Professor do Departamento de Ecologia e um dos três membros do grupo de Modelagem da Expansão Espaço-Temporal da Covid-19 em Goiás da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thiago Rangel explica que o boletim diário da Secretaria Estadual de Saúde (SES) não reflete o número real de óbitos acontecido em Goiás, mas as mortes identificadas até sua data de divulgação. Por isso, não é correto comparar as projeções do grupo de modelagem com esses boletins.

Na semana passada, Thiago Rangel foi muito criticado nas redes sociais ao propor o modelo de isolamento intermitente de 14 por 14 dias, adotado em decreto pelo governador Ronaldo Caiado, sob argumento de que as projeções anteriores da UFG, divulgadas nas Notas Técnicas 1, 2, e 3 não haviam sido confirmadas pelos resultados oficiais de casos e de óbitos na SES.

Em entrevista à Sagres 730 nesta terça-feira (7), Thiago explicou por que essa comparação está equivocada, e observou que há atraso entre a notificação das mortes nos boletins municipais e o boletim estadual. “Apesar de a gente ter cruzado a linha dos 700 óbitos ontem (6 de julho), estimamos que [até] hoje (7), e desde o início da pandemia, a gente já deve ter cruzando a linha dos 900 óbitos. Onde que estão os 200 faltantes? Eles já aconteceram, porém ainda não foram notificados na Secretaria Estadual”.

Na reunião com prefeitos e o governador no dia 29, a UFG previu 18 mil mortos até setembro em Goiás, na hipótese de o isolamento social não subir para a média ideal de 50%, e um mínimo de 4 mil mortos caso essa média seja atingida.

“A notícia aqui não é que a UFG projeta 18 mil óbitos até setembro, é que a UFG projeta no pior cenário 18 mil óbitos”, disse, para lembrar que no melhor cenário, com o distanciamento de 50%, a projeção é de 4 mil óbitos até setembro. “Qual que é a manchete aqui? A UFG projeta que deve haver mais de 4 mil óbitos até setembro. Então entre 4 mil e 18 mil é uma faixa dos valores possíveis. Não projetamos que vão morrer 18 mil ou que vão morrer 4 mil, mas a conclusão que se tira é que, o número final de óbitos até setembro deve ser entre 4 e 18 mil. Quem vai decidir quantos de fato vão morrer entre 4 mil e 18 mil é a sociedade. É ela que escreve essa curva de óbitos, é o meu comportamento, é o seu comportamento, é o comportamento do ouvinte, o comportamento da sociedade inteira. Qualquer seja, ele que deve resultar no número de óbitos entre 4 mil a 18 mil”, disse o professor à Sagres 730. “Se você olha para o número que tem hoje e para o modelo, é como se você tivesse assumindo que pandemia acabou naquele dia, quando a gente sabe que isso não é verdade.”

Confira abaixo a íntegra da entrevista

O aumento do isolamento social em Goiás foi pequeno, isso justifica medidas mais restritivas?

Na verdade, no nosso estudo nós não temos medidas, temos o índice de isolamento. Nós simulamos uma solução ou uma alternativa, no qual a população ficava com isolamento em nível de 55%, e essa parecia ser uma alternativa viável para evitar uma superlotação de hospitais. Se de fato esse índice não for atingido e não for mantido por 14 dias, a solução alternativa que foi simulada pode não ser de fato concretizada. Dessa maneira é preciso que seja revista a estratégia que foi colocada, e talvez pensar em um incentivo adicional para que as pessoas de fato fiquem em casa. Teríamos que discutir que incentivo seria esse, mas de fato nenhum país que combateu uma pandemia com índices tão baixos.

Qual efeito do uso de máscara na disseminação do vírus?

