A decisão do Ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as condenações do ex-presidente Lula e restituiu seus direitos políticos, na última segunda-feira (8), causou reações no mercado financeiro. No dia da decisão, a Ibovespa encerrou o dia com queda de 4%, enquanto o dólar subiu a R$ 5,78. Agora, quando o ex-presidente discursou, a bolsa subiu 1,3% e o dólar caiu para R$ 5,653.

A economista Diana Sampaio conversou com o Sagres Sinal Aberto para explicar o porque dessas reações e se elas têm a ver, inteiramente, com os movimentos políticos dos últimos dias. Segundo ela, o mercado financeiro já vinha em queda e a decisão do STF colaborou com essa tendência. “O mercado financeiro está preocupado, no momento, é com a questão fiscal brasileira e a disputa presidencial ainda para 2022, ela começa a apontar algum risco para o mercado financeiro, mas, no curto prazo, não seria necessariamente o risco Lula”.

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Diana explicou que o mercado teme que o presidente Jair Bolsonaro, em busca de popularidade para uma reeleição, possa tomar atitudes que impactem a questão fiscal. E que isso, inicialmente, foi o que causou a primeira queda, no dia da decisão de Fachin. Agora, a subida dos indicadores, no dia do discurso, também pode ser somada a votação da PEC emergencial realizada nesta madrugada. “Fica parecendo que tudo está vinculado à questão da elegibilidade do Lula ou não, mas não é”.

Para a economista, a pandemia alterou o cenário e, hoje, a preocupação é com medidas que possam acelerar vacinação e viabilizar uma retomada da economia. Segundo ela, mesmo a falta de privatizações, esperadas com Paulo Guedes como ministro da Economia, fica em segundo plano.

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“As pessoas já comprovaram em outros países que a aceleração da vacinação, ela diminui o tempo de desgaste econômico. Então, neste caso, devido ao fato novo da pandemia, essas pautas se tornaram mais urgentes e talvez o próprio presidente esteja perdendo oportunidade de investir naquilo que entende se como o mais eficaz para retomada econômica neste momento”.

Operação Lava Jato

Diana contou que a reação do mercado também pode ser em função do golpe que a lava jato sofreu com a decisão do ministro Edson Fachin. A economista explicou que havia uma preocupação do setor com a corrupção dentro da Petrobrás.

“O mercado estava muito interessado mesmo no combate à corrupção dentro da empresa [Petrobras], que é uma coisa que perpassa o histórico da empresa, já de outros tempos e isso é que traz essa instabilidade jurídica que pode ter abalado o mercado. O fato de que outras ações podem ser sucedidas de desgastes e anulações é que pode ter impactado o mercado neste momento da decisão do ministro Fachin”.