Como adiantado pelo Sagres Online, Goiás apresentou estagnação da indústria em 10 anos, se mantendo na nona posição no ranking brasileiro quanto à participação no Produto Interno Bruto (PIB) industrial. O diagnóstico é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicado nesta segunda-feira (17/5). Em entrevista à Sagres, o economista chefe da CNI, Renato Fonseca, explicou a desaceleração do setor em Goiás e afirmou que a mudança de cenário ocorrerá com investimentos em infraestrutura.

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“Goiás ainda tem uma indústria mais diversificada não só de alimentos, mas também metalurgia, automobilística, bebidas, vestuário. Se o estado quer avançar, é necessário investir. Estamos no centro do país. É necessário investimento nas estradas e na logística de comunicação, redução da burocracia na abertura de empresas. O desafio hoje é reduzir esses custos, prover uma mão de obra qualificada. A logística tem que ser barata e fácil de escoar”, pontuou Renato.

Ouça na íntegra a entrevista:

O estudo mostrou a redução da participação da região Sudeste no PIB industrial e um aumento na participação das demais regiões geográficas, Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Goiás gerou pouco impacto nesse movimento. Em 10 anos, o estado ficou estagnado, apresentando variação de 0,08% na comparação entre os índices de participação no PIB industrial.

Segundo a CNI, Goiás é o estado mais industrializado do Centro-Oeste e no ranking brasileiro ele aparece em nono lugar. Os incentivos fiscais já tiveram protagonismo na guerra fiscal, mas isso ficou no passado. “Hoje, isso é insuficiente. Nos últimos anos o estado que mais dava incentivo fiscal era São Paulo. Independente desses incentivos, você percebe que outros incentivos levam as indústrias a expandirem suas filiais e fazer novos investimentos. Bahia e Pernambuco, por exemplo, estão atraindo as empresas pelas suas novas estruturas. Eles investiram em seus portos”, citou o economista.

A pesquisa, que compara biênios (2007-2008 e 2017-2018), mostra que Goiás foi ultrapassado e desponta menos no Centro-Oeste do que Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que se tornou um dos mais importantes para a produção do setor de Celulose e papel na última década. O estado avançou da 14ª para a 3ª colocação no ranking nacional de maiores estados produtores do setor de Celulose e papel. “É mais fácil um estado que está começando seu processo industrial a ter um crescimento mais forte”, ressaltou Renato Fonseca.

NACIONAL

Goiás perdeu 0,1 ponto percentual de participação na produção manufatureira do Brasil entre 2008 e 2018. São Paulo teve a maior queda entre os 26 estados e o Distrito Federal, mas continua sendo o principal parque industrial do País. Para o economista, a indústria brasileira como um todo continua sofrendo.

“A indústria não só perdeu a participação no PIB brasileiro, mas também a participação no mundo. O Brasil precisa cortar o custo e fazer com que um produto manufaturado seja tão barato quanto no resto do mundo. Não há saída senão fazer reforma tributária e administrativa, e trazer investimentos em logística. O Brasil precisa ser um país barato para se produzir. O futuro depende desses investimentos. Não é que não houve melhora. É uma corrida. Precisamos acelerar e ver o que é importante para gerar renda e reduzir pobreza”, reforçou.