Reconhecimento facial, carros autônomos, assistentes de voz, chatbots, algoritmos em mídias sociais, automatização industrial e aprendizado de máquinas. Além disso, sistemas que executam tarefas repetitivas com intuito de aprimorar processos e produtos. O que era apenas uma teoria, hoje é ferramenta indispensável. Desde a sua criação na década de 1950, a Inteligência Artificial (IA), vem percorrendo um longo caminho de evolução.
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Nesse sentido, em entrevista à Sagres no programa Pauta 1 desta semana, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutor em Engenharia Eletrônica e Computação, Anderson Soares, analisa a velocidade com que a IA vem evoluindo.
“Não há precedentes na história da humanidade sobre uma evolução científica tão rápida como é o caso da IA. Isso é um fato. Nada evoluiu tão rápido quanto o que temos visto de dez anos para cá. Mesmo para nós que estamos imersos nesse processo, está difícil de acompanhar. Isso acaba assustando um pouco a sociedade”, avalia Soares.
Ademais, Soares foi questionado ainda sobre a possibilidade de a IA ser ou não capaz de ultrapassar significativamente a capacidade cognitiva humana.
“O raciocínio é um conceito muito mais sofisticado da mente humana que requer a interconexão de diversas experiências, padrões e até mesmo alguns aspectos aleatórios que nem mesmo a humanidade tem total compreensão sobre como isso acontece. Eu diria que é, talvez, no máximo, um raciocínio limitado, que é a interpretação de padrões presentes em alguns dados”, afirma. “Embora seja inteligente, são tarefas extremamente específicas. A mente humana é muito generalista, e isso a gente ainda não consegue fazer artificialmente na máquina”, complementa.
E o quanto a inteligência artificial (IA) vai se aproximar da mente humana? É possível dizer se a IA é mesmo inteligente ou artificial? seria ela capaz de raciocinar como os humanos ou só realiza tarefas para as quais foi programada para fazer? Como a IA aprende, quais são os tipos e como é aplicada no mundo real? E ainda, quais são as limitações dessa nova tecnologia? Vamos perder nossos empregos para as máquinas?
“É improvável, mas eu não usaria o termo nunca, porque muita coisa pode acontecer em 100, 200, 300 anos, não sei. A história nos mostra isso. Se a gente olhasse há algum tempo atrás e dissesse que hoje a gente conversaria em tempo real com quem está a centenas de milhares de quilômetros de distância nos diriam que é impossível, pelo conhecimento que se tinha. Hoje a gente não só conversa como também enxerga a pessoa em tempo real, isso era absolutamente inimaginável há alguns séculos”, pontua o professor.
Pioneirismo
Em 2019, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás (UFG) aprovou por unanimidade a criação do curso de bacharelado em Inteligência Artificial (IA). Trata-se da primeira graduação nessa modalidade no país. Soares, que presidiu a comissão de elaboração da nova modalidade, afirmou, porém, que, por enquanto, é contra a regulamentação da IA. No Senado, uma comissão analisa o projeto de lei que regulamenta a tecnologia.
“Acredito que temos mais a perder cerceando agora do que permitir o desenvolvimento e depois entender que ‘olha, isso aqui não é legal. Então vamos voltar e dizer que isso aqui não pode’. Uma coisa é cercear a priori, outra coisa é dar liberdade, inclusive criativa e em desenvolvimento e, eventualmente, dizer ‘isso aqui não é legal'”, conclui.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 09 – Indústria, Inovação e Infraestrutura e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes.
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