O técnico do Goiás Esporte Clube, Hélio dos Anjos, foi o convidado da edição desta terça-feira (19), do programa Debates Esportivos. O comandante esmeraldino, que foi anunciado pela sexta vez no sábado à noite como treinador do alviverde, teve seu primeiro contato com o elenco na manhã desta segunda-feira (18).

Em sua coletiva de apresentação, Hélio dos Anjos comentou sobre sua estratégia que é tirar o Goiás da “zona de conforto” (clique aqui para acessar esta entrevista). E na Rádio 730 voltou a falar deste assunto que, para ele, é o maior problema do time e também comentou sobre o elenco que tem em mãos, a situação do goleiro Márcio, que após a queda de Osmar Lucindo passou a ser o interlocutor e vários outros temas.

Confira abaixo a entrevista completa:

O Sílvio foi duramente criticado por escalar o Aylon. No seu primeiro treinamento o utilizou como titular. Pretende seguir assim?

– No meu primeiro treino tático fui mais defensivo porque independente do nosso posicionamento tenho que trabalhar essa estrutura defensiva. Tecnicamente o Aylon tem tudo de bom para um atacante. Tem habilidade, é bom definidor. Mas todos os jogadores do Goiás hoje são questionados e se isso for levado em conta não terei um time para escalar. Preciso criar uma situação para que ele se desenvolva. Sempre falo que a maior confiança que um treinador pode dar para um jogador é colocá-lo para jogar. Não tenho alternativa de tentar contratar. Minha função é fazer o Goiás se manter na B com esse grupo, e é isso que vou fazer.

O elenco que o Goiás tem dá conta de fazer o que você tem em mente?

– O Goiás tem um grupo formado e ele não pode ser mexido em mais nada. O que eu posso passar? Meu elenco é bom, ele tem que ser bom a partir de agora. É muito simples chegar aqui, pedir 20 jogadores e a diretoria me dá. A primeira função de um treinador ao chegar em grupo é recuperar tecnicamente o que ele já tem em mãos. Se você tiver oportunidade de fechar situações para qualificar esse grupo terá também sensibilidade de indicar e trazer melhores opções. Quem tem que fazer esse grupo bom é o Hélio dos Anjos.

Situação do goleiro Márcio.

O presidente vai conversar com ele, mas é simples minha posição, tenho o Márcio como meu goleiro assim como é o Marcelo e o Renan. O Márcio vai fazer parte do meu elenco, minha relação com ele será de treinador jogador.

O que você acha que está acontecendo com o Goiás?

– No futebol não tem lugar mais para zona de conforto. Sempre falo para não comemorar muito o jogo de domingo, por que quarta-feira já tem outra partida. Para mim não é zona de conforto apenas do clube, mas daqui um pouco é do clube também. A zona de conforto faz com que você diminua a pesquisa, não invista na estrutura, mas esse não é o caso do Goiás, pois está investindo muito bem. O futebol te deixa em uma situação difícil quando você não consegue isto. Tenho por hábito sempre acompanhar o futebol e vejo o Goiás dessa forma, acho que entrou em uma zona de conforto. O Goiás está pagando agora por alguns problemas que tiveram a alguns anos. A gestão de futebol tem que ser melhor desenvolvida em qualquer clube. Tem três departamentos que é de fundamental importância, que é o de futebol, jurídico e marketing. O Goiás pagou por um time de primeira divisão. Um time de primeira divisão quando cai tem que voltar no outro ano. Temos três clubes na cidade e cada um tem sua característica. O maior problema do Goiás foi não ter retornado de imediato. 

Você percebeu que está faltando disciplina?

– A primeira coisa que tem que se fazer é gerenciar pessoas e a partir dai gerenciar o sonho. Quem chega tem que gerenciar. Tem que centralizar a decisão, mas dar liberdade para receber subsídios para essa decisão que vai tomar tenha a mínima possibilidade de erro. Temos nenhuma chance de erro na minha visão. O Goiás vai sofrer pelo menos os oitos jogos, em olhar a tabela de classificação. Para o meu gosto está desorganizado. Eu não aceito jogador chegar atrasado, principalmente se o clube oferece a ele chegar uma hora antes. O Goiás é uma máquina caríssima e todos tem que saber que a responsabilidade é de todos. Não te que culpar somente os jogadores. Cada cidade é de um jeito. Goiânia é uma cidade perigosa no sentido de opções. Em 1999 eu tinha 18 jogadores solteiros e tinha concentração. Quando visemos isso só não ficou rico quem não quis. 

Nos treinos houve algumas alterações, como você pensa montar a equipe? 

– Essa questão três zagueiros ainda é discutida no Brasil, mas os grandes clubes da Europa utilizam. A estrutura com três zagueiros é antiga, mas está em tempo de ser usada. A melhor possibilidade de marcar pressão é estar com os três defensores e ainda temos a sobra. Hoje se fala em linha de cinco e temos que treinar mais. 

Não tem um diretor de futebol é um problema?

– Nesse momento, pra mim não.

Você acha interessante ser treinador e diretor a partir do ano que vem assim como é na Europa?

– As pessoas no Brasil infelizmente não entendem isso, mas é algo natural. Eu tenho um contrato firmado com o Goiás bem simples até o dezembro de 2018, mas tenho que respeitar uma situação: se no dia 30 de novembro eu não tiver o Goiás na Série B, como vou querer que o clube me mantenha aqui dentro? Meu contrato é renovável no momento em que se definir o futuro do clube. A visão do Marcelo Almeida, caso se mantenha presidente, é muito moderna em relação ao futebol e isso me surpreendeu. Isso pode ser importante, se serei técnico e diretor, não sei, mas vejo isso como algo interessante no futebol.

Em 2009 você declarou que “não trabalhava com homossexual”. Sua visão oito anos depois é a mesma?

– A colocação teve interpretação errada. Quis dizer naquela época que no meu grupo não tinha homossexual. Não tenho nenhum problema em trabalhar, não me preocupo com isso, o espaço hoje é para todos.