Cerca de 50 pesquisadores e técnicos percorrem desde a última quarta-feira (22) os 40 quilômetros do Rio Meia Ponte em Goiânia. O grupo analisa a situação da água, do solo, das matas ciliares, da fauna e da flora. Trata-se da 1ª Expedição Rio Meia Ponte, em celebração ao Dia Mundial da Água.

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São equipes embarcadas que descem o rio em canoas e outras por terra e nos laboratórios das duas instituições de ensino parceiras. A expedição, que vai durar seis dias, visa à elaboração da Carta das Águas do Meio Ponte. O documento apresentará um panorama completo sobre a atual situação desse trecho do rio.

A iniciativa é da vereadora Kátia Maria (PT). No entanto, a expedição é encampada pela Câmara Municipal e em parceria com Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto Federal de Goiás (IFG) e Saneago.

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“O Meia Ponte nasce em Itauçu e deságua no Rio Paranaíba, entre Itumbiara e Cachoeira Dourada. Mas é justamente quando atravessa Goiânia que está a situação mais crítica e poluída”, explica Kátia, coordenadora da expedição. “Nós, agentes públicos, precisamos ter olhar diferenciado para esse trecho do rio”, completa.

A ação conta ainda com apoio do Batalhão Ambiental da PM-GO, CBM-GO, Centro de Zoonoses, Fecomércio, além de outras entidades e instituições governamentais.

Bacia do Meia Ponte

A Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte é a principal fornecedora de água para a Região Metropolitana de Goiânia. Além disso, pelo menos 50% da água distribuída à população goianiense é captada no curso do rio, na Região Noroeste da capital. Todavia, como todo rio que corta grandes centros urbanos, o Meia Ponte sofre com diversas ações do ser humano. Há descarte irregular de esgoto e lixo, desmatamento de matas ciliares e até mesmo captação irregular de água.

Segundo o Ranking do Saneamento do Instituto Trata Brasil, o tratamento de esgoto em Goiânia só chega a 72,46% da água utilizada por moradores. Ou seja, cerca de 27% do esgoto da capital retorna aos rios sem tratamento.

“Grande parte desse esgoto acaba vindo para o Meia Ponte, porque córregos da cidade são afluentes dele. Esse rio, que serve para abastecer a cidade, é também o que recebe esses efluentes. Esse esgoto que polui e contamina suas águas”, alerta Kátia Maria.

Nesta sexta-feira (24), a parlamentar postou nas redes sociais que a expedição encontrou captação ilegal de areia no Meia Ponte, no trecho onde se encontram os ribeirões Anicuns e Botafogo. “Mostrando o quanto esse perímetro do rio está sendo atacado”, afirma. Veja a seguir

A expedição

O início ocorreu na Estação de Tratamento de Água (ETA) da Saneago, no Bairro Floresta (Região Noroeste). O final será no encontro do Meia Ponte com o córrego Barreiro, no limite com Senador Canedo (Região Leste).

Segundo a vereadora, entretanto, a expedição não tem caráter fiscalizatório ou punitivo, mas científico. No entanto, irregularidades encontradas serão levadas aos órgãos competentes para tomada de providências.

“Nosso objetivo é científico e educativo, mas é claro que vamos apresentar dados. O que pudermos identificar de irregularidades e depois iremos cobrar que ações sejam colocadas em prática e que fiscalizações e punições sejam feitas”, explica Kátia.

Além das equipes embarcadas, a expedição conta com ações de educação ambiental por terra, com pesquisadores e técnicos percorrendo bairros margeados pelo rio. Eles levam basicamente informações também para escolas públicas de regiões por onde passam.

“UFG e IFG são instituições com pesquisadores muito qualificados. Temos certeza de que o relatório final será de grande valor para nortear ações e para recuperar e preservar o rio”, afirma a parlamentar. “O Rio Meia Ponte é fundamental para sobrevivência da população de Goiânia e da Região Metropolitana. Queremos despertar nas pessoas essa importância de abraçarem a causa, abraçarem o Meia Ponte”, conclui.

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