A professora e liderança indígena, Eunice Tapuia, participou da última edição do Conexão Sagres, que procurou conhecer a história e as demandas atuais dos povos indígenas em Goiás. Apesar de citar alguns avanços conquistados pelo grupo, ela criticou a violência e a imposição cultural aos povos originários no estado.

“A gente conseguiu um curso na UFG, a lei de cotas, e com isso temos indígenas, não só de Goiás, mas de todo o Brasil para estudar na UFG. Já é um grande avanço, mas os indígenas de Goiás sofreram muita violência. As pessoas não conhecem ou não querem reconhecer que Goiás também é território indígena. Esse apagamento é o que estamos lutando, um tipo de violência mais forte do nosso século. Quando fala que perdemos nossa língua, nós não perdemos nossa língua, nos foi tirada. A gente não perde língua não”, argumentou.

Nesse sentido, Eunice Tapuia reconhece que a luta não para e que são tempos de esperança, segundo a avaliação dela, com relação a períodos anteriores.

“Ainda não estamos totalmente dentro desse governo. A gente tem no legislativo uma deputada, a presidente da Funai, agora a secretaria, mas e Goiás? Nós estamos lutando para a criação da secretaria estadual. Nós queremos que indígenas do nosso estado para ocupar esses lugares, porque os povos de Goiás, como eu disse, passaram por muito massacre. Então, temos desde um povo indígena que nasceu da junção de vários, até povo de recém contato”, afirmou.

Eunice Tapuia ainda levantou o problema da questão do estereótipo indígena, em que o senso comum define como ele deve ser de acordo com seu imaginário, sem levar em conta o que realmente é.

“Eu por exemplo, enquanto mulher indígena, a gente sabe que os portugueses chegaram aqui e não traziam mulheres, logo estupravam nossas mulheres. Faziam com que elas casassem com eles para gerarem filhos. Então, essa imagem ainda, dessa mulher indígena, existe muito e isso é um preconceito que temos que enfrentar no dia a dia. Se eu andar na rua com a pele pintada, vão estranhar”, explica.

Confira a edição do Conexão Sagres na íntegra:

*Esse conteúdo está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU 10 – Redução das Desigualdades

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