Artilheiro do Goiás em 2018, Lucão carrega o filho Noam em uma partida do time esmeraldino na Série B (Foto: Rosiron Rodrigues/Goiás EC)

O acesso do Goiás para a Série A passou pelos pés de Lucão. Vice-artilheiro da Série B, com 16 gols em 29 jogos disputados, o jogador era peça chave no esquema do técnico Ney Franco e formou dupla de sucesso com Michael. Porém, o jogador não permaneceu para este ano. Em entrevista à Sagres 730, o ex-camisa 9 do Verdão lamenta não ter continuado no clube e revela que quer voltar no futuro.

“Isso me incomoda um pouco (não ter renovado contrato). Não vou ser hipócrita de falar não. Era um lugar que eu me dava bem, tinha a minha casa e minha família estava adaptada. Mas minha vida é assim, estamos sujeitos a mudar sempre de lugar. Deixei na mão de Deus com meu empresário. Infelizmente não teve acordo. Mas respeito o Goiás. Não tenho nada para falar. É um clube que poucos do Brasil dá tantas condições. Quem joga aí, tem de suar muito. É uma camisa muito pesada. Ela carrega o sonho de uma nação. Tem de dar duas vidas para jogar no Goiás. Uma só não basta”, disse o jogador.

Durante a Série B, o Goiás chegou a flertar com a Terceira Divisão após péssimo início, quando fez apenas dois pontos em sete jogos e chegou a ocupar a última colocação. Mesmo com a fraca largada no torneio, o esmeraldino conseguiu o acesso ao fazer uma surpreendente arrancada, com o técnico Ney Franco no comando.

Após o árduo ano de 2018, Lucão aguardava uma renovação salarial, mas o acordo não avançou por divergências financeiras, valor que Lucão considera dentro da realidade do clube.

 “Cheguei a jogar com o metatarso quebrado, com a posterior aberta. Eu esperava um reconhecimento e uma valorização. Eu lutei por isso. Deixei de ser uma dúvida para ser uma realidade. Eu não pedi muito, cabia muito bem dentro da realidade do Goiás. De repente, não evoluiu muito, não sei por quê. Pelo que vi na imprensa, não estava fora do orçamento do clube. Mas vida que segue. É o futebol. Acabou que não deu certo. Agora é trabalhar. Aqui tem um torcedor fiel do Goiás, do Verdão”, garantiu.

Atualmente no Kuwait Sports Club, clube em que é o único brasileiro do elenco, Lucão assinou contrato com o time árabe até 2021. Mesmo com a distância, ele diz que tem acompanhado os jogos e que mantém contato com alguns jogadores.

“A saudade da torcida do Verdão não tem hora para bater. Toda hora é hora”, disse.

“Eu tenho acompanhado os jogos e fico chateado quando alguns jogos não são televisionados. Vocês da rádio precisam fazer uma live (transmissão ao vivo) para eu acompanhar. Gostei muito do que vi. Fico feliz de ver alguns jogadores que não jogaram ano passado e estão jogando. Estou fiel na torcida. Este grupo vai conseguir os objetivos neste ano”, concluiu.

Leia o restante da entrevista com Lucão, o artilheiro do Break:

Como tem sido a vida no Kuwait?

É uma aventura boa, uma nova empreitada. Tenho gostado muito, uma cultura diferente. Eu vivi em vários lugares, mas aqui é o mais diferente. A religião, a devoção, isso tudo é bem legal. É uma admiração, bem bonito ver a crença deles.

Você também reza com eles?

Eu só olho, eles rezam cinco vezes ao dia. Todos os momentos que eles têm de orar, toca uma sirene na cidade, vem no alto falante eles rezando. Todo mundo para para rezar. Quem está trabalhando não faz, mas cinco minutos depois, essa pessoa sempre procura uma mesquita, que aqui tem várias para as pessoas encostarem e rezarem rapidinho. Quando bate o primeiro raio de sol, você tem de levantar para rezar. Quando bate o último raio, você tem de rezar também. Normalmente, os jogos acontecem depois de anoitecer.

Como é o torcedor árabe?

Torcedor é bem legal. Aqui não tem muita torcida no estádio, mas eles são bem fanáticos.

Imagino que nesta hora bate uma saudade da torcida do Goiás…

Saudade da torcida da Verdão não tem hora para bater, toda hora é hora. Com certeza, eu sinto saudades. Time que sempre almejei jogar, fiz parte de um grupo vitorioso, entrei para a história com meus companheiros. É uma honra ter jogado no Goiás. Não tem reconhecimento maior que isso.

Qual foi o momento de maior dificuldade na Série B?

A instabilidade foi muito grande no campeonato. Tivemos picos que todos falaram que a gente ia cair para a Série C. Ninguém acreditava, muita gente chamando a gente de mercenário. Na reta final também foi difícil, perdemos para o CRB e Avaí, o pessoal começou a duvidar. Esses dois momentos foram muito importantes para a nossa afirmação. Tivemos calma dentro do grupo, nos fechamos e ninguém conseguiu atrapalhar o nosso ambiente.

Após todas estas dificuldades, você ficou chateado em não ter renovado?

