Na manhã desta sexta-feira (30), em publicação no Twitter, Hugo Jorge Bravo, presidente executivo do Vila Nova, celebrou uma importante economia para os cofres colorados após a quitação de oito processos na Justiça do Trabalho. De acordo com o dirigente, o clube conseguiu poupar R$ 571 mil graças a descontos e acordos com ex-funcionários vilanovenses mediante trabalho do departamento jurídico do ‘Tigrão’.

As quitações comemoradas pela diretoria vilanovense se tratam de processos em ações promovidas na última década, entre 2011 e 2019. Segundo detalhou o repórter Paulo Massad, além do eletricista Lindolfo e o treinador das categorias de base Zé Roberto, também envolvem os jogadores Luizinho (lateral-direito), Pitol (goleiro), Ricardinho (volante), Gustavo Geladeira (zagueiro), Alípio (meia-atacante) e Luizão (zagueiro).

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No programa Hora do Esporte, o advogado Rodrigo Menezes, conselheiro do Vila Nova e associado ao escritório Pinheiro Advogados, que presta serviços jurídicos ao clube, explicou à Sagres que “esses acordos foram os que o clube quitou somente no início do ano. Não foi o que pagamos ao todo no decorrer da gestão, porque tem várias outras ações já quitadas. Somente a do Gustavo Geladeira era um parcelamento longo, que fizemos no ano passado e terminamos de pagar agora”.

“Todas as outras foram pagas à vista, algumas pelo convênio, que já estavam aguardando na fila, e outras fizemos acordos diretamente. Ainda há muitas ações e execuções a serem resolvidas, mas as coisas estão caminhando. Desde o início da gestão, o valor total já pago pelo Vila hoje, reduzido no seu passivo, é de R$ 3.379.072. Há muita coisa ainda, mas já é um bom passo para resolver. Até pela situação de pandemia, com ausência de público e no passado estávamos na Série C, entendemos como um valor expressivo”, ponderou.

De acordo com o advogado, “a redução bruta da dívida são esses R$ 3,379 milhões, só que o que saiu do caixa do clube é cerca de R$ 1,8 milhão. Então, conseguimos um desconto de cerca de 40% da dívida”. Sobre a dívida total, Rodrigo Menezes detalhou que “no convênio, onde as execuções estão reunidas, temos cerca de R$ 6 milhões ainda a ser pago. Há um processo no Sindicato dos Atletas, que hoje é a maior execução no clube, cerca de R$ 1,5 milhão, só que 99% desse valor já foi pago diretamente aos atletas”.

“Esse valor de R$ 1,5 milhão provavelmente será zerado ou estará com um valor muito baixo, então o valor de R$ 6 milhões reduzirá bastante. Acreditamos que a dívida consolidada no convênio será reduzida para a faixa de R$ 4,8 milhões. O problema do clube hoje são as que correm fora do convênio, principalmente as de 2019. Ainda não estão em execução e praticamente todos sequer têm sentença, mas a nossa previsão é de que isso gere mais um passivo de cerca de 6 milhões”, acrescentou o jurista.

Caso Bérgson

O atacante Bérgson, que jogou no Vila Nova em 2011, emprestado pelo Grêmio, move uma antiga ação contra o clube. Hoje com 30 anos, está no Johor, da Malásia, emprestado pelo Fortaleza. Segundo Rodrigo Menezes, “é o processo trabalhista mais antigo do clube. Tem um problema específico nesse processo, porque à época foi proposto em Porto Alegre, onde o atleta residia, e não se reuniu com os processos daqui, no TRT de Goiás, então tem uma dificuldade de resolvê-lo”.

“Já havia um bloqueio anterior dele na CBF, entramos em contato com o atleta e com a advogada, tentamos fazer um acordo, mas não quiseram. No final do ano passado, tentamos novamente, mas sem sucesso. Este ano, já começamos a caminhar em uma situação para resolver, não com esses percentuais de desconto. Inclusive, ontem conversei com ela e imagino que em prazo de 10 a 15 dias conseguiremos quitar e resolver essa situação, porque realmente está dando um pouco de dor de cabeça”, completou.

Novos processos e penhoras

Em meio às quitações de dívidas antigas, a atual diretoria do Vila Nova tem o desafio de não criar novos processos. O advogado do clube relatou uma conversa com o presidente  Hugo Jorge Bravo, em que “nós passamos ‘Hugo, entendemos a situação do clube, há dificuldades e ocorrerão penhoras. Temos que resolver o passivo, só que é o seguinte: não podemos criar mais, porque senão nunca resolverá, a dívida do Vila nunca será paga e todo presidente que assumir jogará a culpa no presidente anterior’. Isso vem sendo feito”.

“Tem funcionário, não só atleta, que é procurado e 99% aceitam um acordo, e não está gerando passivo. Tivemos apenas duas ações de funcionários administrativos, em que um foi feito o acordo e o outro foi julgado improcedente, ou seja, o Vila saiu vitorioso nessa ação. Há ainda a de um jogador da paralisação do ano passado, quando foram feitos alguns desligamentos por causa da pandemia. O presidente chamou vários jogadores, explicou a situação e fez a liberação dos atletas. Todos aceitaram, menos um, que quis discutir na justiça. Ainda não há sentença”, frisou. No caso, trata-se do atacante Dimba.

Com tantas contas para pagar, o Vila Nova também convive com penhoras, que bloqueiam eventuais receitas de premiações, direitos de transmissão e patrocínios. Rodrigo Menezes afirmou que “é uma situação que tentamos controlar, mas que fogem da nossa alçada em alguns momentos. Hoje já temos uma penhora da cota da Série B, que mensalmente será bloqueado 10%, mas outras execuções podem chegar e haver esse bloqueio. Hoje não tem, resolvemos as que estavam bloqueando e estamos conseguindo fazer uma movimentação de patrocínio, mas há possibilidade (de haver novas)”.