Um estudo realizado na Universidade Estadual Paulista (Unesp) aponta que a fumaça pode favorecer a germinação de sementes do Cerrado e otimizar a restauração de áreas degradadas do bioma. A pesquisa investigou a fumaça como um produto do fogo dentro de estratégias de manejo e restauração de sementes de 44 espécies do Cerrado.

O estudo publicado no periódico Plant Ecology faz parte do doutorado de Gabriel Schmidt Teixeira Motta, orientado por Rosana Marta Kolb. Mas ainda tem a participação ainda de Natashi Pilon e Alessandra Fidelis.

“Os resultados indicam que a fumaça pode atuar como um estímulo importante para a germinação em algumas espécies do Cerrado, oferecendo uma vantagem competitiva no ambiente pós-fogo. A pesquisa sugere que as respostas à fumaça são altamente específicas para cada espécie e variam de acordo com a forma de crescimento e o tipo de comunidade vegetal”, resumiu Rosana Marta Kolb.

Fogo no Cerrado

A ideia de regeneração do Cerrado com fogo não é absurda porque as plantas nativas do bioma evoluem naturalmente com queimadas espontâneas. Por isso, pesquisadores já haviam investigado a ação da fumaça nessa regeneração e agora na Unesp houve um estudo mais amplo.

“O levantamento feito neste estudo é o mais completo já realizado no Cerrado. O Gabriel avaliou o efeito da fumaça na germinação de 44 espécies do estrato herbáceo-arbustivo do bioma, envolvendo gramíneas, outras ervas [não gramíneas], subarbustos e arbustos”, disse Kolb.

A fumaça pode favorecer e/ou prejudicar as sementes. Na pesquisa, portanto, os pesquisadores optaram por usar ‘água de fumaça’ que é um produto comercial. “Ela produz um efeito equivalente ao da chuva depois da queimada. E sua ação pode ser facilmente reproduzida por outros pesquisadores”, explicou a orientadora. 

Resultados importantes

Os pesquisadores não definiram estratégias de manejo. A aplicação da pesquisa se deu no efeito direto da fumaça na germinação das sementes. O resultado mostrou que as sementes que responderam bem poderão ser semeadas em áreas que sofreram a ação do fogo em queimadas e em áreas degradadas por pecuária e outros usos do solo.

“Verificamos que, não apenas as plantas típicas de savanas, mas até mesmo algumas espécies de campos úmidos, que não evoluíram na presença de fogo intenso e frequente, responderam bem ao tratamento com fumaça”, destacou Rosana.

*Com Agência Fapesp

*Este conteúdo segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudanças Climática.

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