A Escola Municipal Francisco Matias localizada no setor Parque Anhanguera, em Goiânia, é uma das 374 instituições da capital que implementaram o Projeto Horta Escolar da Secretaria Municipal de Educação (SME). A intenção é de incentivar crianças, estudantes e professores a uma alimentação saudável através do plantio de hortaliças.

As atividades consistem em conhecer os alimentos na sala de aula, aprender com música e depois ‘colocar a mão na massa’. O contato com a terra é a parte preferida dos alunos. O projeto acontece durante todo o ano.

“Lá na horta, que para nós é um laboratório a céu aberto, a criança planta, cuida, colhe e come. O que ela come? Um alimento natural, orgânico e saudável. Tem importância ela comer esse tipo de alimento? Tem, porque a saúde passa pela boca, ela depende daquilo que comemos”, afirmou Nestor Valverde, coordenador do Projeto Horta Escolar da Secretaria Municipal de Educação.

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As visitas da Prefeitura de Goiânia acontecem de forma programada durante o ano, respeitando o tempo de plantio, cultivo e colheita das hortaliças. O objetivo é que além de ter a responsabilidade de cuidar do que foi plantado, que os estudantes também tenham acesso ao que produziram.

Por isso, o que nasce na horta é utilizado na cozinha da escola, com as crianças sendo abastecidas com comida saudável durante as refeições.

“É de suma importância para a educação. As crianças têm que ser estimuladas em relação a alimentação saudável, então nós utilizamos esse projeto da horta escolar para fazer esse incentivo à alimentação. Elas acompanham do plantio até a colheita e saboreiam, apreciam ali no prato”, destacou Joselina das Dores, diretoria da Escola Municipal Francisco Matias.

E conscientizar os alunos de que uma alimentação mais natural e orgânica é fundamental para a saúde, principalmente no futuro, não tem sido uma tarefa tão complicada.

“Minha mãe me ensinou sempre que quanto mais a gente comer comida saudável, mais forte a gente fica. Então eu acho as hortas muito importantes e boas também, eu gosto muito das hortas”, disse Daiany Barbosa, de apenas 10 anos, que cursa o 4º ano.

Com a mesma idade e pensamento semelhante está a Catarina Mendanha, também cursando o ensino fundamental na Escola Francisco Matias. “Eu gosto muito (da horta). Gosto principalmente de plantar e de comer”.

Catarina Mendanha tem apenas 10 anos e gosta de fazer atividades na horta (Foto: Sagres Online)

Exemplos em casa

Os conhecimentos absorvidos não ficam apenas na escola. Uma das tarefas destas crianças é compartilhar as experiências com o seu círculo de convício, principalmente em casa.

No caso de Daiany, o projeto da Horta Escolar incentivou o plantio de hortaliças em casa. “Minha mãe planta algumas coisas lá, aí de vez em quando eu vou lá, ajudo e pego (as hortaliças) para ela”.

Segundo Catarina, as ações de plantar, colher e comer alimentos orgânicos foram bem vista pelos pais. “Eles acham muito legal essa iniciativa de eu poder ensinar para eles também”, revelou.

Daiany Barbosa cuida da horta na escola e em casa também (Foto: Sagres Online)

Combate ao desperdício

Desde cedo os estudantes também são expostos a mazelas que atingem a sociedade atual. A maior delas é a fome, já que no Brasil mais de 33 milhões de pessoas não têm garantido o que comer, de acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19.

Os índices mundiais são ainda mais assustadores, com mais de 328 milhões de pessoas sofrendo com a fome, sendo que 193 milhões são atingidos pela “fome severa”. Por isso a importância da conscientização sobre o desperdício de alimentos mesmo ainda tão jovens.

“As professoras estão trabalhando essa questão do desperdício cotidianamente em sala. Então as crianças se servem na quantidade que elas acham que vão realmente consumir, quando elas sentem que é preciso repetir também é fornecida a repetição. Eles estão realmente conscientes em relação ao desperdício”, ressaltou a diretoria Joselina.

“Acho muito importante evitar o desperdício de alimentos sim porque além de ser pecado, tem muita gente na rua querendo comer”, explicou Catarina de apenas 10 anos.

A amiga Daiany segue pela mesma linha e revela que evita ao máximo colocar no prato uma quantidade superior ao que pretende comer.

“Eu me preocupo porque tem gente que não tem nada para comer, então fico preocupada em jogar a comida fora. As vezes eu até jogo, mas depois eu me arrependo. Eu fico muito triste porque tem criança que não tem comida, não tem almoço, não tem janta e não tem nada”, contou a estudante do 4º ano.

Conscientização

As ações parecem ser simples agora, mas são a esperança de adultos mais conscientes nos próximos anos.

“Com certeza a gente está criando hábitos que serão levados para o futuro deles e isso é muito bom”, finalizou Joselina das Dores, diretora da Escola Municipal Francisco Matias, em Goiânia.

Joselina das Dores, diretora da Escola Municipal Francisco Matias (Foto: Sagres Online)

Repense

Esta reportagem integra a série Repense desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos ao combate à fome e formas alternativas de produção de alimentos, ligados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 02 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Fome Zero e Agricultura Sustentável.

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