Do ponto de vista da proteção e da não transmissão individual, a máscara parece ter um efeito. Seja por estudos experimentais, seja por estudos de populações pequenas. Mas veja que esse estudo que nós estamos fazendo para Goiás, e também para o DF, envolve 10 milhões de pessoas ao mesmo tempo. Então nessa escala, digamos macro, o impacto da máscara na superlotação dos hospitais é relativamente muito menor do que o impacto da subida do isolamento social. Então ainda que todos estivessem usando a máscara de maneira eficiente, se nosso índice de isolamento permanecer abaixo de 50%, eventualmente a gente vai ter problema. Eu posso ilustrar isso com vários exemplos. Se máscara fosse tão eficiente quanto eu e você gostaríamos que fosse, nenhum país no mundo teria entrado em lockdown, por que máscara não é uma tecnologia que só a gente tem, além disso, se máscara fosse essa proteção perfeita, nenhum médico ficava doente. Então é preciso lembrar que a máscara não vai impedir uma transmissão no ônibus lotado, a máscara não vai impedir a transmissão numa calçada lotada, a máscara é o último caso quando a pessoa de fato precisa sair de casa, mas a proteção é estar em casa.

O que seria esse incentivo adicional para as pessoas ficarem em casa?

Eu não tenho formação em políticas públicas, mas eu imagino incentivos econômicos. Não sei se o governo estadual e as prefeituras teriam maneiras de incentivar as pessoas, tanto do ponto de vista jurídico, quanto do ponto de vista econômico, para que não sejam forçadas, não sejam obrigados a irem para os seus trabalhos. O que eu fico imaginando, por exemplo aqui em Goiânia, se o comércio está fechado, se as empresas estão fechadas e tudo está fechado, por que que os ônibus estão lotados? É isso que eu fico pensando. Parece estar acontecendo, alguma falta de incentivo para as pessoas ficarem em casa, mas isso está fora da minha da minha alçada técnica.

Como o sr. avalia a coordenação e a comunicação realizadas no Brasil no combate à pandemia?

O governo federal só tem atrapalhado, é um desastre o que tem feito. Na verdade, isso começa antes mesmo da pandemia num processo continuado de negacionismo e teorias de conspiração que geram ruído terrível na população, uma polarização terrível. Isso vai desde o Ministério da Educação, do Ministério da Ciência, no Ministério da Saúde. Qualquer bom ministro para Saúde está automaticamente descartado, como a gente viu em Brasília. E as soluções fáceis, as soluções simplistas, como remédios não testados, se espalham e as pessoas automaticamente começam a polarizar todas as tomadas de decisão. Além disso, gera esses comportamentos rebeldes [da população]. Eu adicionaria, além da falta de coordenação e da falta de comunicação, que no Brasil a gente tem talvez um problema ainda mais grave, de realmente não confiar nos governos. Nós não confiamos, nós somos rebeldes como crianças de 7 anos, não importa o que o governante diga, a gente não confia no que acontece, também não confia na ciência.

Uma ciência que funciona no mundo inteiro, a mesma ciência, o mesmo conhecimento, funciona na Europa, funciona nos países desenvolvidos, quando os mesmos argumentos, as mesmas evidências são apresentadas aqui, a população rebate ou não aceita aquilo com base em teorias de conspiração. Então isso tudo é muito grave. Quando você não confia no governo, quando você não confia na ciência, quando não há coordenação entre os entes federativos, entre Brasília, entre Palácio das Esmeraldas, e cada uma das Câmaras Municipais e dos Paços Municipais, quando não há essa a coordenação, não tem como o resultado ser eficiente. A população vai reagir, a população vai ficar atordoada com tanto ruído.

Somando a isso, as fake news que rodam pelo WhatsApp e uma população que acha que tudo que chega como fake news é uma notícia para polarizar e repassa isso de maneira muito rápida. Então a gente perdeu uma grande chance de dar exemplo para o mundo no combate à pandemia, porque realmente não foi por falta de ciência, o Brasil tem cientistas de ponta; não foi por falta de conhecimento, porque a gente já tinha observado e aprendido com a experiência dos outros países, foi realmente característica cultural nossa e a falta de coordenação entre os governos.

