Você sabe qual o limite de calor que o corpo humano consegue suportar? As ondas de altas temperaturas têm colocado a ciência à prova. Nesse sentido, um novo estudo indica que existe uma “temperatura crítica superior” para os seres humanos e provavelmente enquadra-se entre 40°C e 50°C.
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As evidências, porém, ainda não são conclusivas. No entanto, o professor Lewis Halsey e sua equipe da Universidade de Roehampton, no Reino Unido, mediram a taxa metabólica de repouso. Trata-se de uma medida de quanta energia o corpo humano consome para continuar funcionando.
O estudo conclui que o máximo que uma pessoa consegue suportar em temperaturas podem variar de uma sala normal a 50°C e umidade de 25% e 50%. Além disso, uma das conclusões é que a taxa pode ser maior quando as pessoas são expostas a condições quentes e úmidas.
Conforme Halsey, compreender as temperaturas a que as taxas metabólicas humanas começam a subir, e como isso varia entre as pessoas, pode ter implicações nas condições de trabalho, no esporte, na medicina e nas viagens internacionais. “Esta pesquisa fornece conhecimento fundamental sobre como reagimos a ambientes abaixo do ideal e como o ‘ótimo’ difere entre pessoas com características diferentes”, afirma.
Coração
Ademais, a função cardíaca, segundo o levantamento, também é afetada pelas altas temperaturas e seus efeitos variam entre pessoas com características diferentes, como idade, aptidão física e gênero. Usando um ecocardiógrafo, a equipe de pesquisa identificou que, em média, as mulheres experimentam um maior aumento na frequência cardíaca quando expostas a altas temperaturas.
“Estamos constantemente construindo uma imagem sobre como o corpo responde ao estresse térmico, quão adaptável ele pode ser, os limites dessas adaptações e – o que é crucial – quão variadas são as respostas entre os indivíduos. Num mundo em aquecimento, este conhecimento torna-se cada vez mais valioso”, finaliza o pesquisador.
Calor extremo e mortes
Na última sexta-feira (17), a jovem Ana Clara Benevides Machado, de apenas 23 anos, morreu após passar mal no show da cantora estadunidense Taylor Swift. Sob uma onda de calor, o evento ocorreu dentro do estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro. Na ocasião, os termômetros registravam uma temperatura máxima de 39,1°C. Desse modo, com um público de 60 mil pessoas, a sensação térmica estimou-se próxima dos 60°C.
Um laudo publicado três dias após o óbito aponta pequenas hemorragias no pulmão de Ana Clara, mas a causa da morte ainda está sob investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Calor, insolação e desidratação são alguns dos fatores que podem ter levado ao desfecho trágico.
A empresa organizadora Tickets For Fun foi criticada por impedir a entrada de garrafas de água e a instalação de tapumes que impediam a circulação de ar, sobretudo pelas altas temperaturas durante o evento.
Apesar de menos comum entre os jovens, as mortes relacionadas ao calor já são uma realidade. Cerca de 70 mil pessoas podem ter morrido em toda a Europa em 2022 devido ao calor extremo, segundo levantamento do Instituto de Saúde Global de Barcelona.
Já o relatório Lancet Countdown sobre saúde e mudanças climáticas, publicado na revista científica The Lancet, estima que, em pessoas com mais de 65 anos, as mortes aumentaram 85% no período de 2013 a 2022 em comparação com o de 1991 a 2000. O mesmo documento projeta que as mortes anuais relacionadas ao calor podem aumentar em 370% até meados do século.
*Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 03 – Saúde e Bem-Estar
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