O Dia de Bike ao Trabalho (do inglês Bike to Work Day) é comemorado nesta sexta-feira (14), a segunda do mês de maio. A celebração, que surgiu nos Estados Unidos em 1956, tem o objetivo de conscientização a população sobre os benefícios de pedalar e fazer uso da bicicleta.

Em Goiânia, a Celi Nascimento se desloca todos os dias pedalando do Setor Sudoeste para trabalhar na região do Terminal Rodoviário da capital. Ela conta que nem sempre tem o respeito dos condutores na hora de fazer o trajeto.

“Eu enfrento motoristas sem educação, mas também tem os que são gentis, que sabem dar preferência para mim. Tem muito motoqueiro apressado, principalmente no fim do dia, que o povo fica mais apressado ainda”, relata. Confira a seguir na reportagem

Também ciclista, o Robson Melo passa todos os dias na ciclovia da Avenida T-63. Ele vem do Setor Pedro Ludovido em direção ao Bueno, e conta que, em um determinado trecho, a pista para as bicicletas simplesmente deixa de existir. Ele pede mais planejamento na hora de pensar a mobilidade urbana para quem pedala na capital.

“Tem lugar que a gente anda que tem ciclovia e lugar que já não tem. Aí a gente tem que se misturar com os carros. Pode ser um risco para o ciclista e até para o próprio motorista também, a gente pode atrapalhar um pouco eles, porque quem não tem uma certa experiência de andar de bicicleta na rua, pode atrapalhar o trânsito”, argumenta.

Robson tem que andar todos os dias ao lado dos carros, mesmo com a ‘ciclovia que acaba’ instalada na T-63 (Foto: Sagres TV)

O professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e doutor em Mobilidade, Vinícius Druciaki, afirma que a ideia de incentivar o uso da bicicleta para o trabalho é recente.

“No Brasil essa ideia foi trazida muito recentemente, em 2014, por um dos movimentos muito ativos na causa da bicicleta e da mobilidade em prol das pessoas que andam de bike no Brasil, e tem esse intuito de conscientizar como seria pelo menos um dia do ano, para aqueles que não têm o costume, para ir ao seu trabalho se deslocando de bicicleta”, afirma em entrevista ao Sagres em Tom Maior #268.

Druciaki acredita que os ambiente urbano, principalmente nas grandes cidades, ainda apresenta deficiências para quem prefere pedalar sobre duas rodas para se locomover. “Nós vemos hoje uma estrutura nas cidades que se apresenta muito hostil, inclusive para pequenos deslocamentos que poderiam ser feitos por bicicleta”, avalia.

Vinícius Druciaki, no STM #268 (Foto: Sagres TV)

O repórter Samuel Straioto, do Sistema Sagres, também prefere usar a bicicleta para se deslocar de casa para o trabalho. Ele orienta que o ciclista precisa ter a direção defensiva no trânsito das grandes cidades, como Goiânia, e relata ainda outras dificuldades que encontra pelo caminho.

“Nem todos os lugares públicos como supermercados, padarias, dispõe de locais para trancarmos a bicicleta com segurança”, denuncia.

A solução é colocar onde tiver jeito, se possível, trancando pelo menos dois componentes da bike, o quadro e a roda, por exemplo.

O repórter Samuel Straioto tenta achar lugar para deixar a bike em um supermercado (Foto: Sagres TV)

Terminais de ônibus em Goiânia e Aparecida oferecem bicicletários para os usuários deixares as bikes antes de embarcar no transporte coletivo. Só na capital, são mais de 94 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas implantados na capital.

O professor Druciaki afirma que mais do que oferecer a estrutura, é preciso colocar em práticas políticas públicas para favorecer cada vez mais o uso das bicicletas no espaço urbano.

“Nós temos que cobrar, chegou a hora de fazer cumprir o Plano Diretor, que está atrasado em Goiânia assim como de outras cidades. O próprio plano diz que é um instrumento urbanístico, uma política pública, pessoas e bicicletas são prioridades no sistema de mobilidade. O que está acontecendo”, questiona.

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O deslocamento diário neste meio de transporte pode vir a suprir a falta de tempo para a prática de atividades físicas oferecendo inúmeros benefícios à saúde como pessoas menos ansiosas, com menos propensão a casos de depressão e com a sensação de liberdade e independência.

Confira a entrevista com o professor Vinícius Druciaki