As campanhas eleitorais de 2010 e 2014 do governador Marconi Perillo (PSDB-GO), segundo delação do ex-diretor de Contrato da empreiteira Odebrecht, Ricardo Roth Ferraz, teriam recebido pagamentos via caixa 2 de forma presencial.

Ouça o depoimento do ex-diretor na íntegra

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De acordo com Ferraz, em depoimento divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as campanhas do então candidato tucano teriam recebido os valores, a mando do ex-executivo da Odebrecht, João Pacífico, em encontros presenciais com o atual presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), Jayme Rincón.

“A pedido do meu diretor e superior João Pacífico, eu operacionalizei doações de campanha, valores não-oficiais, nas campanhas de 2010 e 2014 para o então candidato Marconi Perillo, nestes dois eventos. A pessoa de contato para isso era o Jayme Rincón, pessoa de inteira confiança do governador, com quem mantinha contato para passar pessoalmente, assim, os respectivos valores no local do pagamento”, delata.

Ferraz detalha ainda a quantidade de parcelas nas quais os pagamentos foram divididos nas duas campanhas eleitorais. Em 2014, o ex-diretor não afirma ao certo, mas lembra que as quantias foram repassadas em agosto ou setembro daquele ano.

“E assim foi feito. Me recordo que no ano de 2010 foram pagos um montante de R$ 500 mil, isso foi dividido em três parcelas, dois pagamentos de R$ 200 mil e mais R$ 100 mil. Em 2014 foi um total de R$ 2,75 milhões, em algumas parcelas, cinco ou seis parcelas. Dois de R$ 500 mil, teve um de R$ 1 milhão”.

O ex-diretor afirma ainda que os encontros com Rincón aconteceram aproximadamente dez vezes, em um edifício localizado na Rua Terezina, no Setor Alto da Glória, em Goiânia. Sobre os valores, Ferraz delata ainda que não sabe se teriam sido repassados para alguma obra específica, e disse acreditar que as doações poderiam ser para favorecer a atuação da empreiteira no estado.

Em nota, a assessoria de comunicação do governador informa que Perillo jamais autorizou ou pediu contribuição de campanha não-oficial e de acordo com a lei eleitoral, e que não há investigação autorizada pelo Poder Judiciário no Superior Tribunal de Justiça, relacionada ao governador.

A reportagem da 730 entrou em contato com assessoria de imprensa de Jayme Rincón, mas não obteve reposta até esta publicação.

Leia a nota da assessoria de Marconi Perillo na íntegra:

O conteúdo das citações já era de conhecimento público anterior e não guarda relação alguma com a verdade dos fatos.

O governador Marconi Perillo jamais pediu ou autorizou que solicitassem em seu nome qualquer contribuição de campanha que não fosse oficial, estritamente de acordo com a legislação eleitoral.

Não há qualquer investigação autorizada pelo Poder Judiciário no Superior Tribunal de Justiça, foro adequado, relacionada ao governador. A defesa esclarecerá qualquer eventual questionamento, em Juízo.