Propostas do Governo Federal estão prometendo reduzir os valores sobre a incidência dos impostos estaduais e federais no preço dos combustíveis. Em entrevista ao Sistema Sagres, o professor e especialista em economia, Luiz Carlos Ongaratto, afirmou que a retirada do ICMS não vai resultar em alívio no bolso dos contribuintes.

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“Quando a gente fala de exoneração em um país que não tem um equilíbrio fiscal, fala-se ou em aumento de déficit fiscal, da dívida, ou deixar de investir em alguma área que já está carente para fazer esse subsídio dos combustíveis”, explicou.

Além disso, o especialista trouxe um outro ponto para o mesmo problema para demonstrar como a medida não afeta, de acordo com ele, no bolso dos consumidores de combustíveis, incluindo também o gás de cozinha.

“Também oriundo dessa situação, colocar o Governo Federal para bancar o ICMS para os estados e municípios, se daqui a um ano a gente quiser reverter isso, não teria como, vou gerar uma nova disparada. Isso se assemelha muito ao controle de preços feito pelo governo Dilma, que controlou o preço dos combustíveis, da energia elétrica, e colhemos os frutos depois. Não vejo nenhuma diferença, talvez algo mais perverso ainda, porque gera muito mais prejuízo para o nosso bolso. Estamos falando do nosso dinheiro, que a gente trabalha todos os dias, para subsidiar combustível. Acho que não é o caminho”, completou.

Luiz Carlos Ongaratto também analisou as propostas do Governo Federal que estão prometendo reduzir o ICMS sobre o preço dos combustíveis. Para os especialista, elas não resolvem nem a curto prazo.

“A gente não está atacando as causas principais. Primeiro, o curto prazo, por exemplo, só de ventilar a possibilidade uma emenda constitucional para subsidiar combustível, o dólar já disparou. Automaticamente, todo esse esforço fiscal a gente vai perder. Outro ponto é que não há uma garantia que esse repasse será passado ao consumidor, principalmente porque existem custos represados e vai ser uma chance de parte desse empresariado passar esses custos e absorver a pequena redução que poderia ter”, destacou.

“Um outro problema, de médio a longo prazo, é que a gente não discutiu as alternativas que temos para o diesel, para a mobilidade urbana como um todo. Para o Governo Federal parece que é só modificar os impostos, porque são os vilões. Na verdade, não são nessa questão, e sim que não temos alternativa ao diesel no momento”, finalizou.