Mulheres são maioria em diagnósticos de síndrome de burnout, principalmente por causa da dupla jornada de trabalho fora e dentro de casa. O distúrbio emocional pode ser tratado com o acompanhamento profissional. Mas muitas mulheres ainda não conhecem a condição que altera o bem-estar ou até confundem os sintomas com outras questões mentais e mais comumente com o cansaço normal. Por isso, a psicóloga Beatriz Saba explicou o que difere as duas condições.
“Na síndrome de burnout a pessoa irá descansar, mas quando ela retornar ao trabalho vai estar sentindo os mesmos sintomas da mesma forma. Então ela não terá aquele descanso emocional que realmente ela precisaria ter”, disse e continuou. “Ela pode até ter um descanso, mas os sintomas emocionais e físicos permanecerão”, frisou.
O cansaço comum geralmente acaba com um bom descanso de algumas horas, nas folgas semanais ou nas férias. E ele diminui a carga de estresse e pressão do trabalho, gerando vigor e ânimo no retorno. O que acontece na síndrome de burnout é que a pessoa chega, de fato, ao esgotamento físico e emocional. Por isso, Beatriz Saba apontou os sintomas para que todas fiquem atentas.
“A síndrome de burnout é quando a pessoa chega no esgotamento físico e psíquico. Ela começa a entrar em sofrimento mental e no próprio corpo, por muitas vezes sente um desgaste emocional muito grande, pode sentir sintomas depressivos, de ansiedade, tensão muscular, palpitações na parte cardíaca, problemas no sono, problemas gastrointestinais e rebaixamento de humor. Ela fica desanimada e se sente tensionada o tempo todo como se ela não tivesse a capacidade de cumprir as atividades laborais”, disse.
Diagnóstico em mulheres
A maioria dos diagnósticos de síndrome de burnout no Brasil são em mulheres, segundo dados do Ministério da Saúde. Em 2023, a pasta atendeu 393 pessoas com burnout, sendo 282 mulheres e 111 homens. No ano anterior, foram 227 atendimentos, com 164 para mulheres e 63 para homens.
A principal causa é a dupla jornada de trabalho que as mulheres enfrentam, que pode ainda chegar numa terceira jornada. “A mulher, se a gente parar para pensar, ela tem dupla jornada, às vezes até tripla, dependendo se a criança não dorme à noite”, disse Saba.
Mulheres também se tornam mães e ficam com a maior parte do trabalho doméstico. Assim, ao fim do expediente elas não descansam e a pressão com a vida profissional e pessoal pode gerar uma autocobrança para um perfeição nas duas áreas. “Então, isso realmente causa um desgaste emocional e chega a dar um esgotamento”, contou.
“Esse julgamento por muitas vezes existe e falar que eu estou sobrecarregada às vezes pode demonstrar uma fraqueza sendo que, na verdade, não pode ser uma fraqueza. Eu posso estar em sofrimento realmente emocional, eu posso estar entrando no esgotamento e se eu não pedir ajuda eu vou adoecer”, argumentou. A psicóloga ressaltou o quanto é importante ter apoio psicológico para superar o sofrimento.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e bem-estar.
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