O retorno do futebol tem gerado muito debate, inclusive entre os dirigentes dos clubes da capital, que finalmente conseguiram a liberação do poder público para voltar aos treinos a partir da próxima semana, na segunda-feira (1º).

Entrevistados pela reportagem da Sagres 730 nesta manhã, Adson Batista e Vinícius Cirqueira, respectivamente presidente executivo do Atlético e vice-presidente do Vila Nova, deixaram a entender que, durante a reunião com o governador Ronaldo Caiado, Marcelo Almeida se comportou mais como médico do que como dirigente.

Além do mais, que o presidente do Goiás se posicionou contrário ao retorno dos treinos e que agora se beneficiaria da articulação dos rivais para também voltar às atividades no seu clube. Em resposta, Marcelo destacou que “tem muita gente faltando com a verdade em um assunto que ao mesmo tempo é simples, mas muito sério. Está faltando no Brasil exatamente isso: mais seriedade na condução de um problema que assola o mundo inteiro”.

Sobre sua postura, questionou que “vou me comportar como o quê? Presidente de clube é profissão? Acho que não. Dirigente de clube é profissão? Acho que não. A minha profissão é médico, então vou agir como médico. Se existe alguém que é advogado, ele age como advogado, e assim por diante, respeitando todas as profissões. Presidente de clube não é profissão, é uma atuação momentânea, porque daqui a pouco ele deixa de ser presidente e vai voltar aquela profissão, se é que essa pessoa tem profissão”.

“Quando digo faltar com a verdade, porque sempre me posicionei que eu era, como ainda sou a favor da volta dos treinos. Ponto final, isso nunca escondi de ninguém. Quem disse que me postei diferente na reunião com o governador mais uma vez faltou com a verdade”, explicou o dirigente esmeraldino. Segundo ele, “na reunião, a minha postura foi a seguinte: volto, quero voltar sim, mas quero voltar com responsabilidade”.

“Não sou imbecil de voltar sem essa autorização e me ver diante de um problema médico perante um atleta ou um membro da comissão técnica, porque não quero responder por isso. E mais uma vez tenho que colocar: sou médico. Na faculdade, aprendemos uma coisa na medicina que é cuidar de vida, e vida é muito mais importante do que futebol. Infelizmente para algumas pessoas, e felizmente para mim, a minha profissão coloca a vida acima de tudo”, acrescentou.

Embora já liberado pelo executivo municipal, ressaltou que “já tenho autorização para voltar e não sei se vou voltar. Porque faz parte do protocolo, que tenho certeza que não foi cumprido à risca por muitos clubes no Brasil, que é fazer os testes. Cada combinação de teste custa 500 reais, e tenho certeza que não são todos que farão como nós faremos. Não é porque temos dinheiro, é porque isso se chama responsabilidade”.

“Eu até pensei ‘para quê vou acelerar fazendo testes hoje se não existe a necessidade dessa pressa? Ah, para participar de campeonato’. Campeonato Goiano? Cadê, aonde? Campeonato Brasileiro, quem disse que vai ter. Temos que botar o pé no chão e entender que todo mundo tem que lutar por uma causa única, e o que observamos é que não existe essa luta pela causa única nesse país. É cada um querendo olhar para o seu próprio umbigo, sendo que várias e várias pessoas estão morrendo todos os dias”, acrescentou.

Ao contrário de Atlético e Vila Nova, o Goiás não esteve presente na reunião desta quinta-feira (28) no Paço Municipal com o prefeito Iris Rezende. Segundo Marcelo Almeida, “o Goiás está muito bem posicionado. Se uma pessoa está falando que está bem posicionada, quem está bem posicionado é o Goiás. Para quê vou participar dessa reunião se o meu pleito é sabido? Não preciso convencer ninguém”.

Na próxima semana, o clube esmeraldino começará a realização de exames da covid-19 com uma estrutura especial. Para o seu presidente, “se é para fazer a coisa com critério, vamos fazer com critério. Quantos atletas e comissão técnica estão envolvidos no Goiás? Algo em torno de 60. Cada exame deve demorar em torno de 15 minutes”.

“Então quer dizer que vou convocar todo mundo, 60 pessoas, para fazer uma aglomeração e fazer teste em todo mundo? Obviamente que não. Começa 7h30, 7h45 tem outro e assim por diante. Tanto é que sabemos que na própria segunda-feira não vai dar para fazer teste em todo mundo, vamos passar para terça. Isso é critério”, destacou.

Confira na íntegra a entrevista de Marcelo Almeida à Sagres 730