Depois de mais uma derrota no Campeonato Brasileiro, fechando o primeiro turno com dez tropeços e 21 pontos, a apenas três da zona de rebaixamento, o Goiás vive momento complicado na temporada. Presidente do Conselho Deliberativo esmeraldino, Hailé Pinheiro foi entrevistado durante o programa K Toca de Primeira Debates, na Sagres 730, e falou sobre a situação do clube.

Hailé Pinheiro assistiu a treino no Goiás e não gostou do que viu (Foto: Rosiron Rodrigues/GEC)

“A preocupação é geral, obviamente a minha é maior ainda. Realmente nós estamos em uma fase muito ruim, o time não está correspondendo, está com muitas divergências e as coisas não estão boas para o lado do Goiás. Eu conversei com o Marcelo (Almeida) procurando achar um caminho, mas por enquanto eu francamente não tenho a solução. O Goiás pode contratar agora no máximo três jogadores, já contratamos um punhado de jogadores que não vai jogar nem agora, nem amanhã e nem depois de amanhã”, revela.

Após a derrota por 3 a 0 para o Grêmio, Ney Franco disse que gostaria de reforços para o ataque, e Hailé afirmou que “eu implorei para o Carlos Eduardo voltar para o Goiás, mas ele não quer vir, o que eu posso fazer? Não tem jeito. Estava disposto a pagar o salário dele do Palmeiras. Então é muito difícil, o Ney pode querer, mas nem ele tem os nomes. O jogador que está na Série A não vai vir e os que não estão jogando não servem, na Série B também os melhores estão disputando a classificação. Agora a gente não resolve na última hora, tinha que resolver antes, mas não fomos muito felizes na formação da equipe”.

Sobre indicar ou contratar jogadores, o dirigente garante que “eu não faço nada no Goiás se o presidente não é o primeiro a saber. O Marcelo é meu amigo, luta e trabalha muito, às vezes ele não está sendo feliz. Perdemos o Campeonato Goiano e saímos da Copa do Brasil, trocamos o treinador e já é o terceiro, então é difícil. Não estou culpando ninguém, o Marcelo sabe o que eu penso, nós conversamos na sexta-feira e fomos juntos no treinamentos. Mas eu voltei meio descrente do Goiás, eu fui lá ver o treino e tinha aquele jogo de bobinho, não tinha técnica, tática, nada”.

“Eu estou muito preocupado, o time não está demonstrando reação. Eu vi o CSA com um time bem menor do que o nosso dar um trabalho tremendo para o São Paulo. Precisa ter vontade também, o time não está agradando e nós temos nessa semana a Copa Verde, que precisamos ganhar também, temos o Fluminense, que está competindo com a gente na zona de baixo, então está muito ruim”, ressalta Hailé, lembrando as próximas partidas do Goiás, que enfrenta o Cuiabá nesta quarta-feira, às 19h, pela Copa Verde, e o Fluminense no domingo, também às 19h, ambas as partidas em Goiânia.

A respeito da descrença com o treinamento que presenciou no CT, o presidente do Conselho Deliberativo avalia que “o Ney é um homem muito sincero e equilibrado, mas acontece que ele precisa tomar providências, eu não posso escalar o time para ele, ele ganha para isso. Contrataram errado e alguém tem que assumir isso. Eu não mando no Goiás, falei com o Mauro (Machado) um punhado de vez falando “que esse não joga mais nada, não serve mais”, mas contratou, e contratou com muito dinheiro, não foi com pouco”.

Sobre as divergências dentro do clube, o dirigente frisa que “eu tentei fazer o clube ser mais democrático e parece que o negócio não funcionou. Vamos ver um exemplo, você não fala com as pessoas do Atlético, é só com o Adson (Batista). Certo ou errado, ele faz assim e está demonstrando que tem uma competência muito grande. Então o Goiás agora está assim, não sei o que está acontecendo, eu coloquei um punhado de vice-presidente, pessoas que respeito, mas parece que eles não estão em prol da mesma causa. Isso me deixa muito chateado e magoado”.

Além das dificuldades de achar jogadores, o Goiás tem problemas na parte financeira, e Hailé ressalta que “o futebol é altamente deficitário. O Goiás vive da Globo e dos jogadores que revela e vende, só isso. Desde o Luvanor foi desse jeito, não mudou nada. O futebol hoje é o seguinte: quatro clubes tem sustentação, o resto vive na miséria”. O cartola destaca que está em “um estado pobre, aqui não tem nenhum empresa goiana que consegue patrocinar um clube de futebol. Não é muito dinheiro, não tem uma empresa que consegue gastar 500 mil reais por mês com futebol”.

Após a derrota para o Grêmio em Porto Alegre, a sede do clube sofreu danos e o dirigente analisou a situação que “a torcida quer ganhar jogo, e ela está com a razão. Ela sofre, chora, briga e não ganha jogo ainda? Não está errado, eu não sou contra a torcida não. Agora, quebrar tudo, o cara está quebrando o próprio patrimônio, que foi feito com muita luta, e não foi uma luta do Hailé Pinheiro, foram de várias gerações. Mas a torcida está com a razão, ninguém quer perder jogo, nós temos que ganhar do Cuiabá de qualquer jeito”.