Goiânia é conhecida como “cidade verde”, sendo uma das capitais mais arborizadas do Brasil, com índice de área verde em 14,78 m² por habitante¹*. A realidade é melhor do que em outros locais, mas Goiânia precisa superar desfiguração ambiental, partir do corte indiscriminado de árvores, em canteiros centrais e praças da cidade.

A administração municipal tem o discurso pronto que foram plantadas mais de 300 mil mudas desde 2021 (o que é muito bom). A maior parte foi plantada em parques da cidade. Bom lembrar que nem toda muda se torna uma árvore adulta.

Diferente do que expressa o Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU), ao fazer o plantio, a muda precisa receber os devidos cuidados. Em muitos locais pela cidade, o que se vê na prática, é o plantio e depois o esquecimento do arbusto. Um galho seco que não cresce e está longe de produzir sombra.

Além disso, nos últimos anos o número de árvores extirpadas em área urbana é preocupante. Foram 4607 árvores retiradas em 2021; 2559 em 2022 e em 2023, até outubro, foram 5268 árvores cortadas e retiradas.

Em muitos casos são árvores condenadas, doentes, que podem provocar riscos, a população. Mas, em outros não. É o caso de uma mangueira com mais de 40 anos de idade que foi arrancada pela Comurg, na Avenida França, no Residencial Ville de France. Aparentemente, não havia nada com a planta.

O novo Plano de Arborização possibilita a denúncia de fatos em que árvores que apresentem riscos, sejam removidas, mesmo que estejam em propriedades privadas.

Além disso, autoriza o corte de árvores mortas ou comprometidas fitossanitariamente em canteiros centrais e áreas verdes sem a necessidade de autorização específica.

A administração municipal não deve se limitar a apenas dizer que planta árvores, e elas ficarem concentradas nos parques. A prefeitura precisa retomar, em conjunto com a população, como também estabelece o Plano de Arborização, uma construção coletiva.

Mito e debate

No quadro atual dizer que Goiânia é uma cidade verde é um mito. Continuamente há notícias de cortes indiscriminados, e com isso os reflexos são colhidos pela população, com aumento da temperatura.

O tema arborização ou o mito dele, precisa ser debatido pelos candidatos nas eleições deste ano. A cidade sofre com problemas tais como: a poluição do ar, das águas, a carência de infraestrutura básica, dificuldades de locomoção, ausência de áreas verdes e diminuição da qualidade de vida de seus citadinos.

É neste contexto, que as áreas verdes urbanas são fundamentais, pois agem, purificando o ar, por fixação de poeiras e materiais residuais e pela reciclagem através da fotossíntese, regula a umidade do ar, mantém a permeabilidade, a fertilidade e a umidade do solo protegendo-o contra a erosão e reduzindo os níveis de ruído.

Goiânia não pode viver do seu mito de cidade verde, verdadeiramente ela precisa se vestir com todo o verde, com arborização adequada, em ruas e avenidas da capital.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria se destaca o ODS 11- Cidades e Comunidades Sustentáveis.

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