Quase 80% das famílias brasileiras estão com algum tipo de dívida no sistema financeiro nacional, segundo a  Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Outro dado divulgado é que 27% das famílias perderam o controle das dívidas e entraram no sistema de proteção ao crédito, o SPC/Serasa. O número de pessoas com dívidas e contas em atraso registrou um recorde, é o maior desde março de 2010.

Para a especialista em educação financeira, Juliana barbosa, existem diversos fatores para estes números tão alarmantes:

“As dívidas ainda são uma grande preocupação para a população brasileira. Estamos vivendo um cenário desafiador, agente tem visto a inflação em alta corroendo o nosso poder de compra. Alta no preço da gasolina, energia elétrica, itens da cesta básica. Toda essa conjuntura, com o início do ano: matrícula de filhos na escola, material escolar, IPTU, IPVA, então como essa situação vai nos deixar livre de dívidas?”

Maria José Martins, de 58 anos, trabalha como doméstica e para não ter o nome inserido nesta pesquisa tem retirado da lista de compras até itens básicos, como carne e ovos.

Foto: Reprodução TV Sagres (Na imagem, Dona Maria José Martins)

O cartão de crédito, que é uma das principais formas de compras dos brasileiros pode ser um perigo, caso não seja controlado. O cartão de crédito apresenta a primeira redução entre os endividados desde fevereiro de 2021, mas não é bom se animar. As dívidas no cartão representam 86,5% do total de famílias inadimplentes.

A especialista afirma que para evitar o gasto descontrolado, a pessoa precisa ter em mente o que de fato necessita, se estas compras em excesso não estão fora da sua margem de necessidades, como itens básicos. Deixa o cartão em casa é um passo inicial para evitar a dívida. Em caso de não conseguir ficar longe dele, outra opção destacada por ela é a desabilitação temporária, através de um pedido junto ao SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) do banco.

Foto: Reprodução TV Sagres (Na imagem, a especialista em educação financeira, Juliana Barbosa)

Como medida de proteção ao crédito, o Banco Central do Brasil aumentou as taxas de juros para pessoas físicas, de 39,4% para 46,3 no mês de fevereiro. Essa é uma das formas encontradas para reduzir o acesso fácil ao crédito para que as pessoas evitem os gastos.

A economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, afirmou que o encarecimento do crédito no Brasil e a fragilidade apontada no mercado de trabalho devem seguir afetando o endividamento e a inadimplência dos consumidores. Outro fator destacado é que não dá para ignorar as incertezas para à economia em um ano eleitoral.

Sinval Lopes é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Centro Universitário FASAM e o Iphac, sob supervisão da Jornalista Luciana Maciel.

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