A pesquisadora Fátima de Freitas explica que homens e mulheres não têm acesso aos mesmos espaços de poder, como por exemplo, a política. Por isso, há uma luta por direitos iguais para disputar e ocupar as cadeiras das casas legislativas e executivas. Para conseguir esse acesso, a pesquisadora diz que é preciso garantir os direitos iguais e para isso a equidade é importante.
Na vida da Lô Bento, que é cantora, a equidade seria essencial e impediria a vivência de violências na busca por um espaço no cenário musical. Ela diz que o ambiente é muito masculinizado e que mesmo as mulheres que atualmente tem um espaço grande na música brasileira e mundial ouviram muita coisa no caminho.
“Existe muito preconceito dos contratantes, cansei de diversas vezes entrar num estúdio e um produtor me julgar pela minha aparência ou achar que eu queria insinuar algo que não é o que era, que a gente infelizmente passa por isso. Você está ali para trabalhar e a pessoa te chama, na verdade, para outra coisa, é outro motivo. Então, é bem difícil nesse lugar de ser mulher e você ter que se impor o tempo inteiro é maçante e cansativo, mas eu não desisto. Eu não vou ceder para que outro homem ocupe o meu espaço”, conta.
O objetivo da cantora dentro da música é abrir espaço para outras mulheres. De certa forma, isso acontece com a maioria das mulheres, porque o caminho se torna árduo para as primeiras e a permanência é incerta para todas. Assim, o desejo de abrir novas oportunidades, buscar equidade no processo e garantir direitos alcança outras áreas do mercado de trabalho, como a comunicação e a pesquisa.
Laila Melo é jornalista e pesquisadora especialista em teorias feministas e de gênero. Ela aponta a sororidade, aliança política entre as mulheres, como um dos caminhos para mudar a sociedade. O segundo caminho que a jornalista enxerga passa pela democracia e a efetividade dela na sociedade.
“A sociedade tem sido estruturada em dois setores: o setor público e o setor privado. E nós mulheres temos sido colocadas no local privado da casa, do cuidado, da limpeza por uma questão de uma estrutura social que é machista e misógina”, destaca. “E quando a gente ocupa o espaço público a gente faz diferença porque nós somos 52% da população brasileira, 52% do eleitorado, e isso tem que estar refletido dentro das casas que de fato decidem as leis. Então, acho que são dois caminhos, tanto na nossa aliança particular quanto na ocupação de espaços onde temos de fato a mudança social e a mudança de políticas públicas”, argumenta.
A discussão sobre a situação das mulheres na sociedade tem essa perspectiva do direito de estar e a perspectiva da segurança em estar. O cenário faz surgir locais como o Dojô Padma, primeiro e único dojô exclusivo para mulheres praticarem karatê no Brasil. Juliana Reis é a vice-presidente do dojô e conta que ele existe para ser um lugar inclusivo e seguro e para quebrar estereótipos das artes marciais serem voltadas aos homens.
No dojô, Juliana Reis e a fundadora Carol Prestes conseguiram criar uma comunidade entre mulheres. Na companhia da apresentadora do Tom Maior, Jéssica Lima, de Laila e Lô Bento, ela expressa suas angústias com os estereótipos colocados nas mulheres na sociedade.
“Eu sofro muito por as pessoas não me levarem a sério, eu estou nos ambientes, eu estudei, já estou trabalhando há não sei quantos anos, mas eu falo e às vezes as pessoas ainda levam na brincadeira, um pouco por ser mulher, um pouco porque me acham jovem. E a gente tem vários outros estereótipos, então a gente tem a pessoa que por ser mãe ficou muito tempo fora do mercado de trabalho, a pessoa que por ser negra, as pessoas têm uma imagem, um preconceito e vão achar que a capacidade dela às vezes não é suficiente ou uma pessoa trans que chega e as pessoas não enxergam ela como mulher. Então a gente tem que lutar diariamente contra vários estereótipos”, conta.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 05 – Igualdade de Gênero.
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