O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, decretou na última quinta-feira (19) estado de emergência em todo o país em decorrência à pandemia do coronavírus que se alastrou e faz vítimas principalmente na Europa. No documento, várias medidas que limitam algumas ações dos cidadãos portugueses e até dos turistas que continuam na cidade.

Apesar do decreto divulgado nesta semana, o relato é de que a população do país já havia iniciado os cuidados há alguns dias, como explica a jornalista goiana Giovanna Lopes, 26, que mora há um ano na cidade de Faro, região do Algarve, e que foi produtora da Rádio Sagres.

Faro, região de Algarve já sofre consequências com a pandemia de coronavírus (Foto: divulgação)

“Desde a semana passada as pessoas já começaram a ter auto quarentena de uma forma muito espontânea. O país tem muitas pessoas mais velhas, a população de Portugal é muito idosa então eu acho que as pessoas se sensibilizaram. Desde a última semana a gente vê a cidade vazia, as pessoas estão dentro de casa, não estão mais indo a bares e restaurantes, até porque os bares foram fechados no final de semana”, destacou.

No país são 785 casos confirmados e três mortes, situação mais tranquila da vizinha e Espanha e de outros países europeus, como Itália e Inglaterra. Por isso as proibições por enquanto são mais leves e começaram com o fechamento de fronteiras terrestres.

“O que se vê é um número bem pequeno de pessoas, geralmente são turistas que ficaram na cidade e não conseguiram sair porque as fronteiras já começaram a ser fechadas, principalmente as terrestres. Portugal faz fronteira com a Espanha e lá a situação é caótica. Os aeroportos ainda não foram fechados, mas o que se vê são cidades totalmente desertas, principalmente aqui no Algarve. Eu moro em Faro, as cidades aqui são muito movimentadas principalmente pelo turismo e não há ninguém nas ruas”, explicou Giovanna.

De acordo com o decreto do Governo, supermercados, serviços médicos, postos de combustíveis, serviços delivery, atividades de limpeza continuarão funcionando. Apesar de um cenário semelhante com o brasileiro, Giovanna explica que em Portugal há uma conscientização maior por parte da população na hora de comprar mercadorias.

“Os supermercados diminuíram os horários de funcionamento, estão fechando geralmente às 17h e os mercados menores têm filas nas portas porque as pessoas não podem entrar todas de uma vez. Todos procuram respeitar aquela distância de um metro e entrar em número pequeno. Já começo a ver também que os produtos estão sendo vendidos de forma limitada por pessoa para não ocorrer aquela situação de algumas pessoas comprarem muita coisa de item básico e outras ficarem sem. Mas também as pessoas respeitam muito essa questão e está todo mundo preocupado”, disse.

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Giovanna Lopes em Portugal (Foto: Arquivo Pessoal)

O principal setor afetado na região onde mora Giovanna é o turismo. Como Algarve é sede de muitas atividades para estrangeiros e visitantes, o fechamento de bares e restaurantes impacta diretamente na rotina dos trabalhadores locais.

“Tenho duas amigas que moram comigo e elas já estão de quarentena há algum tempo porque pegaram férias. Tem muitas empresas que estão dando férias para seus funcionários ou demitindo para que eles recebam pela segurança social, que é o equivalente ao INSS no Brasil. A associação dos trabalhadores daqui prevê que praticamente metade dos funcionários das áreas de restaurantes e bares sejam demitidos agora com a pandemia”, revelou.

Diferente de suas amigas, Giovanna ainda não pôde adequar sua rotina no distanciamento social por conta do trabalho. No entanto a expectativa é que nos próximos dias todos os estabelecimentos estejam fechados inclusive o dela onde trabalha como garçonete.

“Eu não estou totalmente em quarentena, ainda estou trabalhando com o regime menor de horas. Da carga de oito horas, estão trabalhando de cinco a seis por dia e tomando todos os cuidados no meu local de trabalho. Estou tendo o mínimo possível de contato com as pessoas, mas pode ser que nos próximos dias meu local de trabalho feche totalmente”, afirmou Giovanna Lopes.cida

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