Os dados do novo Monitor da Fiscalização do Desmatamento do MapBiomas apontam que 72,6% da área dos alertas de desmatamento no país entre 2019 e 2022 possuem indícios de ilegalidade e falta de fiscalização. A nova ferramenta realiza um cruzamento de dados estatísticos das autorizações de desmatamento dos governos federal e estaduais com as ações de fiscalização dos órgãos responsáveis.

Então, o novo Monitor da Fiscalização do Desmatamento foi lançado em 2022. Assim, a iniciativa começou com análises de dados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará e São Paulo baseadas em informações das unidades federativas. Os últimos dados, no entanto, já contam com números do Acre, Amazonas, Ceará, Espírito Santo e Rondônia. 

Os números publicados pelo novo sistema de monitoramento indicam uma preocupação para o combate ao desmatamento. Apenas um em cada quatro hectares desmatados nos 10 estados monitorados, no período de 2019 a 2022, possuía autorização ou fiscalização para a atividade. Ana Valdiones, coordenadora da plataforma, avalia que, de forma geral, os dados dos dez estados monitorados mostram que o país ainda tem um alto índice de ilegalidade em relação ao desmantelo.

Para a coordenadora da plataforma do MapBiomas já houve avanço de fiscalização em alguns estados. Porém, ela destacou ainda que “é preciso melhorar a sistematização e publicização das ações desempenhadas pelo poder público”. 

Combate ao desmatamento

Segundo os dados do MapBiomas, Espírito Santo com 62,6%, Mato Grosso com 62% e Minas Gerais com 48% são estados onde uma parte significativa das áreas dos alertas de desmatamento cruzam com as autorizações e também estão de acordo com as ações de fiscalização divulgadas pelos órgãos ambientais estaduais.

Em Goiás que tem 30,5% e em São Paulo com 27,6% dos alertas o percentual cai para menos de um terço do total. Sendo assim, apenas 10% do número de alertas de desmatamentos são validados e cruzam com as autorizações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Goiás (SEMAD). Já em São Paulo, o cruzamento representa cerca de 27% com as autorizações do estado. 

Os dados dos alertas de desmatamento dos demais estados são: Pará com 17,4% e cruzamento de  4% com os órgãos fiscalizadores do estado; Amazonas com 12,4% e 1,8% validados pela fiscalização; Rondônia com apenas 3,4% e pouco mais de 1% validado com a fiscalização.

No Ceará cerca de 2,7% da área dos alertas de desmatamento cruzam com as autorizações e ações de fiscalização da superintendência estadual responsável pela área. E no Acre apenas 1,2% da área desses alertas estão de acordo com as autorizações do Instituto de Meio Ambiente do estado.

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MapBiomas

O MapBiomas é uma iniciativa multi-institucional desenvolvido por universidades, ONGs e empresas de tecnologia para monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil. O objetivo das entidades com a plataforma é a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais. Além de buscar meios de combater as mudanças climáticas.

Os dados divulgados pelo MapBiomas são obtidos de sistemas de monitoramentos consolidados no país. Dentre eles estão o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD/IMAZON). Além de outros sistemas ligados aos biomas brasileiros e bacias hidrográficas.

*Com informações do MapBiomas

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