Sagres em OFF
Rubens Salomão

Lula minimiza esvaziamento de ministérios de Meio Ambiente e Povos Indígenas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimiza o esvaziamento dos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de Marina Silva, e dos Povos Originários, de Sônia Guajajara. O petista aponta como “normal” a intervenção do Congresso Nacional, liderado pelo centrão de Arthur Lira (PP/AL) na votação da Medida Provisória (MP) dos Ministérios. Lula participou de cerimônia do Dia da Indústria na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin.

No dia anterior, a comissão especial formada por deputados e senadores para tratar da Medida Provisória (MP) dos Ministérios aprovou parecer que enfraqueceu as pastas de Marina e Sônia. Quatro parlamentares do PT deram aval às mudanças. “Tem dias que a gente acorda com notícias parecendo que o mundo acabou. Eu fui ver o que estava acontecendo, era a coisa mais normal”, disse o presidente a empresários, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Até então a gente estava mandando a visão de governo que nós queríamos. A comissão no Congresso Nacional resolveu mexer. Coisa que é quase impossível de mexer na estrutura de governo, porque é o governo que faz. E agora começou o jogo. Nós vamos jogar, vamos conversar com o Congresso, vamos fazer a governança daquilo que a gente precisa fazer”, minimiza o presidente.

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Foto: Lula com Marina Silva, e a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, no Acampamento Terra Livre. (Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Lula encerrou o assunto defendendo a política e a negociação. De acordo com o presidente, agora será o momento de articular com deputados e senadores um eventual realinhamento do texto.

Sem susto

“O que a gente não pode é se assustar com a política. Quando a sociedade se assusta com a política e começa a culpar a classe política, o resultado é infinitamente pior. É na política que se tem as soluções dos grandes e pequenos problemas do País”, afirmou o petista.

O que muda?

O relatório sobre a MP dos Ministérios retirou da pasta de Marina Silva a gestão da Agência Nacional de Águas (ANA) e a organização do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Já a pasta de Sônia Guajajara perder a competência de demarcação das terras indígenas, que volta ao Ministério da Justiça, de Flávio Dino. Paralelo a isso, a Câmara aprovou regime de urgência para o PL do marco temporal.

Reações

Marina e Sônia registraram reclamações intensas tanto em reuniões quanto em entrevista, ontem, em Brasília. As duas foram chamadas pelo presidente Lula para reunião, ainda na manhã desta quinta-feira (25).

Mercado

Marina apontou que as alterações ameaçam o protagonismo do Brasil na questão ambiental. “Porque nesse momento, não basta a credibilidade do presidente Lula. Não basta a ministra do Meio Ambiente. Eles vão olhar para o arcabouço legal. ‘Tudo bem, Lula, você diz que vai fazer isso e vai fazer aquilo, mas a sua Lei não permite. As estruturas foram mudadas. A estrutura do seu governo não é essa que você ganhou as eleições’”, disse.

Ponto central

“Tirar essa atribuição da demarcação do nosso ministério é arrancar desse ministério o coração dos povos indígenas. É arrancar do nosso ministério a nossa principal pauta”, criticou Guajajara.

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