O número de estudantes que deixaram as atividades escolares quadruplicou após a pandemia do coronavírus. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), antes da pandemia, mais de 1 milhão de crianças e adolescentes em idade escolar estavam fora da escola no Brasil. Depois da chegada da Covid-19 e o fechamento das escolas, para conter a disseminação do vírus, os dados apontam uma crescente na evasão escolar. Atualmente cerca de 5,5 milhões de crianças e adolescentes não possuem vínculos escolares.

O chefe de educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ítalo Dutra afirmou que os números mostram uma regressão em relação ao ensino. “É como se a gente voltasse 20 anos no número de crianças dessa faixa etária de 6 a 17 anos, amostragem que foi medida pela pesquisa” esclareceu.

Ítalo Dutra esclareceu que o abandono das atividades escolares apenas se agravou com a pandemia e citou quais são as principais causas para a evasão escolar. “No ranking a migração da família dentro do país é um dos principais motivos. Assim como falta de interesse pelos estudos, questões relacionadas à violência e gravidez na adolescência. Esses são alguns dos motivos, que aparecem no contexto da busca ativa escolar, que é a metodologia e a plataforma que nós acompanhamos”, esclareceu.

Para o chefe de educação do Unicef o quadro pode ser revertido. “É preciso entender que é necessário fazer a busca ativa dessas crianças e adolescentes que estão fora da escola. O Unicef tem trabalhado, desde 2017, com essa estratégia chamada de Busca Ativa Escolar e intensificamos essas atividades de estratégia ainda durante o período da pandemia, criando uma série de orientações específicas para o período de crise. Estamos em um momento importante de chamar atenção e buscar esses meninos e meninas que estão fora da escola”, frisou.

Após mais de um ano da suspensão das atividades escolares, os governos tentam equilibrar os estudos de forma virtual. Cerca de 18 estados mantém o ensino apenas de maneira remota. A secretária de Educação do Estado de Goiás Fátima Gavioli, falou da perspectiva de retomada das aulas presenciais no estado.

“Existe um plano sendo trabalhado, para que nós possamos ir voltando aos poucos nas regiões em que sairmos das zonas vermelhas, que são as de alto grau de risco. À medida que isso vai ficando laranja e amarelo nós vamos reunindo a comunidade, conversando e fazendo essa retomada, sempre com muita cautela”, explicou.

PROGRAMA DE APRENDIZAGEM

O programa de aprendizagem é uma ferramenta de combate a evasão escolar. A coordenadora Pedagógica Educacional do interior do Estado de Goiás da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi), Roberta de Souza explicou o motivo.

“Quando um jovem ingressa no programa de aprendizagem, nós envolvemos também a escola, família e trabalho. Existe um atendimento qualificado, que vai ter aulas teóricas e praticas. Trabalhamos com uma campanha que trata sobre a gravidez na adolescência, prevenção de drogas e evasão escolar”.

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A Renapsi realiza um acompanhamento com os jovens verificando itens como frequência e rendimento escolar, para permanência no programa. “Já de imediato pedimos a declaração escolar do jovem, para comprovar que ele está estudando. Ao longo da trajetória deles no programa de aprendizagem, vamos acompanhar sua frequência por meio do boletim escolar. Se os resultados não forem os exigidos pelo Ministério da Educação, ele será convocado pela nossa equipe para prestar esclarecimentos quanto a nota e a frequência”, esclareceu.

Para ingressar na Renapsi o jovem deve ter de 14 a 24 anos de idade, estar estudando ou ter concluído o ensino médio.