niño), condições neutras e de resfriamento (La Niña) do Oceano Pacífico Tropical. Uma La Niña pode ressurgir em intervalos de tempo que variam de 2 a 7 anos. O episódio mais recente registrado perdurou de julho de 2020 a fevereiro de 2023. 

Diferenças entre El Niño e La Niña 

Por semelhança, os fenômenos têm a periodicidade: ambos costumam ocorrer em intervalos de dois a sete anos. No entanto, além da principal característica diversa – um aquece e o outro resfria, o El Niño e La Niña têm outras diferenças.  

Quando ocorre o El Niño, os ventos sopram com menos força ou até invertem a direção em todo o centro do Oceano Pacífico, o que acarreta em uma diminuição da ressurgência de águas profundas e na acumulação de água mais quente na costa oeste da América do Sul. O resultado dessa alteração são períodos de registro de altos índices pluviométricos na América do Sul e seca em outros países como a Austrália.  

No Brasil observam-se impactos como a redução das chuvas na região Norte, secas em partes do Nordeste e chuvas acima da média e aumento de temperatura na região Sul. 

Em decorrência do La Nina, no entanto, ocorre a intensificação dos ventos alísios, que sopram na faixa equatorial de leste para oeste, o que faz com que uma quantidade maior que o normal de águas quentes se acumule no Oceano Pacífico Equatorial Oeste, enquanto no Pacífico Leste verifica-se a presença de águas mais frias, ocasionando um aumento no desnível entre eles. 

Em solo brasileiro, alguns dos efeitos sentidos são: aumento de chuvas nas regiões Norte e Nordeste, estiagem no Centro-Oeste e no Sul. 

Precipitação e temperatura 

Com a iminente chegada do La Niña em 2024, a análise do CEMADEN indica que o cenário mais provável é o de chuvas acima da média no estado do Amapá e entre Minas Gerais e a Bahia, e de chuvas abaixo da média histórica na Região Sul, durante a primavera. Durante o período se esperam temperaturas inferiores aos valores médios na Região Sul e em parte da Região Sudeste, assim como no Amapá, em razão da maior precipitação. 

No próximo verão, a situação mais provável é de precipitações superiores à média no extremo norte do Brasil e de temperaturas inferiores ao normal em parte das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Há também chance de haver temperaturas superiores à média em parte do leste da Região Nordeste. 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) – ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança do Clima. 

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