Envolver os participantes em um círculo, de mãos dadas e olhos, criando um espaço de reflexão e empatia, livre de hierarquias. Ou seja, todas dançam juntos, de mãos dadas e conectados pela harmonização com a música. Uma estrutura que permite uma grande troca de energia e que torna a música um instrumento de desenvolvimento pessoal, construção da autoconsciência e criação de um senso de conexão e coletividade. Trata-se da dança circular, uma das atrações do Festival de Danças na sexta noite da XXII Semana Cultural Festa de Manuelzão, em Andrequicé-MG.
Muito mais que um estilo de dança, porém, é uma questão de preocupação com saúde mental feminina do Ciclo de Mulheres, conduzido pela terapeuta holistica, instrutora de Yoga, Lílian Vilarinhos. “Trata-se um trabalho voltado às mulheres, para o desenvolvimento emocional, desbloqueios emocionais, para levar essas mulheres a terem o prazer de viver com a dança”, explica.
Além disso, a dança circular harmoniza com a proposta do festival em Andrequicé. Ademais, a vila é berço da obra do escritor Guimarães Rosa, cujo tema é a conexão, a reintegração e reflexão do ser com a natureza, a literatura e seus valores. Na apresentação, as dançarinas, em sua maioria idosas, dançam entrelaçadas, de mãos dadas, em um círculo em constante movimento. Nele são trabalhados os valores e necessidades humanos, materializando-os através da dança em sincronia com a música.
“Com a dança circular, a gente faz essa troca dentro da dança, uma troca de energia entre as mulheres, estimulando a vida e a sensação de felicidade enquanto realizam os movimentos da dança”, argumenta. “Além de trabalhar as questões emocionais, há também o desenvolvimento da coordenação motora, a atenção plena. É todo um conjunto trabalhado dentro de um projeto de dança, desenvolvido para a terceira idade”, complementa.
Ciclo de Mulheres
O Ciclo de Mulheres atende grupos de 20 a 30 mulheres em Três Marias, a 30 km de Andrequicé. A também terapeuta holística, Nice Kreusch, afirma que a Semana Cultural da vila que inspirou da obra de Guimarães Rosa, escritor e amigo íntimo do vaqueiro Manuel, patrono do festival, inspira as mulheres a realizar essa conexão com a literatura, a natureza e a ancestralidade do vilarejo, em pleno sertão mineiro.
“Naturalmente elas vivem uma vida mais lenta. Porém, quando chega a Festa de Manuelzão, elas ficam numa animação só. Todas querem saber qual será a roupa, que música irão dançar, isso mexe muito com o coração delas”, complementa.
A XXII Semana Cultural Festa de Manuelzão em Andrequicé termina neste domingo (9). Clique aqui para seguir o perfil oficial do festival e conferir toda a programação.
Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 03 e 05 – Saúde e bem-estar e Igualdade de gênero, respectivamente.
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