Isso me incomoda um pouco. Não vou ser hipócrita de falar não. Era um lugar que eu me dava bem, tinha a minha casa, minha família estava adaptada. Mas minha vida é assim, estamos sujeitos a mudar sempre de lugar. Deixei na mão de Deus e com meu empresário. Infelizmente não teve acordo. Mas respeito o Goiás. Não tenho nada para falar. É um clube que poucos do Brasil dá tantas condições. Quem joga aí, tem de suar muito. É uma camisa muito pesada. Ela carrega o sonho de uma nação. Tem de dar duas vidas para jogar no Goiás. Uma só não basta.

A diretoria diz que não renovou seu contrato porque você pediu um aumento muito grande. Por que não teve acerto?

Foi uma situação complicada pelo que eu fiz, pelo esforço que fiz. Cheguei a jogar com o metatarso quebrado, com a posterior aberta. Eu esperava um reconhecimento e uma valorização. Eu lutei por isso. Deixei de ser uma dúvida para ser uma realidade. Eu não pedi muito, cabia muito bem dentro da realidade do Goiás. De repente, não evoluiu muito, não sei por quê. Pelo que vi na imprensa, não estava fora do orçamento do clube. Mas vida que segue, futebol. Acabou que não deu certo. Agora é trabalhar. Aqui tem um torcedor fiel do Goiás, do Verdão.

O Goiás foi o clube em que você melhor rendeu?

Eu tenho dois clubes no meu coração. Eu não posso dizer nada contra o Goiás. Eu atingi um nível que jamais tinha atingido na minha carreira. Eu me senti muito bem no clube. No Criciúma também. Não foi um clube em que vesti a camisa. Foi a camisa que fez parte de mim.

Você tem acompanhado os jogos?

Eu tenho acompanhado os jogos. Fico chateado quando alguns jogos não são televisionados. Vocês da rádio precisam fazer uma live (transmissão ao vivo) para eu acompanhar. Gostei muito do que vi. Fico feliz de ver alguns que não jogaram ano passado e estão jogando. Estou fiel na torcida. Este grupo vai conseguir os objetivos neste ano.

Palpite para a decisão?

2 a 0 no primeiro jogo e 3 a 1 no segundo.

Saudades de jogar com o Michael?

Com certeza. Eu e o Michael formamos uma dupla imbatível. Nossos números não mentem. Nosso estilo casou muito bem porque a gente brigava um pelo outro. Se pegar na Série A e B, temos n´meros bons. Em questão de dedicação e entrega, ele sabia quando eu ia ganhar a bola. Eu sabia quando ele ia fazer as jogadas. As tomadas de decisões eram compatíveis com a minha. É bem difícil casar uma dupla assim em um período tão curto.

Quando você volta?

Vamos deixar para o futuro. Estou me adaptando bem aqui, graças a Deus. Tenho a meta de cumprir meu contrato. Já ganhamos uma Copa, brigo pelo título da Liga. Eu quero cumprir meus objetivos aqui e um dia voltar. Eu saí pela porta da frente, fiz bons amigos por aí e uma hora vai acontecer a volta.

Ainda tem contato com alguns jogadores?

Converso, claro. Ainda converso muito com o Giba, o Gilberto. Sempre estou em contato com o (Léo) Sena, o David DVD. Falei também com o Michael esses dias.

Como você vê o bom momento do Léo Sena após um ano bem ruim?

Isso é a coisa mais natural do futebol. Ele é acima da média, mas precisa abraçar essa ideia e se dedicar do tamanho do talento dele. Ano passado ele não teve sequência boa. Quando ele jogava, o time não se encaixou. Depois o time se encaixou de outra forma. Mas agora é o momento dele. Está aproveitando bem, fazendo grandes jogos, passes quebrando todas as linhas. Se eu estivesse aí, eu estaria bem servido. Com ele e com o Michael, meu Deus!!! Aumentaria bem os meus números.

O Léo Sena disse que está mais profissional. Você chegou a conversar com ele sobre isso?

Falava para ele segurar, ter uma cabeça melhor. Para a carreira dele, ele é um atleta que pode atingir um nível muito alto. Poucos jogadores têm essa condição. Eu falava para ele abril o olho e apostar no talento dele, com trabalho e se cuidando.

E sobre o Michael? Ele tem recebido muitas propostas…

Ele não comentou sobre sair, mas esse dinheiro (RS15 milhões) é pouco para ele. Ele tem um talento muito grande, vale mais que isso. Ele vai mostrar neste ano isso. É um jogador que eu sempre disse que ele precisava de confiança. As pessoas não davam o valor real que ele tem. Nós sempre nos demos muito bem e isso refletia dentro de campo.

Como você vê a má fase de Brenner e Júnior Brandão?

Futebol é assim. Ano passado, eu estava em uma situação pior que a deles. Era contestado de diversas formas, notícias chatas e algumas até caluniosas. Jogador precisa ter confiança do grupo, das pessoas do clube. Torcedor tem de ter confiança. Quando a bola começar a entrar, não para mais.

Recado para a torcida?

Um abraço para a rapaziada. Eu disse que a gente ia subir, pedi calma e a gente deu a resposta. Agora é aproveitar essa Série A sensacional. Vamos apoiar o nosso Verdão para que ele possa estar confiante na Série A. Que o torcedor possa apoiar em todos os jogos no Serra Dourada.

Ouça na íntegra a entrevista de Lucão do Break, na Sagres 730, ao repórter Thiago Rabelo

{source}
<<iframe width=”100%” height=”166″ scrolling=”no” frameborder=”no” allow=”autoplay” src=”https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/605150442&color=%23ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true”></iframe>
>
{/source}