A prefeitura de Uberlândia (MG) será a primeira unidade do país a utilizar o lodo de esgoto na produção de energia e fertilizante em larga escala. A iniciativa é um caminho sustentável para redução de impactos ambientais.

Atualmente, a cidade mineira de quase 700 mil habitantes, localizada no Triângulo Mineiro, produz cerca de 1,7 mil toneladas de lodo por mês. Assim, o material é um subproduto gerado durante o processo de tratamento de esgoto.

Potencial

Em geral, os aterros sanitários são a localização final do material, inclusive no município. No entanto, a gestão municipal contratou um estudo técnico da empresa Companhia de Promoção Agrícola (Campo). Nesse sentido, pretende-se aproveitar o potencial do material para geração em larga escala de energia e fertilizante.

O objetivo se tornará possível a partir da implementação de uma planta industrial, construída para a execução deste propósito. O estudo técnico terá duração de oito meses e, ao longo dele, será definido o modelo utilizado para a instalação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Uberabinha.

No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, divulgada em 2017, há a geração de cerca de 21,3 milhões de metros cúbicos de esgoto por dia. Entretanto, apenas 5% do lodo sanitário é reaproveitado.

Tecnologia

“O que estamos fazendo aqui é dar mais um passo importante no sentido da ciência, da tecnologia e, sobretudo, em prol do desenvolvimento, da qualidade de vida e da geração de renda para nossa cidade”, definiu o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão.

Para ele, a utilização adequada do lodo é um sinal potencial de geração de riqueza. Isso porque será possível viabilizar seu uso como fertilizante e fonte de energia. Entre as oportunidades, aparecem o gás combustível e biocarvão, tipo de carvão vegetal rico em carbono.

Além disso, outros benefícios ambientais também estão previstos. Entre eles, o aumento da vida útil do aterro sanitário e aproveitamento dos compostos e nutrientes a partir do tratamento dos resíduos.

“Nossa expectativa é que a energia gerada no processo de pirólise alimente a planta industrial de processamento de esgoto, e com esse subproduto, produzimos um fertilizante destinado às culturas agrícolas, dando uma destinação sustentável para o lodo”, ressalta o diretor geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), Renato Rezende.

Impactos

De acordo com o departamento, o envio de material ao aterro poderá ter redução em cerca de 21,6 mil toneladas por ano. Em termos econômicos, é prevista uma economia mensal de R$255 mil.

“Esse biocarvão, junto ao pó de basalto, vai gerar um fertilizante organomineral capaz de potencializar o sistema de renderização do solo”, afirma o consultor técnico, Edmar Gelinski.

No país, outros municípios também operam iniciativas ligadas à reutilização do lodo de esgoto, como Foz do Iguaçu (PR) e Jundiaí (SP).

*Com informações do Ciclo Vivo

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 7 – Energia limpa e sustentável.

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