Um pedacinho do nordeste em Goiás. Assim podemos descrever a cidade de Terezópolis de Goiás, distante apenas cerca de 30 km de Goiânia. Neste ano, o município presta uma homenagem ao povo nordestino por meio do I Festival Gastronômico de Terezópolis, o Terê Oxente.

O evento que faz parte das comemorações do aniversário de emancipação política da cidade – datado de 29 de abril – vai até o domingo (30). Apesar de estar em sua primeira edição, o Terê Oxente integra o Circuito Gastronômico do estado. Nordestinos e seus descendesnte compõem a maior parte dos cerca de oito mil habitantes de Terezópolis.

Segundo o prefeito do município e idealizador do Festival, Francisco Alves de Sousa (PSDB), mais conhecido como Juninho – que também descende de nordestinos – a Festa representa uma oportunidade para que Terezópolis deixe de ser somente um ponto de passagem para os condutores que trafegam pela BR-153, entre Goiânia e Anápolis. “Nos sentimos privilegiados por receber pessoas maravilhosas. É um privilégio homenagear a comunidade nordestina e inclusive fiquei surpreso quando soube que o Festival é considerado a maior festa com a temática nordestina do estado de Goiás”, ressalta.

Gastronomia

Quem visita o Festival, logo se depara com dezenas de barracas de comida nordestina espalhadas ao redor da charmosa igreja matriz da cidade. No cardápio não poderiam faltar um bom mocotó, buchada, baião de dois, chambaril, bobó de camarão, tapioca, cuscuz com carne de sol, paçoca, dentre outros pratos típicos.

Um evento deste porte requer clareza e planejamento. Francisco Lopes de Araújo faz parte da equipe de organizadores do Festival. Ele afirma que a equipe levou aproximadamente cinco meses para concluir todo o trabalho. “Quando nós pensamos o Festival, tínhamos em mente que faríamos um evento normal, não pensamos que seria muito grande. Mas a medida que convidados a comunidade, o setor de alimentação, os parceiros, as escolas e o governo, vimos que o evento tomou uma proporção muito grande. São centenas de pessoas envolvidas dentre comunidade, expositores e parceiros, desde crianças a idosos e Autoridades”, resume.

À convite da organização e por meio de uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio ao Microempreendedor em Goiás (Sebrae-GO), o chef Marco Tullio Abras – que é mineiro de nascimento- veio do Ceará para assinar o menu do Festival e ministrar oficinas de boas práticas para preparação de alimentos. A elaboração do cardápio contou também com o auxílio das chefs Lila e Mariana Rodrigues.

“Eu fui ‘adotado’ há três anos pelo Ceará e eu trouxe um pouquinho do tempero, do jeitinho nordestino, do carinho que esse povo tem no preparo dos alimentos. A comida do nordeste tem temperos muito peculiares. Então, para que exista uma aceitação maior por parte do público, nós levamos em conta também a capacidade de consumo desse público, do que as pessoas gostam mais”, explica Abras.

A expositora Juliana Andrade passou pela oficina de boas práticas oferecida pelo Sebrae. Segundo a expositora a oficina viabilizou o aprendizado de novos conteúdos referentes ao atendimento ao público. “Eu tenho um restaurante há 16 anos e tanto eu quanto meus funcionários participamos da oficina. Foi muito bom, nos sentimos gratificados por aprender ainda mais com os profissionais”, pontua.

Artesanato e Literatura

Além da gastronomia, a arte regionalista também tem espaço no Festival. Ao todo, 77 pessoas da comunidade contribuíram com a produção artesanal apresentada no festival. A Literatura de Cordel – gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos – foi relembrada a partir de trabalhos de alunos da rede municipal de ensino de Terezópolis.

As cinco escolas públicas do município se engajaram no projeto. A diretora do Centro Municipal de Educação Infantil Professora Miralda de Queiroz, Maria Aparecida Amaral, enaltece o resgate histórico-literário promovido por meio do Festival junto aos estudantes de Terezópolis. “Esse evento veio para acordar a população para as origens do nordeste, a maioria do povo aqui é formada por nordestinos. Estamos resgatando a literatura de cordel nas escolas e isso é muito importante”.

Poesia com Rapadura

A grande atração da noite de lançamento do Festival, no dia 28 de abril, foi o poeta e influenciador digital Bráulio Bessa – que por meio do programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, tem levado a cultura nordestina para todo o país.

Natural da cidade de Alto Santo, no sertão do Ceará, Bráulio Bessa tem percorrido o Brasil dando palestras e divulgando seu livro Poesia com Rapadura – obra formada por poesias em Cordel. Segundo o escritor, a realização de Festivais em homenagem ao nordeste fora do território nordestino contribui para a diminuição do preconceito. “Isso é uma prova de que nós estamos no caminho certo. Goiás presta uma homenagem de forma respeitosa ao povo nordestino que é tão trabalhador”, avalia.

Programação

29/04 (Sábado)

19h – Reabertura do Festival Terê Oxente

20h – Apresentações Culturais: Escolas Públicas

21- Show: Repente e Embolada – Peneira e Sonhador

23h- Trio Gavião e Jeferson Leite

00h- Shows com as duplas: Derick e Eduardo; Renato e Raphael

30/04 (Domingo)

19h – Reabertura do Festival Terê Oxente

20h – Apresentações Culturais: Escolas Públicas

21h – Show com Trio Gavião e Jeferson Leite

23h – Shows com a dupla Breno e Kadu e com o cantor Roone Borges

00h- Show com o grupo Falamansa