A cidade não aguenta uma chuva e o fato não é novo. É um fenômeno sobrenatural: aos primeiros relâmpagos começam as inundações. Pingou, tem enxurrada. A prefeitura coloca a culpa nos bueiros entupidos, mas é meia verdade e o que é 50% verdadeiro é também metade de uma mentira. A verdade inteira é que as autoridades abandonaram Goiânia completamente. Até o Ministério Público, antes tão zeloso, parece ter se cansado de enviar procedimentos ao Poder Judiciário. O resultado é uma cidade impermeável, poluída, violando mananciais, cujo Plano Diretor é apenas carta de intenções.

Grandes corporações mandam em Goiânia há muitos anos. O prefeito, qualquer prefeito, governa apenas seu gabinete, não tem ascensão sequer sobre suas secretarias e agências. O pior exemplo é a Agência Municipal de Meio Ambiente, 200% entregue a malfeitores públicos e privados. Tem muita gente honesta na Amma, mas os poucos desonestos bagunçam a cidade. Não importa quem é o prefeito, não importa quem é o presidente da Amma: as máfias vão continuar fazendo o que querem na ocupação do solo, na distribuição de espaço, na concessão de licenças, nos velhos alvarás, nos ultrapassados habite-se.

A cidade é submissa aos salteadores de sua urbanização. O prefeito Paulo Garcia é honesto e o presidente da Amma, Pedro Wilson, é honestíssimo. Mas pessoas superlativas não necessariamente geram adjetivos favoráveis, até porque quem governa é a bandalheira e ela independe de quem está no poder oficialmente.

Os piores exemplos são os das empreiteiras, mas não todas e basta um pequeno grupo de pilantras para bagunçar a cidade. Por isso, deu em nada a Comissão Especial de Investigação conhecida com CEI da Amma. Não havia nada de especial a investigar, porque na área de meio ambiente os ratos sofrem de uma deformidade genética maior que a moral. Eles nascem com o rabo preso. Não importa quem é o prefeito, não importa quem é o presidente da Amma, não importa Goiânia, o que importa é a máfia lucrar. E a máfia lucra com todas as formas de agressão à cidade.

Como a Rede Clube de Comunicação repete sempre, chuva não é maldição. Chuva é bênção, chuva é vida. Maldição é ter uma cidade entregue às máfias. Afinal, quem molha mão não é chuva, é máfia.