Nem todas as mulheres aceitam o ditado de que lugar de mulher é na cozinha. Atualmente é possível ver mulheres em cargos políticos, em salas de aula, bancos, oficinas e até conduzindo trens. É o caso de Araly Andrade. Ela é apaixonada por trem e será a primeira mulher a operar na ferrovia Norte-Sul.

A Araly tem 43 anos, é mãe de uma menina de nove anos e esposa de um também maquinista. Natural do Maranhão, sua paixão começou há anos. “Essa paixão por trens começou quando eu ingressei em uma outra ferrovia, em 1998. Eles estavam com contratação aberta, mas eu nunca tinha visto um trem”, relembra.

Ela conta que iniciou os trabalhos na ferrovia com algumas escalas, mas se apaixonou e decidiu que queria esse trabalho para sua vida. “Minha primeira escala foi uma viagem, à 1h da manhã. Quando entrei no trem, eu olhei para meu instrutor e disse ‘ainda vou ser maquinista e conduzir esse trem sozinha'”.

Araly conquistou o lugar onde queria estar, mas teve que dar uma pausa na carreira. Era tempo de se dedica à família, em especial a filha, que ainda era um bebê.

Foto: Arquivo pessoal

Experiências e obstáculos

A maquinista tem experiência com trens de grande porte e ama o que faz. Mas nem tudo são flores. Na entrevista ela destacou quais foram suas maiores dificuldades no ramo.

“O maior desafio é a questão das jornadas noturnas. Quando se está na condução do trem é só você e não tem horário. É de madrugada, no sol, na chuva. Então, o maior desafio são as jornadas noturnas. Se acontecer algum problema você fica parado”, revela.

Ferrovia Norte-Sul

Araly vai conduzir um dos trens da ferrovia Norte-Sul, que deve começar a operar no primeiro semestre do ano que vem. O projeto da ferrovia vai facilitar a conexão entre as malhas ferroviárias que dão acesso aos principais portos e regiões produtoras do país.

O trecho da ferrovia deve cortar os estados de São Paulo, saindo de Estrela D’Oeste, passar por cidades de Minas Gerais até chegar em Ouro Verde, Goiás.

Dili Zago é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Faculdade Araguaia, sob supervisão do jornalista Denys de Freitas.