Inteligência emocional é a capacidade de perceber e gerenciar os nossos sentimentos. Essa habilidade ajuda a lidar com as nossas emoções e compreender e validar os sentimentos das pessoas à nossa volta. É uma capacidade cada vez mais valorizada e exigida em entrevistas de emprego e muito importante na hora de realizar provas, como de vestibular e para passar por momentos de muita pressão.

É interessante ressaltar que cada pessoa é única, essa singularidade reflete na forma em que a gente lida com as questões do cotidiano, inclusive, na hora de resolver conflitos e gerenciar o que estamos sentindo.

Como os jovens lidam com emoções 

A jovem aprendiz, de 18 anos, Letícia Mendes conta que prefere ficar sozinha em momentos difíceis, mas reconhece a importância de entender o que está sentindo para evitar conflitos desnecessários.

Jovem aprendiz Letícia Mendes de 18 anos (Foto: Palloma Rabello)

“Há momentos que eu me isolo e choro. Existem também aqueles períodos que eu não me sinto compreendida. Por isso, prefiro ficar no meu cantinho e sentir o que tenho que sentir. Eu respeito o meu momento, só depois eu me revigoro e vida que segue”, conta Letícia.

O Jovem aprendiz William Gabriel, tem 17 anos de idade, e encontra nas artes, como a música e os livros, um refúgio em momentos de desordem emocional.

“Eu lido de uma forma muito pessoal e minha com esses momentos. Mesmo que os meus pais me incentivem desde pequeno a conversar com eles, o que eu geralmente faço, gosto muito de me resguardar na leitura e na música e com isso eu melhoro”, diz William.

Aprendendo a gerenciar com sentimentos

Jovens aprendizes da Renapsi (Foto: Palloma Rabello)

Apesar de ser um jovem introvertido, o William reconhece a importância de saber lidar com os próprios sentimentos.

“Precisamos aprender a gerenciar nossos sentimentos para não descontar em outra pessoa caso em dias ruins. Então, é muito importante desenvolver inteligência emocional. Essa é uma habilidade fundamental para conviver bem consigo e com os outros”, afirma o jovem.

Psicossocial

Para ajudar os jovens aprendizes a cuidarem do lado emocional e psicológico, a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) conta com o departamento psicossocial.

“O nosso departamento psicossocial é responsável pelo acompanhamento integral dos jovens. Nós queremos saber sobre as questões emocionais e sociais em que eles estão inseridos. Esse acompanhamento, é para ajudar eles a terem êxito no seu desenvolvimento pessoal e profissional. A partir do momento em que os jovens estão inseridos no programa, a gente faz um trabalho preventivo de identificar possíveis demandas para que, se necessário, comecem os atendimentos”, explicou a assistente social da Renapsi Juliana Nahid.

A Letícia já foi atendida pelo psicossocial duas vezes. A jovem conta que aprendeu que não precisa dar conta de tudo sozinha e que é importante ter apoio.

“Hoje, acho que é extremamente necessário ter um acompanhamento, uma ajuda, alguém que segura a nossa mão e caminhe com a gente. Isso faz bem para a alma e para o coração”, disse.

Atendimento

O jovem aqui é prioridade! Por isso, são oferecidas várias opções para facilitar essa conversa e auxílio. O contato com a equipe do psicossocial pode ser feito pelo chat, por telefone e até via atendimento presencial. Segundo Juliana Nahid, o objetivo é atender às principais demandas do jovem.

“A maioria dos nossos jovens estão em situação de vulnerabilidade social. Às vezes surgem demandas da empresa em que o aprendiz está na prática, ou do departamento educacional. A partir do momento em que essa demanda é identificada e reportada, realizamos o acompanhamento individualizado. Primeiro, entendemos o contexto em que ele está inserido e a partir daí começamos as intervenções. Para cada demanda temos uma estratégia diferente”.