O Brasil tem também um sistema de saúde, o SUS, que é único no mundo.

Pois é, nós temos uma estrutura já instalada para atingir todos os cantos do país, porque nós temos um sistema muito difundido, muito espalhado em um Sistema Único de Saúde (SUS) que é único no mundo. Nós tínhamos tudo para dar certo. Nós temos os médicos de família que atendem de porta em porta, nós temos um alcance de vacina historicamente gigantesco. Então tinha tudo para dar certo, mas culturalmente a gente não acredita, a gente quer polarizar tudo, a gente vende um trauma político muito grande nos últimos anos, então infelizmente, não foi dessa vez que a gente deu um exemplo. E isso custa milhares de vidas para sociedade, as pessoas são muito rápidas em colocar um valor no PIB, no que se perdeu do PIB no ano com fechamento de comércio e indústria, mas eu queria saber se existem estudos que vão colocar um valor nessas vidas que foram perdidas de pessoas que estavam em fase produtiva, economicamente produtiva, e também da sabedoria que foi perdida com os nossos idosos que vão de maneira evitável.

Seu grupo na UFG divulgou neste domingo (5) a Nota Técnica 5 de Atualização das projeções até 30 de agosto de 2020. Na nota anterior havia previsão de 67 a 95 óbitos por dia até 30 de junho e de 129 a 162 diários até 31 de julho. O que as projeções conseguiram detectar da realidade? Essas atualizações fazem correções das projeções divulgadas pelas notas anteriores?

Em primeiro lugar é preciso entender que ciência é feita de maneira continuada, a gente está sempre aprendendo, na medida em que a pandemia avança, geram-se novas informações que não estavam disponíveis antes, e essas informações vão sendo estudadas, compiladas e incluídas nas projeções. Não existe projeção definitiva ou projeção final, na verdade se fosse assim a gente não chamaria de projeção. Essa pandemia nunca aconteceu antes, então a gente não tem informação prévia de como uma pandemia atacaria e avançaria sobre Goiás, essa é a primeira coisa que tem que ser dita.

A segunda coisa que tem que ser dita é que essas novas informações que foram incorporadas são bastante relevantes. Por exemplo, na Nota Técnica 3, que você mencionou, até então só havia tido um inquérito sorológico, aquele inquérito populacional para saber quantas pessoas em Goiânia já tinham tido o contato com vírus. Agora nós temos dois, o outro aconteceu em meados de junho. Como vocês sabem, a gente aprende na escola, por um único ponto você podem passar infinitas curvas ou infinitas retas e por dois você consegue entender realmente o ritmo do avanço. Isso é só para ter uma ideia do quanto a nova informação é importante. Além disso, as pessoas esquecem, quando elas fazem essa comparação, “porque nessa data deveriam ter tido tantos óbitos…” isso me deixa mais tranquilo, eu até gostaria que mais pessoas fizessem esse tipo de questionamento, porque como cientista eu sou muito tranquilo em ter meu trabalho avaliado. Na verdade, essa é a rotina de um cientista, criticar e ser criticado, a ciência funciona assim. Quando se faz uma crítica ao meu estudo eu não entendo isso de maneira pessoal nem fico ofendido, muito pelo contrário, se o meu estudo é criticado, é porque alguém se deu ao trabalho de lê-lo. Todos os trabalhos científicos são criticados antes de serem publicados, eles precisam atender critérios mínimos e isso me deixa muito tranquilo, porém a crítica precisa ser pertinente, precisa ser justa.

