Uma final de Copa Libertadores da América, um título de Campeonato Brasileiro, título de Sulamericana e título na Copa do Brasil. 

Uma Arena de Copa do Mundo.

Em 1994 quando disputou a Série B do Campeonato Brasileiro com o Goiás Esporte Clube, o Athletico Paranaense não tinha conquistado nenhum desses feitos.

Naquela temporada o Verdão subiu, o Furacão teve que esperar o ano seguinte para alcançar a elite do futebol nacional. 

Mas por que o Athletico cresceu tanto e o Goiás não conseguiu seguir o mesmo caminho?

O companheiro e jornalista Elder Dias, um dos melhores textos de Goiás, fez uma boa análise a respeito do tema.

Confira e entenda um pouco da ascensão do time que tinha Oseas, Paulo Rink e Ricardo Pinto como destaques em 1995 e que cresceu assustadoramente nos últimos anos.

Atlético Paranaense em 1995

 

Texto do jornalista Elder Dias – Site Estadio das Coisas 

24 de março de 1998 é o marco da grande mudança estrutural do futebol brasileiro: era sancionada a Lei Pelé, que acabava com a chamada lei do passe e liberava o jogador de sua agremiação após o fim do contrato. A partir daquele momento, cada clube teria de refazer seu planejamento e encontrar seu próprio caminho.

Até aquela data, como maiores conquistas, o Goiás Esporte Clube tinha então o vice-campeonato da Copa do Brasil de 1990 e o 4º lugar do Brasileiro de 1996. Em patrimônio, um belo centro de treinamento e um pequeno estádio inaugurado anos antes na Serrinha.

O Athletico Paranaense ainda era Atlético. No currículo, de importante havia apenas um 3º lugar no Brasileiro, ainda em 1983. O Furacão nem estádio tinha – mandava seus jogos no Pinheirão, enquanto a primeira etapa da Arena da Baixada era construída.

18 de setembro de 2019. O agora Athletico chega ao título da Copa do Brasil vencendo o Internacional nos dois jogos. É apenas uma conquista importante a mais nestas últimas duas décadas: foi também campeão brasileiro em 2001; finalista da Copa Libertadores em 2005; e campeão da Copa Sul-Americana em 2018. Ok, teve também a Copa Levain (antiga Suruga), vencida sobre um pato japonês no início deste ano, mas que rendeu visibilidade e muita grana. E, de lambuja, outra final da Copa do Brasil, em 2013.

Em 2020, os paranaenses disputarão sua sétima Libertadores. Ah, a Arena da Baixada foi um dos 12 palcos da Copa do Mundo de 2014.

18 de setembro de 2019. Enquanto uns sorriem outros choram de dor, já diz a velha música sertaneja. O Goiás joga na Serrinha e sofre para vencer o Cuiabá, pela semifinal da Copa Verde. A torcida vaia a equipe mesmo com a vitória (magra) por 1 a 0 e pede a saída do diretor de futebol Túlio Lustosa e do presidente Marcelo Almeida. O time é um amontoado em campo e está na iminência de entrar na zona do rebaixamento à Série B do Brasileiro.

Desde aquele longínquo 1998, o Goiás conquistou o 3º lugar do Brasileiro de 2005 e uma participação honrosa na Libertadores do ano seguinte. A única, apesar de o canto da arquibancada dizer que é “a Taça Libertadores é obsessão”. Teve também o “quase título” da Sul-Americana em 2010 e a vexaminosa “quase ida” para a Libertadores/obsessão em 2013.

Não podemos esquecer que o Estádio Hailé Pinheiro ganhou um tobogã e já serve para jogos do Campeonato Goiano e das primeiras fases da Copa do Brasil. Ou seja, serve para a mesma coisa de antes. Mas a arena vem aí.

Por outro lado, o Verdão amargou três rebaixamentos e seis anos na Série B. No mais, seus dirigentes passaram estes 21 anos se queixando da Lei Pelé e murmurando que “o futebol ficou muito caro”, que não dá para competir com times como Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Flamengo.

Parece que, ao contrário dos serrinhistas, o Athletico não pensa assim. Ganhou do Flamengo nas quartas-de-final e do Grêmio nas semifinais da Copa do Brasil. Vendeu o lateral-esquerdo Renan Lodi para seu xará de Madrid por 20 milhões de euros no início do ano e ganhou, com o título desta quarta-feira, algo equivalente ao orçamento anual da Serrinha.

Neste tempo todo de tantas mudanças entre os destinos dos dois clubes, com a ascendência de um e a decadência de outro, uma semelhança: tanto Goiás como CAP continuam tendo o mesmo manda-chuva.

Aqui, Hailé; lá, Mário Sérgio Petraglia. A diferença talvez seja a forma de pensar o futebol e o mundo que o cerca, né? Uns flertam com o mundo feudal e seus vassalos; outros, com a inteligência artificial e a exata noção de importância da evolução da marca.

A Lei Pelé foi a mesma para todos. Mas nem todos se deram mal, como se pode ver neste breve exemplo. Não vou cumprimentar o Club Athletico Paranaense pelo título e por sua estrutura. Vou é aproveitar toda a fúria contida para xingar o Kevin, aquele bode expiatório ali do outro lado do alambrado.

Afinal, depois de olhar esses 21 anos em perspectiva, resta pouca coisa ao esmeraldino a não ser descarregar um pouco da raiva e do rancor, da inveja e do cinismo, daquilo que poderíamos ter sido e não fomos.

Te invejamos, sim, Furacão!