Interioridade

Assim como a Renapsi, existem outras instituições que investem em momentos para que o adolescente entenda o que está sentindo e aprenda a lidar com os sentimentos. Este é o caso de um colégio localizado no setor Marista em Goiânia. Na instituição de ensino os alunos contam com uma disciplina chamada interioridade. A professora Kamila Porfirio explica que as aulas são diferentes uma da outra, mas a essência é a mesma.

Momento de meditação durante uma aula de interioridade (Foto: Palloma Rabello)

“São aulas muito diversas, há turmas em que consigo avançar um pouco mais com técnicas de meditação e respiração guiada. Já outros grupos são mais dinâmicos e respondem melhor a aulas com mais movimento. Porém, em todas trazemos uma reflexão sobre os sentimentos. São atividades diárias que os alunos vão executando, e melhorando, ano após ano, até adquirir uma prática melhor dessa vivência”, explica.

Os alunos separam um tempo para meditar, praticar exercícios de respiração e entender o que estão sentindo. Como é o caso da estudante Maria Clara Sbabo, de 13 anos de idade, que através das aulas de interioridade aprendeu a se conhecer melhor.

 “Eu gosto muito dessas aulas, porque eu consigo entender meus sentimentos e aprendo a controlá-los. A professora explica técnicas e respirações que ajudam bastante em momentos de prova”, diz Maria Clara.

Já a estudante Júlia de Andrade deixou claro que os adolescentes também têm momentos estressantes. Contudo, nas aulas de interioridade ela aprendeu a lidar com esses sentimentos.

“Sempre que vamos para o momento de interioridade conseguimos acalmar muito, principalmente, se estamos em um momento mais estressante como a semana de provas. Às vezes a pressão acaba atrapalhando e esse momento consegue deixar a gente mais relaxado e isso ajuda muito”, ressalta Júlia.

Interioridade em casa

A estudante do oitavo ano do ensino fundamental, Sofia Sarmento, leva as técnicas que aprendeu na escola para casa.

“Eu sinto que me devolvi muito, tanto emocionalmente quanto a minha inteligência corporal. Eu utilizo muito em casa, quando eu estou com o meu irmão ou quando minha mãe fala alguma coisa que eu não gosto. Às vezes eu fico nervosa e não é culpa deles. Pode acontecer porque eu estou estressada por outros motivos. O problema é quando no calor do momento eu acabo falando o que não devia. Hoje, eu percebo que a interioridade me ajuda a acalmar e entender que preciso aprender a resolver isso comigo mesma”, ressalta.

Gerenciando sentimentos 

Aprender a gerenciar os sentimentos ainda na infância e adolescência é muito importante para crescer aperfeiçoando essas habilidades. Ter um bom domínio das emoções faz total diferença na hora de lidar com conflitos, tanto os seus quanto os que envolvem outra pessoa, mas é preciso olhar para dentro primeiro e aprender a se ouvir. 

De acordo com a professora Kamila, a sociedade é muito acelerada e as pessoas não deidicam tempo para cuidar da mente.

“Encontramos tempo para tudo, mas não separamos 10 minutos para parar e respirar. Hoje, para ter um corpo saudável eu preciso praticar um exercício, mas também preciso cuidar da minha mente e ter um tempo para descansar. Eu penso que a sociedade precisa ter um olhar para o que está dentro, para o que a gente sente e os adolescentes precisam de fato entender as suas emoções e saber lidar com elas”, finaliza a professora.

Aos poucos alguns jovens reconhecem a importância de cuidar do lado emocional para um futuro melhor. Como é o caso do jovem aprendiz, Jimmy Almeida.

“Se você vai fazer uma apresentação, falar em público e até conversar com um amigo é preciso saber se expressar. Saber lidar com emoções é necessário para conviver com as pessoas.  Às vezes os sentimentos acumulados ou não resolvidos podem te prender. Por isso, é muito importante aprender a lidar com as emoções”, conclui.

Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 3 – Saúde e Bem-estar.

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