Falar do Goiás Esporte Clube é falar de Hailé Selassié de Goiás Pinheiro. A história dos dois se confunde, já que desde 1963 ele é dirigente do clube goiano. Nestes 50 anos à frente do clube esmeraldino, Hailé já presenciou vários acontecimentos e tomou algumas medidas que entraram para a história, como a venda do craque Luvanor para o Catania, da Itália.

“O Luvanor foi o maior craque que o Goiás já produziu até hoje. Obviamente que com o dinheiro da negociação dele, que foi um milhão de dólares, sendo que naquela época o dólar era de quatro pra um, eu comprei aquela área onde é o CT do Goiás hoje. Aquela área de 8 alqueires, com 4000m²”, revelou o dirigente.

Em entrevista ao repórter Murilo Santos, do HOJE TV, o presidente do Conselho Deliberativo do Goiás destacou que não existe segredo para ficar todo esse tempo como dirigente de futebol. “Uma tremenda escassez de nomes melhores. Ninguém quer assumir, ninguém quer problema, ninguém quer gastar dinheiro, ninguém quer sofrer. Então, por idealismo, por estupidez, não tem nenhum segredo”, afirmou.

Goiás x Vila

A rivalidade entre Goiás e Vila Nova sempre foi a maior do futebol no Estado de Goiás. Grandes jogos marcaram esse duelo nas décadas de 1970, 1980 e 1990, inclusive com várias decisões de campeonatos estaduais. Mas, segundo Hailé Pinheiro, a rivalidade destas duas equipes vem diminuindo. Para se ter uma ideia, a ultima decisão de campeonato que os dois protagonizaram foi em 2005, quando o clube colorado conquistou o título nos pênaltis.

Mesmo considerando que o time não enfrenta uma boa fase, Hailé ressalta a força da torcida do clube colorado. “O Vila Nova é um clube diferente, desde sua fundação, como o próprio nome já diz, sempre foi mais popular. O Vila teve uma ascensão enorme, ganhou muitos títulos, era um time de massa e conseguiu criar uma imprensa favorável. O Vila foi crescendo e é um clube que tem uma torcida fiel. É uma torcida que em qualquer tempestade comparece”, disse.

Em comparação à torcida do Goiás, o dirigente acredita que a torcida do Vila é mais presente nos estádios. “Nenhum clube vive sem torcida, a torcida é um mal necessário. O clube que não tem torcida não sobrevive, tanto que um clube de empresários não sobrevive porque não tem o respaldo da torcida. Hoje o Goiás tem uma torcida enorme, o Vila Nova tem uma torcida fiel. O Goiás tem muitos torcedores da SKY, que preferem ir para o boteco do que ir para o estádio”, frisou.

Título brasileiro

haile-pinheiro-goiasO Goiás já conquistou 24 títulos goianos, mas nunca conseguiu levantar uma taça de campeão brasileiro. Hailé afirma que o Goiás não tem condição de brigar por título nacional. “As nossas condições financeiras são muito difíceis para ser campeão. O Guarani foi campeão brasileiro e onde está o Guarani hoje? A gente tem que disputar dentro daquilo que a gente consegue fazer. Hoje, o Goiás montou um time para estar entre os 10 primeiros do Campeonato Brasileiro”, destacou o presidente.

Ele ressalta que a falta de patrocinadores atrapalha o time a ser competitivo nacionalmente. “Nós não temos aqui em Goiás uma empresa que possa patrocinar a camisa do Goiás. Nós tentamos o patrocínio da Caixa Econômica, mas o Goiás não tem certidão negativa porque deve tributos demais. Agora, nós já negociamos um pouco, já saiu uma medida do governo para ajudar a negociar. Talvez para o ano de 2014 esteja em condições”, considerou Hailé Pinheiro.

Dinheiro público

O Estado de Goiás ficou de fora da seleção de capitais que serão sedes da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Hailé considera que esse fato foi positivo para o Estado porque, segundo ele, o governo tem outras prioridades com o que gastar o dinheiro como, por exemplo, hospitais, escolas e melhorias das cadeias para receber os presos. Para o dirigente esmeraldino, a construção de um estádio só iria atrapalhar o crescimento de Goiás.

Hailé Pinheiro ressalta que depender do dinheiro público para desenvolver obras é complicado. Ele lembra que a diretoria do Goiás investiu na reforma da Serrinha contando com o dinheiro do governo, mas esse pagamento não foi efetuado. Hailé frisa que o clube não vai receber em função de questões burocráticas.

“O Goiás trouxe a seleção aqui e gastou R$ 4 milhões e tinha uma promessa do governo para pagar. Acontece que legalmente não pode doar porque o Goiás é uma entidade privada e isso está certo. Quando o Goiás foi fazer a obra eu falei para não fazer porque não podia contar com o dinheiro do governo porque é muito complicado”, afirmou o empresário.