Todos os anos centenas de modelos de dispositivos eletrônicos são lançados e, rapidamente, um aparelho fica ultrapassado. Conforme pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas em 2021, existem no Brasil cerca de 440 milhões de dispositivos digitais. Entre eles estão smartphones, notebooks, computadores e TV’s. E com tanta novidade no mercado, a troca por um aparelho mais novo é tentadora. Mas você já parou para pensar qual o destino do seu notebook, por exemplo, quando para de funcionar? Ele vai para o lixo? Assista à reportagem a seguir

Goiânia está entre as 10 cidades brasileiras a implantar uma Central de Logística Reversa, e é também a primeira da região Centro-Oeste. No local, é feito o descarte correto do lixo eletrônico. Os aparelhos são recolhidos pelo cata-treco, serviço disponibilizado pela administração municipal, ou são doados por empresas e pela população.

De acordo com o superintendente de Gestão Ambiental da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Ormando Pires, o Centro foi criado para dar ao morador da capital uma alternativa para a destinação correta de todo material eletroeletrônico que queira se desfazer. “Esse produto será recebido e direcionado a uma cooperativa para ter o ciclo completo de reutilização e de reciclagem”, destaca.

A Cooper Rama é uma cooperativa, localizada em Goiânia, especializada na separação e reaproveitamento do lixo eletrônico. Segundo a presidente Dulce Elena, os aparelhos e peças que chegam ao local podem ser tanto consertados quanto vendidos.

“Desde que o material chega à cooperativa, a primeira coisa que fazemos é olhar se ele tem recuperação, para então vender em bom estado para alguém. Se não tiver como recuperar, o aparelho vai ser desmontado, peça por peça. A partir disso, será comercializado, seja inteiro, vendendo como equipamento, ou somente as peças, que é vendido no quilo”, explica Dulce.

Ecopontos

Ecoponto no Residencial Celina Park / Foto: Rodrigo Melo

Assim como a cooperativa, outros locais, chamados de ecopontos, também podem fazer o recebimento desse material eletrônico. No Residencial Celina Park, em Goiânia, existe uma clínica que recolhe, desde maio do ano passado, resíduos eletroeletrônicos como pilhas, baterias, celulares, telas e notebooks. Com esse trabalho, cerca de duas toneladas de lixo eletrônico deixaram de ir para o aterro sanitário.

Outro projeto que possui iniciativa sustentável é a Rede Nacional De Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi), que criou o “Papa Pilhas”, que conta com apoio do programa Jovem Aprendiz. Implantado no final de 2018, o projeto já recebeu mais de 500 quilos de lixo eletrônico.

“Além das pilhas e baterias, todo tipo de material eletrônico que pode estar nas casa ou nas empresas, os jovens podem trazer para a Renapsi. Temos um ponto de coleta, que é o Papa Pilhas, onde é feito descarte por meio de uma empresa parceira que faz a reciclagem desse material”, reforça Edgard Alves, especialista educacional da Rede.

Há ainda quatro ecopontos públicos espalhados em Goiânia: no Jardim Guanabara II, Setor Faiçalville, Jardim São José e Residencial Campos Dourados.

SukaTech

Escola do Fututo, Bairro Floresta / Foto: Rodrigo Melo

Em março de 2022 foi iniciado, em Goiás, o programa de Recondicionamento de Equipamentos Eletroeletrônicos (Sukatech). A primeira unidade está situada no Bairro Floresta, em Goiânia. De iniciativa do governo estadual, o programa promove capacitação em informática e contribui para a preservação do meio ambiente, com a realização de palestras e destinação de resíduos eletroeletrônicos e seus derivados da forma correta.

O objetivo do Sukatech é recolher, até 2023, 500 toneladas de equipamentos eletrônicos que seriam jogados em lixões ou aterros e proporcionar o devido descarte. Dentro dessa meta está o recondicionamento de 1,5 mil computadores, que poderão ser reutilizados e doados para organizações públicas.

“A gente faz o recolhimento dessas sucatas de entidades públicas e privadas. Fazemos a separação desse material, placas, papelão, sensores, plástico, cobre, microprocessadores, parafusos. Alguns são reutilizados e outros, nós damos a destinação correta para eles”, declara o gerente de difusão de tecnologia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação, Thiago Angelino.

Sukatech – Escola do Futuro

Os aparelhos descartados por órgãos públicos e empresas privadas são separados e testados para avaliar se têm condições de ser consertados. Os que não podem ser recondicionados, são desmontados para retirar peças que vão servir para manutenção de outros equipamentos. No final, é feito um teste de estresse do aparelho durante 48 horas. “Os aparelhos já chegam ‘cansados’ aqui. Então precisamos ter certeza que ele não vai dar problema para quem for beneficiado”, apontou o supervisor técnico, Wesley Pereira.

Na Escola do Futuro, outro projeto educacional gerenciado pela Sedi, até os computadores usados nas aulas de informática, montagem e manutenção, foram montados a partir do que foi descartado.

Sustentabilidade

Foto: Green Eletron

O Brasil é o quinto país que mais gera lixo eletrônico no mundo, segundo levantamento feito pela Green Eletron, empresa gestora de logística reversa. O descarte incorreto do lixo eletrônico é um problema para o meio ambiente e para a saúde das pessoas.

“Se você pode reutilizar um aparelho ou desmontar e enviar de novo, tudo isso volta para a cadeia produtiva e a gente evita de pegar mais matéria-prima da natureza”, enfatiza Dulce Elena, presidente da Cooper Rama.

Repense

Esta reportagem integra a série Repense Consumo desenvolvida pelo Sistema Sagres com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos a sustentabilidade, a produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – ODS 12 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”.

Nesta reportagem retratamos como é feito o descarte correto do lixo eletrônico. No entanto, outro resíduo que preocupa especialistas do meio ambiente é o lixo hospitalar. Esse assunto você confere na semana que vem, na reportagem de Sinval Lopes.

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