Após pisar em um prego enferrujado, um homem de São Luís de Montes Belos desenvolveu um caso de tétano, evoluiu com sintomas e está internado em estado grave na UTI do Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), em Goiânia. Nesse sentido, a Secretaria da Saúde de Goiás (SES) reforça à população a importância de fazer o esquema vacinal completo em adultos e crianças.

De 2018 até abril de 2023, foram registrados 28 casos de tétano acidental em Goiás, sendo que 6 casos evoluíram para morte. O tétano pode ser evitado por meio de vacina, com aplicação de reforço de 10 em 10 anos, mesmo com esquema completo na infância.

Esquema vacinal

No caso do paciente contaminado, é provável que o esquema vacinal não estivesse completo ou que doses de reforço tenham sido aplicadas fora do prazo. A meta preconizada pelo Ministério da Saúde para cobertura da pentavalente em Goiás (tétano, difteria, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b) é de 95%, mas o ano de 2022 registrou cobertura de 74,4%.

Médico infectologista da Gerência de Vigilância Epidemiológica de Doenças Transmissíveis da SES, João Alves de Araújo Filho explica que a vacina é essencial.

“Se o esquema vacinal está incompleto significa que na prática a pessoa não está vacinada. Se a vacina está desatualizada, ao ter o acidente, ela tem o risco de desenvolver o tétano. Se eu tenho dúvida do meu status vacinal, é preciso procurar a unidade de saúde. O tétano é uma doença grave, com letalidade de 30%, mas prevenível por vacinação para todas as faixas etárias”, reforça o infectologista.

Tétano acidental

Segundo o Ministério da Saúde, o tétano acidental é uma infecção causada pela bactéria Clostridium tetani encontrada na natureza e não é contagiosa. Entre os sinais e sintomas estão contraturas musculares, rigidez de membros (braços e pernas), rigidez abdominal, dificuldade de abrir a boca, dores nas costas e nos membros (braços e pernas).

Em caso de ferimentos graves ou gestação, deve-se antecipar a dose de reforço caso a última dose tenha sido há mais de 5 anos. A principal forma de prevenção é por meio da vacina pentavalente. A bactéria causadora do tétano acidental pode ser encontrada na pele, fezes, terra, galhos, plantas baixas, água suja, poeira.

Se o tétano acidental infeccionar e não for tratado corretamente, pode matar. As chances de morrer dependem da idade, tipo de ferimento, além da presença de outros problemas de saúde, como complicações respiratórias, renais e infecciosas. O tétano acidental pode atingir qualquer pessoa, de qualquer sexo e idade e em qualquer lugar do mundo. A imunidade permanente acontece por meio da vacinação.

Os sinais e sintomas são contraturas musculares; rigidez de membros (braços e pernas); rigidez abdominal; dificuldade de abrir a boca; dores nas costas e nos membros (braços e pernas). O diagnóstico do tétano é clínico, ou seja, não depende de confirmação laboratorial. Os exames laboratoriais auxiliam apenas no controle das complicações e tratamento do paciente.

O hemograma habitualmente é normal, exceto quando há alguma outra infecção. As radiografias de tórax e da coluna vertebral devem ser realizadas para o diagnóstico de infecções pulmonares e fraturas de vértebras. Hemoculturas, culturas de secreções e de urina são indicadas apenas nos casos de outra infecção.

Sempre que houver lesão da pele/mucosa, a pessoa deve lavar o local com água e sabão e procurar o serviço de saúde mais próximo para avaliar a necessidade de utilização de vacina ou soro. Se apresentar um dos sinais e sintomas característicos do tétano, após lesão na pele/mucosas, procure com urgência a unidade ou equipe de saúde mais próxima. Lembre-se de explicar ao médico como ocorreu e o que causou a lesão.

O doente deve ser internado em unidade assistencial apropriada, preferencialmente em unidade de terapia intensiva (UTI) onde existe suporte técnico necessário ao seu manejo e suas complicações, com consequente redução das sequelas e e risco de morte. Na indisponibilidade de leitos de UTI ou unidades semi-intensivas, a internação deve ocorrer em unidade assistencial, em quarto individual com o mínimo de barulho, de luminosidade e com temperatura estável e agradável. Casos graves têm indicação de terapia intensiva.

Os princípios básicos do tratamento do tétano são: sedação do paciente; neutralização da toxina tetânica; eliminação do C. tetani do foco da infecção; debridamento do foco infeccioso; medidas gerais de suporte.

Tétano neonatal

O tétano neonatal é uma doença infecciosa aguda, grave, não contagiosa, que acomete o recém-nascido (RN), nos primeiros 28 dias de vida, tendo como manifestação clínica inicial a dificuldade de sucção, irritabilidade e choro constante.

A doença é causada também pela bactéria Clostridium tetani. A imunidade do recém-nascido é conferida pela vacinação adequada da mãe. Os filhos de mães vacinadas nos últimos cinco anos com três doses da vacina apresentam imunidade passiva e transitória até dois meses de vida.

A suscetibilidade do Tétano Neonatal é universal, afetando recém-nascidos de ambos os sexos. A doença não confere imunidade. A imunidade do recém-nascido é conferida pela vacinação adequada da mãe. Os filhos de mães vacinadas nos últimos cinco anos com três doses da vacina apresentam imunidade passiva e transitória até dois meses de vida. 

A imunidade passiva, por meio do soro antitetânico (SAT), dura em média duas semanas e pela imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) cerca de três semanas. O tétano neonatal acomete os filhos de mãe sem esquema vaicnal completo e atualizado.

O tétano neonatal não é transmitido de pessoa a pessoa e sim pela contaminação do coto umbilical com os esporos da bactéria, que podem estar presentes em instrumentos não esterilizados e utilizados para secção do cordão umbilical, como tesoura e fios para laqueadura do cordão.

Os esporos da bactéria também podem estar presentes em produtos do hábito cultural das populações, utilizados no curativo umbilical, como ervas, chás, pós e pomadas, entre outros. O recém-nascido apresenta, em caso de tétano neonatal, os seguintes sinais e sintomas:

  • Choro excessivo;
  • Dificuldade para mamar e abrir a boca;
  • Irritabilidade;
  • Quando há presença de febre, ela é baixa;
  • Contraturas musculares ao manuseio ou espontâneas.

O fato de não existir infecção no coto umbilical, não afasta a confirmação do tétano neonatal. O diagnóstico do tétano neonatal é essencialmente clínico e não existe exame laboratorial específico para confirmação do diagnóstico. Exames laboratoriais são realizados apenas para controle das complicações e respectivas orientações do tratamento.

O tratamento do tétano neonatal deve ser sempre em ambiente hospitalar. O paciente deve ser internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou em enfermaria apropriada, acompanhado por uma equipe médica e de enfermagem experiente e treinada na assistência dessa enfermidade, o que pode reduzir as complicações e a letalidade.

É necessário a administração de imunoglobulina humana antitetânica ou soro antitetânico, antibiótico, sedativos e outras medidas de suporte que o caso exigir. Com base na literatura, recomendam-se os princípios básicos do tratamento do tétano neonatal ressaltando que a adoção destas medidas terapêuticas é da responsabilidade médica, tendo o intuito de curar o paciente, diminuir a morbidade e a letalidade causada pela doença.

*Com informações da Agência Cora e do Ministério da Saúde

*Esse conteúdo está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU 03 – Saúde e Bem Estar

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