Quando as pessoas olham para o número de óbitos que havia sido estimado, projetado para aquela determinada data, e compara com que é divulgado pela Secretaria [Estadual de Saúde], é importante dizer que os números da secretaria estão subestimados. O número da secretaria não reflete o número de óbitos que aconteceu naquele dia. Ao contrário, dentro do modelo de simulação, não existe secretaria e não existe subnotificação, então na verdade, apesar de a gente ter cruzado a linha dos 700 óbitos ontem (6 de julho), (até) hoje (7), e desde o início da pandemia, a gente já deve ter cruzando a linha dos 900 óbitos. Onde que estão os 200 faltantes? Eles já aconteceram, porém ainda não foram notificados na Secretaria Estadual. Na verdade, se você olhar com cuidado os boletins municipais vai encontrar óbitos que já foram notificados e que não constam no da Secretaria Estadual. A última vez que eu olhei, na região do Entorno faltavam muitos óbitos. Anápolis, Rio Verde, só isso já somariam 50 óbitos.

Além disso, daqui a duas semanas, quando a gente olhar para os óbitos que aconteceram até hoje pela data do óbito, mais de 100 óbitos que já aconteceram até agora vão levar até duas ou três semanas para serem notificados. Então esse atraso natural que existe em uma pandemia, e aqui eu não estou dizendo que poderia ser diferente foi assim em todos os países, faz com que a avaliação instantânea daquela data do modelo, das projeções não seja pertinente. Se você olha para o número que tem hoje e você olha para o modelo, é como se você tivesse assumindo que pandemia acabou naquele dia, quando a gente sabe que isso não é verdade. Então isso é um esclarecimento que precisa ser feito. De qualquer maneira, as projeções que são feitas com modelo recalibrado, com novas informações, sempre vão ser melhores do que as projeções que foram feitas um mês atrás. É assim que funciona a ciência, eu não tenho a fórmula mágica e nem bola de cristal.

Agora por último, e isso eu queria destacar, é existe muita incerteza na evolução de uma pandemia, existe muita incerteza em relação à covid, existe muita incerteza em como a população, como as pessoas respondem do ponto de vista médico, e quem evolui para um caso grave e quem é assintomático, tudo isso tem muita incerteza. Mas nenhuma incerteza do ponto de vista do vírus ou da doença é tão grande quanto como a população vai reagir à evolução da pandemia, como o isolamento social vai aumentar ou diminuir. Então quando a gente fala de uma projeção que foi feita 45 dias atrás, não se sabe qual vai ser o isolamento social no mês seguinte, é por esse motivo que o grupo nunca faz uma única projeção. Se tivéssemos feito uma única projeção, isso seria uma previsão, nós estaríamos dizendo o que vai acontecer, mas não existe essa certeza de como a população vai reagir, se o isolamento vai subir, se o decreto vai vingar, se ele não vai. As projeções que são feitas possuem uma faixa de incerteza muito grande, e é por esse motivo que surgiram os tais 18 mil óbitos até setembro. O que eles querem dizer? A notícia aqui não é que a UFG projeta 18 mil óbitos até setembro, é que a UFG projeta no pior cenário 18 mil óbitos. Então qual é a conclusão, a UFG diz que deve ter menos óbitos do que 18 mil até setembro, porque esse é o pior cenário que nunca se concretiza.

Então se você sabe qual é esse limite superior, isso te permite analisar do ponto de vista relativo, do ponto de vista proporcional, o que que você espera. Porém no mesmo estudo, nós projetamos o melhor cenário, 4 mil óbitos até setembro. Esse não deu muita notícia, mas qual que é a manchete aqui: A UFG projeta que deve haver mais de 4 mil óbitos até setembro. Então entre 4 mil e 18 mil é uma faixa dos valores possíveis, não projetamos que vão morrer 18 mil ou que vão morrer 4 mil, mas a conclusão que se tira é que, o número final de óbitos até setembro deve ser entre 4 e 18 mil.

Quem vai decidir quantos de fato vão morrer entre 4 e 18 mil é a sociedade, a sociedade é que escreve essa curva de óbitos, é o meu comportamento, é o seu comportamento, é o comportamento do ouvinte, o comportamento da sociedade inteira, qualquer seja ele que deve resultar no número de óbitos entre 4 mil a 18 mil.

