O futebol pode ter um papel fundamental na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas, sendo uma importante ferramenta para combater as desigualdades, e as injustiças sociais, fomentando o debate sobre as mudanças climáticas, revendo padrões de consumo e colocando a economia a favor de desenvolvimento. O Fortaleza Esporte Clube vem desenvolvendo atualmente, vários planos voltados para os ODS. Assista à reportagem a seguir

O clube cearense é pioneiro no futebol brasileiro em práticas sustentáveis e sociais e inclusive, tem um departamento específico para tratar destes assuntos. Matheus Fontenelle é gerente de ESG (Governança Ambiental e Social) do clube e explica um pouco dos projetos executados pelo Fortaleza.

“As ações práticas que hoje desenvolvemos no Fortaleza, estão pautadas em alguns projetos que ou já iniciaram a operação, ou ainda estão em fase de construção. Temos como exemplo o projeto intitulado Universidade para Todos. Buscamos com o apoio de uma instituição de ensino, trazer a possibilidade de colaboradores do clube terem acesso a um ensino de qualidade. Então acreditamos que isso é um alinhamento a um dos ODS’s. Com isso, estamos contribuindo para que esses colaboradores tenham cada vez mais, possibilidade de competir no mercado de trabalho, de forma mais impactante”, destacou Matheus.

Reflorestamento

Além do projeto Universidade para Todos, o Fortaleza também trabalha internamente, com reaproveitamento de resíduos orgânicos. Segundo Matheus Fontenelle, as sobras de alimentos e também o que é descartado no preparo, passa por um sistema de processamento, para se tornar adubo. Dessa forma, o adubo serve para outro projeto do Leão, que é de reflorestamento.

“Isso vai ser reutilizado dentro de uma cadeia circular num outro projeto que a gente idealizou, que é a compensação de emissão de carbono. Por atividades ou eventos organizados pelo clube, inclusive jogos do Fortaleza. Pretendemos zerar a emissão de carbono do transporte dos torcedores com direção ao estádio. Dessa forma, a ideia de compensar essas emissões, é através de reflorestamento”, revelou Matheus Fontenelle.

Mulheres Empreendedoras do Pici

Em breve o Fortaleza também iniciará o projeto Mulheres Empreendedoras do Pici. O plano tem o objetivo de contribuir com as mulheres que vivem no entorno do bairro do Pici, onde fica uma das sedes do Fortaleza. De acordo com Matheus Fontenelle, não será apenas um projeto para dar condição de trabalho, mas também, acompanhar o processo constantemente.

“Esse projeto idealiza uma condição de vida melhor para as mulheres em estado de vulnerabilidade que abrigam o entorno do bairro (Pici), onde a sede administrativa do clube está localizada. Esse projeto não é apenas capacitar, mas manter uma estrutura de melhoria contínua no processo, para que essas mulheres tenham a possibilidade de confeccionar artigos que serão licenciados pelo Fortaleza. Inclusive tendo em suas lojas oficiais, um ponto de apoio pra venda desse material e parte da renda será destinada para essas mulheres. Então a ideia é trazer uma condição mais humana, uma condição de vida mais interessante pra essa população do entorno”, finalizou Matheus Fontenelle.

Fortaleza e o For All

Todos os projetos do Fortaleza fazem parte do For All, que na tradução para o português significa ‘Para Todos’. Assim, Matheus Fontenelle sintetiza o que o Fortaleza quer, ao trabalhar as ações voltadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Segundo ele, a intenção é fazer do Fortaleza, uma referência nacional e internacional, dentre os clubes de futebol.

“A proposta do For All é de fato, transformar o Fortaleza Esporte Clube no primeiro clube do Brasil a incorporar os objetivos de desenvolvimento sustentável ao planejamento estratégico. A gente acredita que se consegue gerar crescimento e resultado, fazendo o bem. Então o principal compromisso do projeto é promover ações práticas alinhadas com os ODS’s das Nações Unidas”, concluiu Matheus Fontenelle.

Intencionalmente ou não, alguns outros clubes também desenvolvem atividades que se encaixam nos objetivos de desenvolvimento sustentável, das Nações Unidas. Ao passo que o Mirassol utiliza energia solar em seu centro de treinamento no interior de São Paulo, além de gerar uma economia para o clube, a atitude contribui para diminuir o impacto no meio ambiente. Por outro lado, o Athletico Paranaense reutiliza as águas das chuvas para irrigação de seu gramado.

Projeto For All do Fortaleza Esporte Clube. Foto: Divulgação.

Goiânia

Em Goiânia o ponto principal dos clubes da capitão é o lado social, seja de seus jovens atletas ou o exemplo do Vila Nova que recentemente firmou parceria com o Sesc, para atender crianças de famílias de baixa renda.

