O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) apresentou denúncia pelos crimes de homicídios qualificados ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) contra dois policiais militares responsáveis pelos disparos que mataram o auxiliar de produção Tiago Messias Ribeiro, 31 anos, e o adolescente Marco Antônio Pereira de Brito, de 17 anos, no dia 25 de novembro. O crime ocorreu em Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia, quando Tiago Messias era feito refém por Marco Antônio e dirigia o próprio carro.

 A denúncia contraria o relatório da Polícia Civil, em que o delegado Matheus Toledo concluiu apenas pelo indiciamento do soldado Paulo Márcio Tavares, de 29 anos, por homicídio por dolo eventual, já que foi responsável pelos dois tiros que mataram Tiago Messias. Outra conclusão do inquérito foi o indiciamento do sargento Gilmar Alves dos Santos, de 39 anos, por fraude processual. Foi o sargento que, utilizando a arma do menor de idade, disparou seis vezes de dentro do veículo, para simular evidências de um suposto confronto.

O promotor Leandro Murata recebeu o inquérito da Polícia Civil e explica porque discorda frontalmente das conclusões do delegado Matheus Toledo.

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O argumento de legítima defesa diante de confronto com o menor de idade, apresentado pelos policiais em depoimentos é desqualificado pelo Ministério Público, já que o carro já estava parada quando os tiros dos PMs foram efetuados e, além disso, a arma do adolescente Marco Antônio estava travada e laudos da Polícia Técnico-Científica comprovam que o menor não efetuou disparos.

O promotor Leandro Murata ainda explica as ações que deverão ser tomadas sobre o crime de fraude processual, já que os policiais militares alteraram a cena do crime.

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O advogado da família da vítima Tiago Messias, Éder Porfírio Muniz, afirma que o Ministério Público corrigiu o relatório da Polícia Civil ao apresentar denúncia contra os dois PMs por duplo homicídio qualificado, com penas que podem chegar, se somadas, a 60 anos de prisão para cada um.

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A esposa do refém Tiago Messias que foi morto na abordagem dos policiais militares, Rowena Messias, conta como se sente depois da denúncia ter sido apresentada pelo Ministério Público. Para ela, a Justiça está sendo feita.

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A denúncia do Ministério Público contra o soldado Paulo Márcio Tavares, de 29 anos, e o sargento Gilmar Alves dos Santos, de 39 anos, por duplo homicídio qualificado já foi protocolada no Tribunal de Justiça. O documento pede ainda a transformação da prisão temporária dos dois em preventiva, para que continuem presos até o julgamento.

Do repórter Rubens Salomão