O MDB está de novo em pé de guerra, e isso é ruim para o partido, pior para o pré-candidato a governador da legenda, Daniel Vilela, e muito bom para Ronaldo Caiado (DEM), que tem na divisão emedebista a possibilidade de soma de apoios de lideranças do partido ao seu projeto.

Melhor ainda é para o candidato do governo, José Eliton (PSDB), que tem, na guerra alheia, base de resistência própria, ajudando a manter e aumentar a sua base aliada com a perspectiva de poder alimentada pela perspectiva de derrota adversária.

O novo capítulo está centrado na decisão do diretório do MDB de receber pedidos de expulsão dos prefeitos que abriram dissidência a favor de Caiado. São eles: Adib Elias (MDB), Ernesto Roller (Formosa), Paulo do Vale (Rio Verde), Renato de Castro (Goianésia e Fausto Mariano (Turvânia).

Os dissidentes já avisaram que vão à Justiça. Em entrevista ao Manhã Sagres desta terça, Ernesto Roller reagiu à ação do diretório, creditada a Daniel Vilela. Segundo Ernesto, não há como se falar em contrariedade dos dissidentes a uma orientação partidária porque não houve deliberação oficial a respeito de candidatura própria.

“Defendemos um pensamento contrário ao do presidente (apoio a Caiado). E isso não é infidelidade. Queremos que a nossa tese seja vencedora, o que vai acontecer em convenção”, observa. Até a convenção, portanto, Ernesto e os demais prefeitos dissidentes entendem que é legítimo a movimentação pró-Caiado.

Daniel Vilela age para mostrar força, essa é a visão de aliados e adversários dele dentro do MDB. Os que aprovam essa sua movimentação, ponderam que ela é necessária porque ele não pode passar recibo de fragilidade diante da rebeldia dos prefeitos. O argumento em contrário é que ele, ao pesar a mão no diretório, mostra força, mas também tensiona mais o ambiente e alimenta a pauta negativa de racha interno.

O dilema “se não agir, mostra fraqueza, se agir, mostra autoritarismo” pesa sobre Daniel desde que a dissidência surgiu. Assim como pesa, contra, a ideia da divisão emedebista. Ele ainda não conquistou o eleitorado do partido, como conseguirá chegar ao eleitorado goiano mais amplo? Essa a pergunta frequente.

A estratégia de Daniel segue o propósito de centrar atenção na aliança com PP e PSD, sem se preocupar com as pesquisas que o colocam bem atrás nas intenções de voto. Acordo com Caiado está fora de questão. No máximo, há a preocupação de manter o discurso de unidade para o segundo turno.

Caiado prossegue em conversas com emedebistas e, com isso, alimenta a instabilidade no partido. Para ele, ter uma parte do partido é importante, porém mais estratégico ainda é firmar cada vez mais a ideia de que Daniel está isolado, sem perspectiva de vitória. Neste caso, tenta atrair para o seu lado aqueles que estão dispostos a inclusive a ficar contra o partido para apoiá-lo, na tese de que só ele tem condições de vencer o candidato do governo.

A dissidência traz de volta não epenas a lembrança da guerra emedebista, mas também as vozes dissidentes que ganham espaço e palanque para firmar suas posições. Isso num momento em que o assunto parecia morno. Daniel, que começava a falar para fora do MDB, agora tem que se concentrar à pauta interna.

Está sobrando pauta negativa para Daniel Vilela, e faltando boas notícias.

 

Ouça a entrevista de Ernesto Roller ao Manhã Sagres.

 

Prefeito de Formosa, Ernesto Roller, comenta pedido de expulsão do MDB: “Não há porque falar em infidelidade”

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