Vila Nova e as ações sociais

O Vila Nova Futebol Clube tem uma parceria com o Sesc, que pode atender até mil crianças de famílias de baixa renda. A princípio o acordo entre as duas entidades é de dar a oportunidade para essas crianças, de praticar esportes, sendo futebol ou artes marciais, de forma gratuita. Além disso, tanto as crianças como seus familiares também tem a oportunidade de atendimento odontológico, psicológico e oftalmológico gratuitos e também uma biblioteca móvel, disponível para as crianças. De acordo com o vice-presidente Leandro Bittar, o Vila Nova também procura dar suporte aos jovens jogadores do clube.

“Tem o atendimento psicológico, assistente social que faz acompanhamento de frequência escolar, com notas. Então todo suporte que a gente pode dar, até na parte nutricional pra que eles enquanto atletas, tenham educação alimentar, entendam a importância de cada alimento na formação de um atleta. A questão psicológica, os atendimentos são praticamente diários, o acompanhamento da nossa psicóloga junto a eles que muitas vezes trazem alguns problemas familiares. E a questão do acompanhamento na escola, pra que ele tenha não só a visão de um atleta, mas também a formação de um ser humano com caráter. Pra que ele possa, caso não vire um atleta profissional, ter também essa formação e esse legado que o clube procura deixar pro atleta”, pontuou Leandro Bittar.

Busca por ações sustentáveis

Além da preocupação social, o Vila Nova também trabalha com medidas internas, pensando na sustentabilidade e no meio ambiente. Segundo Leandro Bittar, algumas medidas já são tomadas no clube, como separação do lixo produzido. Contudo, os dirigentes do Vila Nova também planejam formas de diminuir o consumo de energia e o pensamento é conscientizar o torcedor colorado, nesses processos.

“Temos um projeto voltado para a energia solar, estamos com uma parceria bem encaminhada. Pretendemos instituir isso no clube pra que tenhamos uma energia cada vez mais limpa. Além disso, fizemos substituições dos refletores do OBA, que além de gerar uma economia financeira, haverá uma redução no consumo da energia, será uma energia mais limpa. A questão do lixo, também fazemos isso internamente, a separação do que é orgânico do reciclável. Então são atitudes que a gente precisa colocar pra nossa torcida. Com algum investimento, fazer algumas ações que temos em mente, para que isso possa se estender ao nosso público. Dessa forma, que a gente possa contribuir para ter um clube cada vez mais contribuir, pra termos um clube mais sustentável e que pense além do futebol”, concluiu Leandro Bittar.

Atlético Goianiense e o cuidado com os jovens

O Atlético Goianiense também tem a preocupação social com seus atletas, não só para a evolução como jogador, mas com o crescimento pessoal. De acordo com Rafael Cotta, Coordenador Geral do Atlético, além do acompanhamento uma coisa é certa, quem não estuda, não joga no clube campineiro.

“É uma preocupação muito grande, temos que entender que atrás do atleta tem o ser humano. Principalmente se tratando de um jovem atleta, ele sai de um lugar às vezes bem longe e não sabemos como é a estrutura familiar. Então precisamos oferecer algo que o atleta independente da categoria, evolua como pessoa e caráter. Essa é a nossa parcela de contribuição. O atleta tem que entender que quanto mais ele trabalha o cérebro, vai conseguir evoluir, nosso cérebro precisa estar sempre trabalhando, ganhando conhecimento. Além disso acompanhamos a escola, não cobramos que todos tirem nota dez. Porém cobramos que tirem pelo menos a média, que se interessem por isso e que entendam que pode fazer a diferença pra eles. Então cobramos que o atleta que não estuda não pode jogar, por entendermos que o futuro do país está nesses atletas”, explicou Cotta.

Projetos em andamento e para o futuro

O Atlético tem um projeto em andamento de mídia training, que nesse caso, envolve também os jogadores do time profissional. Assim, os integrantes da comissão técnica e o próprio Rafael Cotta, ministram palestras para trabalhar o comportamento dos atletas em contato com a imprensa. Dessa forma, existe também o estímulo a leituras e desenvolvimento cognitivo. Por último, Rafael Cotta revela um projeto em desenvolvimento que em breve será executado, que é um auxílio ao que é aprendido na escola.

“A ideia é melhorar a educação em paralelo com a escola. Queremos oferecer algumas aulas que às vezes não tem na escola. Por exemplo, falar sobre educação sexual, drogas, educação financeira. Sabemos que os meninos às vezes ganham um dinheirinho a mais, e não sabem o que fazer. Então o menino tendo o entendimento disso desde cedo, a gente consegue fazer com que lá na frente, ele tire proveito disso. É a nossa parcela. Não é sempre que a gente consegue fazer da forma efetiva como queremos. Porém, tentamos aplicar da melhor maneira possível”, concluiu Rafael Cotta.

Próximo capítulo

Na semana que vem, na série Repense, continuaremos tratando sobre o Desenvolvimento Sustentável no mundo do futebol, como ações populares, de torcedores tem colaborado para preservar o meio ambiente e ajudando a deixar os estádios mais limpos.

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