Um dos grandes entraves ao desenvolvimento das cidades em todo o mundo é a capacidade de geração de energia. Com a diminuição da oferta de combustíveis fósseis, é cada vez mais necessário pensar em maneiras de se produzir energia de maneira limpa e sustentável. Assista à reportagem a seguir

Por outro lado, o tratamento de resíduos também é um dos maiores desafios da maior parte dos países. A melhor forma de tratar resíduos orgânicos é transformando-os em algo reutilizável. A natureza nos ensina como fazer isso através da decomposição de tudo o que é orgânico. O mesmo princípio é utilizado em biodigestores.

Uma das alternativas disponíveis para sanar esta questão é o reaproveitamento do lixo para a geração de energia, biocombustíveis e biofertilizantes. Um espaço como a Central de Abastecimento de Goiás, a Ceasa, está cheio de oportunidades para a produção de energia.

A Ceasa é o principal interposto de comércio de alimentos perecíveis da região centro-norte do brasil e a quinta do ranking nacional. Diariamente circulam por lá cerca de 15 mil pessoas. Com tanta oferta de alimentos, a questão do desperdício e da geração de lixo orgânico não pode ser deixada de lado.

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Centrais de Abastecimento de Goiás recebe grande volume de pessoas diariamente. Foto: Ceasa-GO

Para o engenheiro agrônomo e especialista em tratamento de resíduos sólidos, Marcelo Conrado, grande parte dos entraves econômicos do país estão relacionados à produção de energia.

“Entre os principais aspectos relacionados a problemas ambientais, estão o reaproveitamento de resíduos sólidos, em especial os resíduos orgânicos, a geração de energia e de combustível, que afetam diretamente a economia do país. Iniciativas como esta aqui no Ceasa vão sanar dois problemas: o do lixo e o de geração de energia”, disse o especialista.

O presidente da Ceasa Goiás, Lineu Olímpio, explica que já existe um projeto para a construção de um biodigestor na central, e que está apenas aguardando um aporte financeiro que deve vir do governo estadual.

“Já existe aqui atualmente, em processo bem avançado, um projeto onde o governo de Goiás fará um investimento de R$ 4 milhões na Ceasa para a construção da uma usina de biodigestor. Com isso nós teremos um avanço muito grande em relação aos custos da Ceasa e sem dúvidas em melhorias para nosso meio ambiente”, revela o presidente.

O professor do Instituto Federal de Goiás e coordenador do curso de engenharia ambiental, Antônio Pasqualeto, explica que além do problema do descarte, as sobras de alimentos atraem pássaros que, devido à proximidade da Ceasa com o aeroporto, também podem causar acidentes.

“Pássaro procura locais onde há restos de comida. Essas sobras representam 2/3 do resíduo sólido produzido pela população. Se nós tivéssemos uma central de tratamento apenas deste resíduo, seria possível produzir além de energia, um material que seria um excelente adubo para nossos produtores”, explica o professor.

Um dos projetos que reaproveita o uso de materiais orgânicos para a produção de biogás e biofertilizantes é realizado na Universidade Federal de Goiás (UFG), na Faculdade de Agronomia.

Os biodigestores são compartimentos fechados nos quais ocorre decomposição de matéria orgânica, produzindo biogás e biofertilizante. O estudante de Agronomia e técnico do laboratório de biogás, Quércio Reis, explica como é a estrutura de um reator.

“Esta é uma solução simples e barata, qualquer pessoa tem condições de criar um reator que utiliza a decomposição de materiais orgânicos para a produção de gás. É um meio de ajudar o meio ambiente, totalmente sustentável, sendo o biogás um produto que tem um mercado que está em acessão no Brasil”, explica o estudante.

O estudante também deu exemplos de como o biogás pode ser utilizado no dia a dia. “É possível utilizar o gás para economizar energia elétrica, substituir o gás de cozinha e a gasolina, que vem do petróleo e que a cada dia fica mais escasso. Com o biogás temos uma energia limpa e renovável” afirmou Quércio.

A gestão de resíduos e a produção de energia sustentável tem um novo papel nas dinâmicas pós pandemia, além da questão da saúde do planeta, o de protagonistas na economia.

Tudo isso se torna cada vez mais importante para a mitigar às emissões de gases de efeito estufa, levando para todos uma vida mais saudável e sustentável.

Repense

Esta reportagem integra a série Repense Consumo desenvolvida pelo Sistema Sagres com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos a sustentabilidade, a produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – ODS 12 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”.

Todo domingo você acompanha uma nova reportagem e ao longo da semana, em nossa programação, são organizados fóruns de debate com especialistas e jovens aprendizes de todo o Brasil.

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