Antigamente, usávamos o termo “Portador de Necessidades Especiais (PNE)” para fazer referência a uma pessoa que possui alguma deficiência. Contudo, a agente administrativa Deborah Fontenele, que é cadeirante, disse que o termo, na verdade, mostra algo contrário ao que se luta diariamente na Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego).

“A pessoa com deficiência é antes de tudo uma pessoa. Então a gente procura muito o respeito, a inclusão e esse é o ponto mais forte que temos lutado no dia a dia, por isso que é importante. A gente fala muito esses termos e realmente tem hora que são até meio ofensivos, e a gente luta pela igualdade, pela inclusão e o respeito às pessoas que têm algum tipo de deficiência”, disse.

Pessoa com deficiência

O influenciador Ivan Baron é uma pessoa com paralisia cerebral e compartilha a forma correta de se referir às pessoas com deficiências nas suas redes sociais. Num vídeo, Baron destacou os motivos de alguns termos muito usados serem errados. “Necessidade especial”, por exemplo, é errado porque inclusão, acessibilidade e dignidade são necessidades básicas do ser humano.

Ivan Baron ainda destaca que chamar alguém de “deficiente” reduz a pessoa apenas a deficiência que ela possui. E o erro em “portador de deficiência” é que a deficiência não é um objeto que se escolhe a hora que irá “portar”. Entre tantos termos, especial e excepcional também estão errados. O termo correto é Pessoa com Deficiência porque antes tudo se reconhece a pessoa.

“Esse termo é muito importante para a gente porque não foca só na limitação que temos e sim no ser humano que somos. Então, esse termo veio porque antigamente usava um termo errado, que é o PNE, que todo mundo às vezes ainda fala, e mudou para parar com esse preconceito que chega a ser uma discriminação, é uma ofensa para nós. O termo veio para tentar esse respeito e essa inclusão”, explicou Deborah Fontenele.

Aprender o certo

Como Deborah Fontenele contou, muitas pessoas ainda se referem às pessoas com deficiência de forma errada. A representante da Adfego afirmou que “tudo é um aprendizado”. Ela observa que há uma melhora no discurso. Mas destacou que a pessoa com deficiência é um ser humano como qualquer outro e não deve ser tratada como coitada, não deve ser diminuída e disse que as pessoas não devem ter medo de conversar com elas.

A melhora, para ela, é resultado de informações e aguarda o momento em que não existirá mais a barreira entre pessoas sem deficiência e pessoas com deficiência. Isso passa por aumentar a conscientização da população com a realização de campanhas fora de datas específicas sobre deficiências e muito mais pela educação.

“A escola é a porta de entrada de tudo, de todo o aprendizado, de toda a convivência, do ser humano em si, a gente acaba aprendendo, evoluindo e a gente aprende tudo na escola. Ter esse assunto seria importantíssimo, até porque deficientes estudam, estamos ali através do estudo. Acessibilidade e inclusão tinha que ser matéria nas escolas”, argumentou.

A importância da Adfego

Pessoas com deficiência lutam diariamente pelo direito de ir e vir, de estar e permanecer nos espaços. Fontenele destacou a importância de garantir que essas pessoas sintam-se à vontade onde quer que queiram ir e comentou o quanto são importantes os direitos adquiridos, como a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

“É muito importante porque é algo que te valoriza. Tudo que se conquista hoje em dia para pessoas com deficiência, infelizmente, tem muito obstáculo. Então, seria interessante não ter essas barreiras atitudinais e barreiras arquitetônicas. Mas a luta está aí e a gente está firme para conseguir essa independência, essa tranquilidade de poder ir e vir sem ficar tão preocupado com as dificuldades que estão por vir”, disse.

A Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás é uma entidade promotora de vidas, pois resgata e muitas vezes ressignifica a vida das pessoas que chegam nela. Fontenele destacou que a associação filantrópica oferece aos seus associados vários serviços, como encaminhamento para o mercado de trabalho, clínica para reabilitação, atendimento psicológico e serviço social.

“A Adfego tem esse papel importante que ela está sempre resgatando com inclusão e respeito. A gente dá uma nova vida, uma nova esperança para aquelas pessoas que têm algum tipo de deficiência, que sofre algum acidente e fica com algum tipo de sequela. Então, a Adfego com muito amor e carinho tenta dar uma nova visão de existência, porque quando a gente tem uma lesão a gente perde essa vontade meio que de viver, a gente acha que tudo acabou e a Adfego resgata isso de todas as pessoas que lá estão”, disse Deborah.

O paradesporto na autoestima

Entre os serviços que a Adfego oferta para os associados também está o esporte, que Deborah disse ser o departamento mais concorrido. Ela acredita na força do esporte para recuperar a autoestima das pessoas com deficiência. “O esporte traz autoconfiança porque é algo que você acha que é muito impossível de fazer”, contou.

O futebol de amputados, o basquete, o vôlei sentado são esportes que exigem movimentos físicos e equilíbrio, que para Deborah são como se fossem terapias para as pessoas com deficiência quando elas percebem que são capazes de fazer o movimento.

“Então, o esporte traz essa autoconfiança, ele traz aquela capacidade de falar assim: “eu posso fazer” e “eu consigo fazer”, disse.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de Qualidade.

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