Brinquedos eletrônicos, cabos, escovas de dentes elétricas e outros dispositivos similares estão contribuindo para um desperdício massivo de recursos em todo o planeta. Uma recente pesquisa conduzida pela ONU lança luz sobre os pequenos objetos eletrônicos de consumo que frequentemente passam despercebidos pelos consumidores, mas que representam um sério problema de descarte. Segundo as estimativas da organização, anualmente, cerca de U$ 9,5 bilhões estão sendo desperdiçados devido a práticas inadequadas de descarte.

A categoria de “eletroeletrônicos invisíveis” inclui itens como teclados de computador, fones de ouvido, dispositivos médicos, barbeadores, controles remotos e muitos outros aparelhos comuns no nosso dia a dia.

Um exemplo notável é o vape (cigarro eletrônico), amplamente utilizado, apesar de sua comercialização e importação serem proibidas no Brasil. Os vapes contêm lítio, tornando suas baterias recarregáveis, mas também apresentam sérios riscos de incêndio quando descartados, o que torna o manejo correto de seu descarte uma questão desafiadora.

A pesquisa calcula que cerca de 844 milhões de vapes são descartados anualmente, formando uma montanha de lixo eletrônico equivalente a três vezes o peso da Ponte de Brooklyn, em Nova Iorque, ou seis vezes o peso das Torres Eiffel.

Estudo

No total, aproximadamente 9 bilhões de quilogramas de eletrônicos passam despercebidos pelos consumidores a cada ano, de acordo com o novo estudo. Entre eles, aproximadamente 3,2 bilhões de quilogramas são de brinquedos eletrônicos, como carros de corrida, trens elétricos, brinquedos musicais, bonecos falantes e figuras robóticas, totalizando 7,3 bilhões de itens individuais descartados anualmente. Isso equivale a uma média de um brinquedo eletrônico para cada pessoa na Terra.

O estudo também revela que 950 milhões de quilogramas de cabos contendo cobre valioso e facilmente reciclável foram descartados no ano passado, o que é suficiente para dar a volta à Terra 107 vezes.

O valor dos materiais preciosos contidos no lixo eletrônico global gerado em 2019 foi estimado em U$ 57 bilhões, com a maior parte desse valor associada a componentes de ferro, cobre e ouro. Dentro desse total, cerca de 1/6, ou seja, U$ 9,5 bilhões anuais em valor material, corresponde à categoria de lixo eletrônico invisível.

Pesquisa da ONU

Uma pesquisa anterior da ONU havia identificado que apenas 3% do lixo eletrônico na América Latina é descartado e tratado de maneira adequada, resultando em uma perda anual de U$ 1,7 bilhão.

O Brasil, como o maior gerador de resíduos eletrônicos no continente, contribui significativamente para esse desperdício econômico. Além disso, essa é uma preocupação ambiental séria, uma vez que esses componentes contêm várias substâncias prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.

“As pessoas tendem a reconhecer os produtos elétricos domésticos como aqueles que conectam e usam regularmente. Mas muitas pessoas não reconhecem alguns produtos alimentados por bateria ou com fio como produtos elétricos porque não têm plugue. Eles também desconhecem os componentes perigosos que o lixo eletrônico contém. Se não forem tratadas adequadamente, substâncias como chumbo, mercúrio ou cádmio podem infiltrar-se e contaminar o solo e a água”, disse o diretor geral da associação WEEE Forum, Pascal Leroy.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis

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