Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a participação das mulheres no mercado de trabalho é de 54,5% (15 anos ou mais), enquanto entre os homens é de 73,7% (15 anos ou mais). Os dados apontam a desigualdade persistente entre os gêneros, independente da raça.

Os números do Instituto ainda pontuam outras desigualdades, como a dedicação com tarefas não remuneradas (afazeres domésticos e cuidados com pessoas), nas quais as mulheres gastam 21,4 horas semanais e os homens 11,0 horas semanais. Além disso, as mulheres recebem 77,7% do rendimento dos homens. 

Para a especialista em RH, Deise Percilio, já houve um bom caminho no mercado de trabalho para as mulheres e ele está mais aberto, mas destaca que existem diferenças salariais e desigualdade nos cargos de liderança e de destaque, que em sua maioria ficam com os homens. O contraditório, para ela, é que as mulheres têm habilidades mais desejáveis para o mercado.

“Contra fatos não há argumentos. A gente traz resultados, a gente tem um olhar mais sistêmico, uma abordagem mais, não digo romântica porque a gente tem que quebrar isso, mas a gente consegue entender o indivíduo na sua totalidade”, diz.

O papel do RH

Os desafios para as mulheres no mercado de trabalho ainda são grandes, mas a especialista diz que há uma responsabilidade social das empresas no cenário, sobretudo pelo fato de que as mulheres se qualificam para as vagas mais que os homens. 

“As empresas hoje estão num momento em que elas têm que ser submetidas a uma escolha do candidato. Se antigamente ela pensava que o custo ia ficar maior se tivesse salários maiores com as mulheres, hoje, na hora que coloca uma remuneração ela tem que entender que como a empresa é muito enxuta, é preciso ter pessoas mais versáteis e a mulher tem mais essa característica, de cautela, de análise, de minúcia, de controle”, destaca.  

Deise Percilio também afirma que as mulheres têm mais atitude no mercado de trabalho e que é justamente essa característica que as sobrecarrega na segunda, terceira ou até mesmo na quarta jornada que elas têm no dia. “Eu acho que competentes todos nós somos, mas eu acredito que a mulher tem o desejo. Então, na hora que a gente faz uma seleção do que a gente baseia no chá, o conhecimento todo mundo adquire, habilidade a gente pode desenvolver, mas a atitude é muito mais da mulher no sentido de fazer acontecer”, afirma.   

Mesmo com competência e habilidades desejáveis, a especialista diz que as mulheres enfrentam desafios impostos pelo histórico conervador e machista da sociedade. Percilio explica que o recrutamento e seleção são duas das principais frentes de RHs hoje em dia e que esse espaço pode ser um agente transformador dessa realidade.   

“Nós temos um papel, nós que somos do RH e posição de liderança, porque nós somos formadores de opinião e a gente tem que desenvolver essa informação. Então, hoje uma das nossas frentes é muito recrutamento e seleção que vem com aquela máxima do perfil da vaga de: eu quero mulher, mas tem que ser nova; eu quero mulher, mas não pode ter filhos. Então, assim, devolve a pergunta com o porquê. Você tem que ser um transformador desses valores que não podem mais existir”, diz. 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 05 – Igualdade de Gênero.

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