Desse mínimo de 4 mil mortos e máximo 18 mil, hoje estamos com 700 óbitos. Dá para saber se vamos ficar mais perto do 4 mil ou dos 18 mil?

Não dá, porque a gente não sabe como a população vai reagir. Se o decreto não colar, se a gente não subir o isolamento social a gente vai ficar mais perto dos 18 mil do que dos 4 mil. Se de fato a população responder positivamente e preventivamente e subir o isolamento social, a gente vai ficar mais perto do quatro (mil). Agora isso não é uma projeção que eu estou fazendo, porque a incerteza não está dentro do modelo, ela está na sociedade. Quando a gente cria cenários, a gente não pergunta incerteza para o modelo, a gente cria como se aquilo se tivesse se tornado realidade, mas eu não sei tanto quanto você não sabe.

Estamos errando ao comparar os dados da projeção da UFG com a mesma data do resultado diário da Secretaria de Saúde?

Como a gente avalia o modelo, como a gente sabe se o modelo passou perto ou se ele passou muito longe? Em primeiro lugar é preciso analisar o cenário, então nós sempre criamos três cenários, um cenário com mais baixo isolamento, um médio isolamento e um com baixo isolamento. Agora podemos olhar para trás para as últimas semanas e olhar qual foi o isolamento que de fato aconteceu. Esse isolamento é mais próximo de qual dos cenários que foram simulados? Bom, uma vez que você estabelece qual é o mais próximo, então aquele cenário serve para gente poder avaliar o modelo, já levando em consideração que o isolamento efetivo ou realizado pode não ser exatamente aquele.

Agora, em termos de óbitos, como a gente avalia? Nós precisamos da curva do número de óbitos pela data em que o óbito ocorreu. A secretaria de Saúde fornece esse número, só que ele não é aquele número que aparece quando você entra no site da secretaria. Você que tem que ir lá e construir a sua curva, é assim que eu avalio o modelo. E o modelo continua funcionando muito bem, ele continua acertando muito bem desde abril. Por exemplo, quando você disse o número de óbitos diários, em abril nós dissemos que em meados de julho aconteceria a primeira data com 50 óbitos notificados. Porém aquele era o cenário verde, que de fato é o mais próximo do isolamento que de fato aconteceu.

E esse mesmo cenário verde, diz que é possível que agora em julho a gente tenha pelo menos um dia com 100 óbitos notificados no mesmo dia. Então uma vez que a gente tem a curva de óbitos acumulados pela data do evento óbito, a data de cada um dos óbitos, agora a gente pode colocar lado a lado com cada uma das projeções para ver inclusive, se essas projeções serviram para orientar o que poderia acontecer.

Porém, a confirmação de um óbito como sendo por covid leva em torno de duas a três semanas, isso eu posso também mostrar com a série histórica do que está acontecendo em Goiás. Eu fiz uma análise por exemplo, que no dia 29 de junho haviam sido confirmados notificados até aquela data cerca de 400 óbitos. No dia 8 de julho, nove dias depois, a Secretaria já havia confirmado até a data 26 de junho cerca de 120 óbitos a mais, ou seja, quando a gente estava em 29 de junho já tinham mais de 100 óbitos acontecidos até aquela data que levaram uma semana para ser notificados.

Até hoje a Secretaria notifica óbitos que aconteceram em abril, para você ter uma ideia, então uma vez que você olha a curva de óbitos é preciso olhar até no mínimo duas semanas atrás, onde o número de óbitos acontecidos até aquela data já está relativamente estabilizado e não vai haver um acréscimo muito grande ou não falta muito mais óbitos. Então a comparação entre o que aconteceu em valores de óbitos e o modelo, não pode vir até o presente, porque até o presente ainda faltam centenas de óbitos para serem confirmados”.