Em entrevista à Sagres, o ex-presidente Lula (PT) afirmou que as manifestações de 7 de setembro, a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), “foram convocadas com um mês de antecedência e com muito dinheiro”. “Você deve ter visto imagens de gente distribuindo dinheiro dentro do ônibus, R$ 100,00 para cada pessoa que ia participar. Você deve ter acompanhando a campanha que muitas empresas fizeram, empresas com caminhões, do agronegócio. Fizeram uma campanha imensa”.

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Apesar disso, o ex-presidente declarou que Bolsonaro mostrou que tem uma base forte, menor do que imaginava, mas uma base forte”. “Afinal de contas, Bolsonaro aparece nas pesquisas com aprovação apenas de 24% e 24% é muita gente, num país de 213 milhões de habitantes”.

Sobre as manifestações convocadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL), no dia 12 de setembro, que não teve tanta adesão, Lula frisou que nunca acreditou no poder de mobilização do MBL. “O MBL foi uma coisa que surgiu no ápice da campanha de impeachment contra a ex-presidente Dilma, quando os meios de comunicação convocavam aqueles atos de forma aberta, coisa que jamais eu tinha visto na política brasileira”.

Lula ainda reforçou que não tem nenhum problema com o MBL, mas que a falta de participação de petistas na manifestação ocorreu porque “o ato não foi convocado para defender a democracia”. “Eles só faltaram apresentar qual candidato eles queriam defender, porque eles trabalharam até a semana da convocatória com ‘Nem Bolsonaro e Nem Lula’. Como que o PT participa de um ato desse? Eles poderiam ter dito que o ato é para defender um candidato de terceira via e dizer qual o nome do candidato. Mas eu acho que os partidos de esquerda não precisam do MBL convocar um ato para a esquerda participar”.

Dificuldade da terceira via

Lula detalhou que não acredita que a uma terceira via possa surgir com força para vencer o petista ou Bolsonaro no 1º turno e que agora, é necessário que haja muita calma. “Campanha política é uma maratona: se você tentar correr muito no começo, pode ficar cansado e não chegar ao final”.

Sobre a formação de uma frente ampla pelo impeachment de Bolsonaro, o ex-presidente Lula explicou que só acredita na formação dessa frente, caso haja um objetivo concreto. “É preciso saber o que quer colocar no lugar […] mas se a frente ampla for só para tirar o Bolsonaro e manter o Guedes, para que essa frente ampla? Para manter tudo como está?”, questionou.