O goleiro Jean, ex-São Paulo, atualmente no Atlético-GO (Foto: Nathália Freitas/Sagres On) 

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Rigorosamente um mês após anunciar a contratação do goleiro Jean, ex-São Paulo, o Atlético Goianiense apresentou o jogador na tarde desta quinta-feira (13) no CT do Dragão. O atleta de 24 anos ainda não estreou com a camisa rubro-negra, mas já está regularizado e foi relacionado pela primeira vez para o jogo contra o União em Rondonópolis-MT pela primeira fase da Copa do Brasil.

A demora para a apresentação do atleta aconteceu em decorrência de alguns ajustes documentais, já que o contrato dele com o tricolor paulista havido sido suspenso e o vínculo com a equipe goiana é por empréstimo e com a aquisição de 20% dos direitos econômicos.

Além disso, acusado de agredir a ex-esposa no Estados Unidos em dezembro, acabou preso no país norte-americano. Solto, acertou sua transferência para o Atlético e no mês passado a Promotoria da Flórida pediu que a Justiça dos EUA arquivasse a denúncia contra Jean.

O pronunciamento e a entrevista desta quinta-feira (13) foi o primeiro desde o ocorrido. Antes de Jean, o presidente executivo atleticano, Adson Batista, ressaltou que “quero reiterar a confiança que tenho no ser humano, na condição de dar oportunidade ao profissional, que tem potencial técnico e tem sido referência nos dias que está aqui. Tem sido muito muito dedicado e cumprindo à risca o que determinamos nos últimos encontros.

“Estamos muito felizes de também poder ajudar um ser humano a se recuperar. É um jogador de 24 anos, com uma vida longa na sua profissão e sabe que errou. Ele não quer persistir no erro e é importante as pessoas entenderem que existem dois lados, mas nada justifica a violência. Vamos procurar recuperar esse atleta, ele vai dar sequência na sua vida de maneira correta, porque se não sabe que não tem espaço aqui no Atlético”, completou.

Uma vez apresentado, o goleiro reforçou que “infelizmente durante esse tempo estava impossibilitado pela justiça americana, por causa do processo, de falar e tocar no assunto, de me referir direta ou indiretamente à minha ex-mulher. De antemão, pedir desculpa pelo meu erro, toda história tem dois lados sim, mas como o Adson falou, não justifica a agressão. Foi um reação que tive, mas que nunca tinha tido antes na minha vida”, disse.

Desistir?

Durante a entrevista, o goleiro disse que chegou a pensar em deixar o futebol. “Pensei em parar de jogar num momento em que estava sendo atacado de todos os lados. Pessoas me xingando e me julgando em tom muito agressivo, ameaçando até de morte. Pensei, sim, em parar de jogar, sofri bastante, estou sofrendo. Mas, por outro lado, em conversa com minha família e meu empresário me perguntando o que eu sabia fazer. Eu não soube responder. Jogar futebol é a única coisa que sei fazer. Se eu fosse sozinho, teria parado de jogar. Mas eu tenho minhas filhas, tenho que cuidar delas, por isso, não parei de jogar”, afirmou.

Jean disse ainda que “tem coisas” que só vai poder falar em breve, e que não poderia entrar em detalhes nesse momento. “De antemão venho aqui me apresentar, dar a minha cara a tapa e pedir desculpas para todas as pessoas, todas as mulheres que se sentiram ofendidas de alguma forma comigo”, direcionou.

Arrependimento

Questionado se teria noção do que representa agredir uma mulher, em um período de crimes como feminicídio e violência doméstica contra a mulher com dados alarmantes no Brasil, o jogador de 24 anos disse que se arrepende do que fez. “Por ser uma pessoa pública, e até o momento era jogador do São Paulo, que é um time visto mundialmente, claro que ia repercutir mais do que se fosse uma pessoa comum. Mas estou completamente arrependido”, respondeu.

Lição

“Toda história tem dois lados. Não estou certo. Que a minha história sirva de lição para que outros casos não venham acontecer, para todos os homens, não só figuras públicas. Tenho noção da repercussão, fiquei muito triste, minha família também, até porque tenho crianças que se espelham em mim e vendo aquele tipo de história acontecer comigo com certeza não foi um bom exemplo”, acrescentou.

Manifestação

Na coletiva, Jean foi assistido por representantes de movimentos contra a violência doméstica, que se juntaram logo que ficaram sabendo da contratação do jogador. Questionado sobre o que teria a falar a todas as mulheres, Jean enfatizou seu pedido de desculpas. “Em primeiro lugar, para todas as mulheres que de alguma forma se sentiram ofendidas, e não só mulheres, às pessoas que se sentiram ofendidas. Não sou esse monstro que fizeram de mim, nunca tinha agredido uma mulher. Foi uma situação de reação do momento, por fatos que vou esclarecer depois, mas que não justificava o ato de agressão”, reconheceu.

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Grupo de mulheres contra a violência acompanhou a entrevista de Jean no CT do Dragão (Foto: Nathália Freitas)

 

Gratidão

O goleiro também agradeceu pela nova chance, e disse que “se não fosse o Atlético hoje, meu contrato está suspenso com o São Paulo e não teria como ganhar dinheiro e trabalhar para hoje estar sustentando e dando educação para as minhas filhas. Então tenho que ser eternamente grato ao Atlético Goianiense e ao Adson por terem aberto as portas para mim para retomar a minha carreira”. 

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Colaboraram Arthur Barcelos e Johann Germano