Os Gases do Efeito Estufa (GEE) afetam a Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC), principal corrente oceânica que regula o clima do planeta. A corrente é responsável pelo transporte de calor entre os hemisférios e está associada à formação de águas profundas em regiões polares e subpolares.

O efeito das emissões dos gases do efeito estufa sobre a corrente oceânica é apontado pela Universidade de Copenhague. O estudo alerta que um colapso na corrente teria impactos severos no clima na região do Atlântico Norte, pois ela é um importante elemento de inflexão no sistema climático do oceano.

Assim, alerta o estudo, é necessário frear as mudanças climáticas, porque o oceano absorve 90% do calor do aquecimento global. César Barbedo Rocha, professor do Departamento de Oceanografia Física do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, afirmou que a corrente está ligada ao clima de regiões polares e subpolares.

“Em particular esse ramo da AMOC que foi citado nesse estudo é formado pelo afundamento de água no Atlântico Norte em regiões perto da Groenlândia, principalmente nos mares nórdicos e no mar do Labrador”, contou.

Colapso da corrente

O efeito do calor sobre o oceano pode mudar o ciclo natural das águas. O professor explicou que a água pode ficar muito fria e afundar. Logo, o oceano vai perder muito calor para a atmosfera, já que a água fria é mais densa e afunda violentamente. 

“Essa água afundando, ela começa a se deslocar para o Sul, só que você não cria um buraco. A água é um contínuo. Então, para compensar essa água que afunda na parte superior do oceano, existe um transporte em direção ao norte, no Atlântico”, explicou.

Especialistas alertam que o colapso da corrente tem 95% de chance de ocorrer entre 2025 e 2095. O aquecimento global já provocou o enfraquecimento da AMOC em pelo menos 10% nas últimas décadas.

“Com o aquecimento global e o derretimento do gelo continental, esse gelo chega ao mar como água doce via rios, e aí a água fica menos densa do que ela é e fica mais difícil dela afundar”, destacou.

Impacto global

A corrente transporta uma grande quantidade de calor e afunda aproximadamente 20 milhões de metros cúbicos de água por segundo. Assim, por transportar calor do Atlântico Sul para o Atlântico Norte, explicou o professor, “o efeito é global”.

Barbedo Rocha contou que os efeitos são diferentes em cada lugar do mundo, então cada país deve se preparar para lidar com as mudanças climáticas e os efeitos delas sobre os oceanos.

“É realmente uma questão fundamental os países e as cidades se prepararem, entenderem bem essas previsões e se prepararem em seu planejamento”, finalizou.

Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 13 – Ação global contra a mudança do clima

*Com informações do Jornal da USP

Leia mais: