O número de domicílios no Brasil com mães solo cresceu 17,8% entre 2012 e 2022. Nesse ano, 14,9% dos domicílios existentes no Brasil contavam com mães solo como pessoa de referência.

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cerca de 11,3 milhões de mulheres representavam a classificação em 2022.

A pesquisa demonstra ainda que cerca de 72,4% dessas mulheres vivem em domicílios monoparentais, ou seja, compostos apenas por elas e seus filhos.

Cenário

Nesse contexto, a publicação destaca a inserção dessas mulheres no mercado de trabalho, visto que estudos recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cerca de 48% dos lares brasileiros têm mulheres como chefes de família.

O cenário fortalece a justificativa para leis que pretendem fiscalizar e punir empresas que pagam salários distintos para homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos. Ainda segundo o IBGE, a diferença geral entre a remuneração de homens e mulheres alcança o marco de 22%.

Dessa forma, segundo especialistas, a dimensão econômica para mulheres, o que inclui as mães solo, se torna mais um fator que reforça o ciclo de dificuldades econômicas.

Na próxima quarta-feira (23), o programa Conexão Sagres exibe entrevista com o tema “Igualdade salarial entre homens e mulheres”. Entre as convidadas, estão Esther Pitaluga, advogada trabalhista, e Andrea Vetorassi, pesquisadora e professora no curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Perfil

Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, é possível verificar a ascensão do número de mães solo negras, que passou de 5,4 milhões (2012) para 6,9 milhões (2022).

Além disso, o estudo também apresentou resultados referentes ao recorte regional. Assim, estados localizados na região Norte e Nordeste são os que apresentam as maiores taxas de domicílios que contam com mães solo como responsáveis

Sergipe: 19,9%

Amapá: 18,6%

Rio Grande do Norte: 18%

Imagem: Dados elaborados por FGV/IBRE

Educação

Em relação ao nível de instrução, a pesquisa mostra que mais da metade, cerca de 54,3% das mães solo possuem no máximo o Ensino Fundamental completo. O quantitativo com Ensino Superior completo é de 14%.

Quando a variável educacional é observada entre mulheres negras, a situação é agravada. Isso porque apenas 8,9% apresenta formação superior.

A ausência de formação mais especializada, além do acúmulo de funções destinadas a esse público, torna mais difícil a inserção dessas mulheres no mercado de trabalho. Dessa forma, o acesso a cargos com salários mais altos também é prejudicado.

Idade e mercado de trabalho

A pesquisa também demonstra os efeitos da idade em que essas mães tiveram seus primeiros filhos. Entre mulheres que desempenharam a maternidade antes dos 15 anos, apenas 3% concluíram a etapa do Ensino Superior.

Em 2022, o rendimento médio das mães solo brancas e amarelas foi de R$2772, já entre mulheres negras, cerca de R$1.685. De modo geral, o rendimento das mães solo foi 39% menor que o verificado entre homens casados e com filhos.

Outro aspecto observado foi o caminho da informalidade. No mesmo ano, cerca de 45% das mães solo empregadas estavam alocadas em trabalhos informais, aqueles sem vínculos empregatícios ou registros formais.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 8 – Emprego digno e Crescimento econômico

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